O HUMOR
Após o acidente e os meses de fisioterapia, o Bernardo não estava à vontade para conduzir.
Mas as reuniões terminavam tarde, está dependente da boa vontade dos outros ou tinha mesmo que chamar um Uber.
Por isso, um dia, alugou um carro e conduziu até casa da Mãe na cidade vizinha.
Respeitou os limites da velocidade, teve cuidado com as ultrapassagens e chegou ileso.
A Mãe e o Bruno brincaram com o facto, o Bernardo respondeu bem humorado e a única nuvem negra naquele jantar foi perguntarem-lhe pela namorada.
O Bernardo encolheu os ombros e deu uma resposta vaga, desviando o assunto para águas mais seguras.
Afinal, tens ou não tens namorada? pergunta-lhe o Major no dia seguinte.
Continuam amigos, o Bernardo confia mais nele do que no próprio Pai e o Major retribuiu a confiança, convidando-o para padrinho da filha mais nova.
Ter, tenho, explica o Bernardo, mas a Rosário diz que ainda é muito cedo para conhecermos as respectivas família. Por causa do que aconteceu com o irmão; namorou vários anos com uma rapariga, as famílias já saiam juntas e de um momento para o outro, terminaram e foi complicado.
Compreendo, afirma o Major, mas a tua Mãe vai ficar desconfiada, pode ir até lá e vocês estarem juntos. Será um momento um pouco estranho, tens que admitir.
O Bernardo suspira, o Major tem toda a razão, a Mãe vai desconfiar e não vai descansar até saber tudo.
Não, não, repete a Rosário, estamos muito bem assim, sem interferências da família. A minha também me faz essas perguntas.
Ok, fazemos como tu queres, o Bernardo sente-se derrotado, mas, um dia teremos que admitir que estamos juntos.
A Rosário encolhe os ombros, ainda não têm a certeza de nada, conheceram-se há poucos meses, estão a conhecer-se.
O Bernardo é um pouco reservado, só há pouco deixou de ter pesadelos com o acidente, sobre o qual se recusa a falar.
Mas quando se descontraí, geralmente quando conhece bem as pessoas, consegue ser muito divertido, com um humor um pouco negro.
CONTINUA
Comentários
Abraço e saúde
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Beijos. Boa noite!