JACINTO - PARTE III


" Pronto! Já está! " digo e o miúdo olha-me sorridente.

" Não é melhor ires para casa? A tua mãe não estará preocupada?" pergunto, mas não obtenho qualquer resposta.

Ele continua a olhar-me e percebo que está feliz. 

Feliz porque esteve a fazer um monte de folhas? Estranho! penso, mas sorrio também.

" O Senhor desculpe..." diz uma voz por trás de mim.

Viro-me e vejo uma senhora loira, com um ar aflito encostada ao portão.

" Viu um menino ruivo com uns calções azuis e uma T-Shirt Branca?"  continua com a voz alterada.

Nesse instante, o miúdo espreita também e a senhora relaxa.

" Oh, Francisco! Tenho andado à tua procura! Não podes fazer mais isto!" e quando lhe abro o portão, entra e ajoelha-se em frente do miúdo.

Dá-lhe um forte abraço e depois um pequeno safanão.

" Não podes fazer mais isto!" repete e eu explico:

" Encontrei-o aqui com outros miúdos a brincarem neste monte de folhas. Os outros fugiram, mas ele ficou a ajudar-me. Ele não respondeu às minhas perguntas, caso contrário já o teria levado a casa."

CONTINUA

Comentários

Sofá Amarelo disse…
A situação adensa-se e há muitas famílias que em silêncio passam por situações idênticas... o dia-a-dia também é feito de silêncios e de carinhos...

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