JACINTO - PARTE II


Preciso de cortar a relva, mas primeiro varro. 

Há um canteiro com ervas aromáticas e outro com rosas.  

Há um outro canteiro que parece estar vazio; amanhã tenho que perguntar se posso plantar qualquer coisa.

Talvez amores perfeitos... Ou rosas de outra cor....

Faço um monte com as folhas perto do portão das traseiras que dá para o parque.  Saio por lá; gosto de passear pelo parque, às vezes fico a conversar com os jardineiros.

No dia seguinte, encontro uns miúdos a brincar no monte de folhas.  O muro é baixo e devem ter saltado.

" Ah, pestes! Fora daqui!" grito mesmo de antes de abrir o portão.  

São quatro e devem ter uns 8, 9 anos e olham-me divertidos.  Riem-se e saem pelo portão a correr.

" E não voltem!" digo e só então é que reparo que um deles ainda está sentado no monte de folhas.

" Não me ouviste? Vai-te embora!" mas o miúdo apenas sorri e não obedece. Levanta-se quando me aproxima, mas não fala.

" Agora tenho que juntar as folhas novamente! O que é que vocês aprendem na escola? Não respeitam o trabalho dos outros?" resmungo e começo a juntar as folhas.

Fico surpreendido quando o vejo fazer o mesmo.

CONTINUA

Comentários

Daniel Costa disse…
Marta
Com miúdos rapazes, nem o diabo quer nada com eles, mas é a pequena história da grande história.
Bjs
Sofá Amarelo disse…
Um cenário muito bem contado e bem descrito... de uma situação de que não é fácil falar quanto mais escrever... fico curiosíssimo para saber o desenrolar de uma situação que muita gente quer ignorar em vez de tentar perceber...

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