MATIAS
Não me lembro bem do Edgar em bebé; tinha dezasseis meses e andava, segundo diz o Miguel, a explorar o Mundo e as pessoas.
Um dia, instalaram uma outra cama de grades no meu quarto e o Edgar passou a dormir lá.
De vez em quando, acordava-me aos berros, a Mãe acorria, o Pai perguntava o que é que ele tem, talvez seja uma cólica, respondia a Mãe.
Outras vezes, olhava-me fixamente e fazia-me caretas.
Eu também fazia caretas, mas não sei porquê, ele ficava assustado e berrava novamente.
Nessa altura, aparecia a D. Margarida ou a Filipa e olhavam para mim, o que é que lhe fizeste, Matias? mas eu apenas sorria inocente.
Eu já corria a casa toda, sei que isso intrigava o Edgar que caia sempre que tentava pôr-se de pé.
Talvez seja por isso que tenha aprendido a andar de um dia para o outro, para me seguir, imitar-me e provocar alguns desastres e berreiros infernais.
A Filipa ficava desesperada, tenho exames, D. Margarida e não posso estudar com estes dois aos berros! explicava, mas como não sabia o que era um exame, prosseguia na minha exploração do Mundo.
Um dia, a Mãe deixou-me numa sala cheia de meninos com uma rapariga muito sorridente chamada Rita.
Ela não se deixava enganar com o meu ar pacifico, tinha regras que eu tinha que cumprir, aliás, todos os meninos da sala.
Não gostei muito ao princípio, mas em breve, conquistei a lealdade dos outros meninos e tornei-me o Rei.
O Matias tem uma personalidade bem vincada, domina a sala, todos lhe obedecem, explica a Rita à minha Mãe.
Também domina o irmão mais novo, ri-se a Mãe, quando os dois estão juntos, nunca sabemos o que vai acontecer. Mas é melhor assim; serem vivos, curiosos.
A Rita ri-se também, mas não fica muito contente quando derrubo um dos caixotes com brinquedos e há uma luta entre os meninos.
Ficamos todos de castigo, não vamos para o jardim e está um dia tão bonito!
A Rita está distraída, a porta está aberta, será que consigo passar e atravessar o corredor?
CONTINUA
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Abraço e saúde