PAPEL PRINCIPAL

Tentei escrever qualquer coisa diferente.
E, quando tudo falhou, tentei escrever sobre a chuva.
Porque está uma noite de chuva e estou sozinha.
Neste palco, só existo eu, a luz do candeeiro e a chuva, que disseram, desaparecia esta noite.
Entreteria outra gente noutro local que não a minha janela.
Chamei-lhe, uma vez impiedosa; noutra, agradeci-lhe por ter ocultado as minhas lágrimas.
Hoje não sei o que lhe chamaria ou o que lhe agradeceria.
Hoje, estou cansada e doente e nem de ti quero falar.
Por isso, hoje vou fechar a luz mais cedo e se a chuva resmungar, deixa.
Nem sempre temos o papel principal.
Foto de José Ramos, "À procura de almas" (Olhares)
Textos protegidos pelo IGAC - Cópias, totais ou parciais, proibidas
Textos protegidos pelo IGAC - Cópias, totais ou parciais, proibidas
Comentários
Entretanto, uma boa notícia: o sol está aí e parece que veio para ficar uns dias...
Boa semana, beijos.
também é bom "... ouvir o cair da chuva e fazer da sua melodia o meu lamento".
um beijo, marta
Beijito.
E aí, regressarás ao papel que é teu por direito e num tempo propício (quente e seco) à representação de paixões incendiárias...
Beijos e sorrisos.
Um beijo, Marta.
Achei interessante a crónica, é evidente que nem sempre temos o papel principal, mas nunca será demais frisar.
Talvez por defeito de oficio procuro sempre saber o nome do autor, presumo sejas tu, por textos protegidos.
Beijos
Daniel