A COLUNA - O FIM


Sentem o vizinho subir novamente as escadas e a porta a fechar-se.  

Não ouvem mais nada... Silêncio por completo....

Eles também não falam.  

Mara está surpreendida pela ousadia do individuo, mas o João está furioso, tão furioso que ergue a mão a pedir silêncio.

Quando finalmente fala, fá-lo com aquele tom que não admite discussões.

" Nem uma palavra sobre isto na tua coluna! Desvia as atenções para o teu menu vegetariano, descobre mil maneiras de decorar a mesa... não quero saber! mas lançar para o ar rumores... NÃO!!!! Chega, Mara."

Pega no casaco e é agora ele quem bate com a porta.

Mara fica no meio do corredor a tentar definir o estado de espírito... 

Espantada? Abismada? Aterrorizada? Não, porquê?

Conhece bem o João; sabe que ele precisa apenas de desanuviar e quando voltar, até pedirá desculpa pelo sucedido.

Suspira e volta a sentar-se em frente do computador.

Afinal, tem uma coluna para escrever.   

Mas as palavras do João fazem todo o sentido e segue o conselho.

Hoje, fala sobre as perguntas que vai fazer à nutricionista e à instrutora de yoga.

Dos videos, dos livros que já consultou sobre o assunto...

Amanhã, ninguém se vai lembrar da discussão dos vizinhos do andar de cima.

Apenas eles, pois recomeçam a discutir e a Mara decide colocar os headphones para se concentrar totalmente no que está a escrever.

FIM



Comentários

Larissa Santos disse…
Importa é que todos se entenderam. Gostei:))

Do nosso amigo, Gil António, com: Amor Fogueado em Chama

Bjos
Votos de um óptimo feriado
Os finais acabam quase sempre bem, lool


Outono impiedoso.
Beijos - Bom feriado...
Sofá Amarelo disse…
Sei bem das questões que rodeiam a produção de uma coluna pois também o faço pelo menos uma vez por mês... e os textos vão acumulando-se, uns já finalizados, outros em rascunho. Um está pronto, mas logo surge algo mais actual e o primeiro fica para trás, talvez até no esquecimento pois outros temas se sobrepõem... tiveste uma excelente percepção do que é realmente uma coluna...
Agostinho disse…
Viva, Marta, ideias não lhe faltam, p'ra coluna. Uma engraçada seria metendo caloiros e cervejas a moer o juízo à vizinhança.
Afinal, não houve puto de problema.
Grave seria a coluna que sustenta o andar colapsar. Mas há que ter cautela não vá aparecer um cinturão negro acabado de fugir da psiquiatria.
Vou à próxima.
Bj, Marta.

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