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A mostrar mensagens de junho, 2023

O ASSALTO FIM

  Os médicos dizem que podem ser do trauma, que a Filipa recuperá a memória, mas a Polícia não fica nada satisfeita com o interrogatório. Não têm qualquer pista, os amigos até ficaram surpreendidos com a sugestão da Filipa estar a ser seguida, alguém a seguir a Filipa? É uma médica tão humana, uma amiga tão dedicada, que absurdo! Na clínica, a reacção foi igual e a Polícia encontra-se num beco sem saída. Agora, o que é que acontece? pergunta a Inês, tem que partir no dia seguinte, mas promete telefonar todos os dias. O Miguel encolhe os ombros, teremos que esperar que a Filipa recupere a memória, comenta, provavelmente, terão que fazer a reconstituição do acontecimento quando ela sair do hospital... talvez ela se lembre. Mas a Filipa lembra-se do que aconteceu e quem a atacou, só que não quer falar do assunto com ninguém. É estupidez, recrimina-se, mas não tem coragem para o denunciar, por isso, resolve procurar um outro apartamento, desculpa-se com o novo horário na clínica que vai as

O ASSALTO PARTE V

  A D.Margarida instala-se no quarto perto da cozinha, a Inês ajuda-a a transformá-lo num espaço mais acolhedor e iniciam-se as limpezas no apartamento da Filipa. A Carolina já a visitou, falou-lhe docemente, mas a Filipa não reagiu e apesar do Mateus lhe assegurar que ela está estável, a Mãe continua bastante preocupada. Como prometido, o Edgar vem passar o fim de semana a casa e os recém casados chegam exuberantes, felizes. Nem querem acreditar no que aconteceu, mas porque é que não nos telefonaram? protesta o Matias, tínhamos apanhado o primeiro avião! Oh, idiota, e isso ajudava em quê? reclama o Edgar, vais andar atrás do intruso??? Nem sequer sabemos quem é??? A Polícia já disse alguma coisa? interroga o irmão mais velho que abana a cabeça. Não, responde o Miguel, diz que tem várias pistas, mas não diz mais nada para " não comprometer a investigação", explica. Cá para mim, ele não está a fazer nada, interrompe a Inês, não gostei nada daquele Inspector. Falei com o Telmo

O ASSALTO PARTE IV

  A Polícia aparece às sete em ponto, a família responde às perguntas feitas, mas não gostam da insinuação feita. A nossa irmã é espancada e a culpa é dela? protesta a Inês quando o Inspector Gaspar os deixa, suponho que sejam as chamadas perguntas de praxe, interrompe a Carolina, se bem que tenha ficado magoada. A irmã Teresa chega, traz o jantar e enquanto os  filhos ficam na cozinha a preparar tudo, as duas conversam na sala. A Carolina chora angustiada, a filha ainda não acordou, os médicos dizem que estão a fazer mais testes, e a Polícia tratou a Filipa como culpada, remata. Que disparate! diz a irmã, se calhar, foi um utente desesperado por drogas que a atacou, mas segui-la até casa, pensa...Já falaram com os amigos dela? continua. A Filipa passou o dia com eles, conta a Carolina, estava muito bem disposta, só não ficou para jantar, porque o Mateus ficou de entregar os miúdos por volta das 09h. A Polícia já libertou a casa, temos que a arrumar, mas ainda não tive coragem de desce

O ASSALTO PARTE III

  O filho aconselha-a a tentar, a Mãe está exausta e não ajuda ninguém se adoecer, diz e a Carolina fecha-se no quarto. Chora até à exaustão, adormece ainda vestida e acorda sobressaltada, como é que está a Filipa? é a primeira coisa que pensa e procura o telemóvel. Tem um SMS curto do filho a dizer que a irmã está estável, continua em coma e que não aconselham visitas, descansa, recomenda. A Carolina ouve vozes vindas da cozinha, vê as horas, já passa das duas da tarde e levanta-se. Toma duche, veste roupa limpa e já no corredor, reconhece a voz da filha mais nova, decerto a organizar uma brincadeira com os sobrinhos. Mãe, grita a Inês quando a vê e dá-lhe um grande abraço, os sobrinhos seguem-na e a Carolina sente-se sufocada, tem que rir. A D.Margarida brinda-a com um grande sorriso, tem que comer alguma coisa, sugere-se, fiz panquecas para os meninos, mas posso fazer uma omelete? A Carolina abana a cabeça, aceita as panquecas, precisa de café forte e a Inês decide levar os meninos

O ASSALTO PARTE II

  É melhor não tocar em nada, avisa o Mateus, teremos que avisar a polícia, mas onde é que está a Filipa? pergunta a Carolina, procurando o numero da filha no telemóvel. Continua a ir para o voicemail, comenta uns segundos depois, o ex-genro encolhe os ombros, vou procurar lá dentro, diz, é melhor ficar aqui com os meninos. Avança pelo corredor, há vidros espalhados pelo chão, sente uma corrente de ar, alguém deixa uma janela aberta, terá sido por aí que fugiram? pensa. A porta do quarto da Filipa está fechada, o Mateus abre-a cuidadosamente e depara com a ex-mulher no chão, meia despida e inconsciente. O Mateus vê de imediato que foi espancada brutalmente, verifica o pulso, respira, mas o Mateus receia que haja danos nas vias respiratórias. Apressa-se a voltar para a sala, a Carolina está inquieta, então? pergunta e o Mateus faz-lhe sinal para o seguir. Encontrei a Filipa, está inconsciente, alguém a espancou, explica e prende-lhe o braço, não, Carolina, é melhor não entrar no quarto

