A FUGA - PARTE III

 

A Polícia pouco ou nada tem a acrescentar.

Não há nada suspeito nos extractos bancários; se o Frederico, e o Inspector frisa o " se ", cometeu fraude, o dinheiro foi directo para uma conta secreta num paraíso fiscal.

É inútil, Pai, repete o Francisco quando o Major lhe conta a conversa, o meu irmão não quer ser encontrado e fez tudo para que isso acontecesse.

Não posso aceitar, tenho que encontrar uma explicação, diz o Pai, não posso enterrar isto na areia!

Estou tão surpreendido, tão revoltado como o Pai, observa o Francisco, não sei se algum dia lhe vou perdoar, mas tenho que seguir a minha vida! Tenho que pensar no meu filho, talvez esteja a ser egoísta, mas é o que tenho a fazer. O Pai também tem que pensar nas suas filhas!

O Major suspira, em parte, o filho tem razão, há outras pessoas que dependem deles.

O verdadeiro egoísta foi o Frederico; pensou apenas em si.

A nora telefona-lhe nessa noite, o Tomás está sempre a perguntar pelo Pai e ela não sabe como responder.

Não é que o Frederico tenha sido um pai muito presente, comenta, mas tinha sempre muito imaginação, sabia como o divertir. Deixou para mim o papel da chata, ri-se.

Pois, a situação é complicada, mas tens que lhe dizer qualquer coisa, concorda o Major, diz que está a viajar e não sabes quando volta.

Já disse isso, mas o Tomás está a achar que está a viajar há muito tempo, queixa-se a Catarina, é muito novinho para perceber que o Pai fugiu e deixou o nome sujo na praça.

O Major volta a suspirar, o Francisco também se queixou de uma certa distância por parte dalguns amigos, mas não vou mudar de nome por causa da estupidez do meu irmão, afirma.

Continua a dizer isso, não vejo outra solução, continua o Major, não tenho esse problema com a Mariana e a Márcia, elas não o conhecem bem. Acho que ele só vou a Mariana em bebé e foi porque estávamos em tua casa!

No outro lado do mundo, eu preparo-me para trabalhar. Não preciso de fato e gravata, posso usar uma camisa de manga curta e optei por calças de linho.

Vou trabalhar até às quatro da tarde, depois vou fazer surf ou velejar, ainda não decidi.

O tempo aqui decorre devagar, todos parecem felizes e eu estou encantado.

Nem penso na família que deixei para trás. São todos tão aborrecidos, até o Francisco, que foi sempre o meu grande companheiro, está diferente.

Desde que a Maria o abandonou e o deixou com o miúdo, tentei que ele o entregasse aos sogros, mas fiquei admirado quando ele bateu o pé.

É MEU FILHO! gritou, e vou ficar com ele! Não voltas a dizer isso, estamos entendidos?

CONTINUA


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