O ASSALTO

  Com o Matias casado, a casa vai ficar ainda mais vazia, suspira a Carolina naquela noite e a D.Margarida volta a sentar-se, já devia ter saído, mas a senhora parecia tão triste. Mas a menina Filipa mora no andar debaixo, diz, e raro é o dia em que os netos não estão cá. A Carolina sorri, lá isso é verdade, eles enchem a casa, mas é diferente, volta a suspirar e ficam as duas caladas. Passados uns minutos, a D.Margarida despede-se e vai-se embora, a Carolina fica sentada mais uns minutos. Vai para a sala, liga a televisão, mas decide ler e o livro é tão interessante que já passa das dez da noite quando decide comer alguma coisa. Sobressalta-se quando ouve a campainha, mas quem é a esta hora? murmura, acende a luz do hall e pergunta " quem é?" Somos nós, avó, respondem as vozes dos netos, a Mãe está aí? Não atende, e a Carolina apressa a abrir a porta. O Mateus sorri-lhe, estamos fartos de tocar, explica, o porteiro deixou-nos entrar. Pensei que ela estivesse aqui... Não, res

NÚRIA FIM

  Resolvo marcar um quarto no Hotel onde a recepção vai ser organizada para evitar confusões em casa, dizemos aos convidados para irem directamente para a Igreja. A cabeleireira dá os últimos retoques, a maquilhadora também e a Mãe tira cuidadosamente o vestido do invólucro e a Glória dá um pequeno grito. É lindo, diz quando recupera a voz, podia ter um pouco de bordados, o decote e a cauda serem maiores, critica e a Mãe ri-se, estás sempre do contra, comenta. Descemos, as pessoas que estão no hall do Hotel aplaudem, agradeço com um sorriso e entro na limusina. A Igreja está linda, cheia de flores rosas e brancas, a cerimónia é comovente, o Matias aperta-me a mão. A recepção decorre muito bem, o menu é muito elogiado e o ponto alto é a subida da Inês ao palco. Como sempre, o vestido é extravagante, nunca resultaria em mim, mas resulta nela, é a imagem dela. Preparei uma canção, a letra é da minha autoria e pedi a um amigo para compor a música, anuncia, espero que gostes, mano, claro qu

NÚRIA PARTE V

  A questão do vestido e do catering está resolvida; a pedra no sapato é a viagem, o Matias avisa-me que também vai viajar com os amigos e a Glória não aceita um " não". Vamos para Palma de Maiorca, o programa está já decidido, mas ninguém conta que eu sofra um golpe de calor e considere ficar no Spa do Hotel o resto do tempo. Que frágil tu és! queixa-se a Glória, espero que o Matias não te leve para um sítio tropical, só vais ver o Hotel! As outras concordam, querem ficar também no Spa, mas eu não deixo, adoro estar sozinha a desfrutar do Spa e da piscina interior. Só saio ao fim da tarde, janto com elas nos restaurantes que seleccionam e tento realmente divertir-me, mas não acho graça a nada do que elas planearam. Elas regressam eufóricas, eu dou graças a Deus por ter terminado, estou-lhes grata por terem organizado a viagem, confesso ao Matias mais tarde, mas era calor demais, comida a mais. O Matias riu-se, então, a minha viagem deve ter sido melhor, diz, não, não te vou

NÚRIA PARTE IV

  Eu e a Tia Teresa chegamos a acordo, quero ter um menu simples, mas elegante. Estou satisfeita quando nos despedimos à saída da loja, encontro uma verdadeira revolução no apartamento. Há folhetos espalhados na mesa, caixas de pizza e várias garrafas de vinho no balcão da cozinha e a minha irmã grita quando me vê. Aqui está a noiva, diz para a assembleia, reconheço a Matilde e a Lúcia, as minhas melhores amigas e a Glória convidou também a Flávia e a Maria José. Estamos a discutir a tua viagem de noiva, esclarece a Matilde e pega-me no braço, obriga-me a sentar no sofá, estamos indecisas entre a Madeira ou Palma de Maiorca. Sim, tem que ser um sítio com praia, concorda a Lúcia, passar os dias na praia e à noite, explorar os bares e os "guapos". Viagem de noiva??? repito, mas o que é isso? e a Glória suspira, mas tu andas com a cabeça na lua???? Não sabes o que é? Por amor de Deus!!! e as outras riem. Explicam pormenorizadamente os detalhes, está decidido, vamos a Palma de Ma

NÚRIA PARTE III

  Suspiro, mas porque é que toda a gente continua a falar da festa de noivado???? protesto, ok, sei muito bem que foi um fiasco e peço desculpa por isso, mas chega, aprendi a lição! Aprendeste? repete o Matias muito seco, continuas hesitante, pareces uma barata tonta sem saber para que lado ir e fecha-se no escritório. Fico no meio da sala, sem saber o que fazer, devo ir atrás dele e esclarecer tudo? mas acabo por não ir e passamos o resto da noite amuados. A partir daí, desinteresso-me de tudo e a vendedora da loja de noivas deve ter desesperado com uma noiva tão amorfa. Mas, afinal, o que é que tu queres? a Glória está desesperada, a vendedora está cansada, deve estar a pensar o mesmo que a minha irmã. Não sei, respondo e volto a vestir-me, a vendedora volta, traz um outro vestido, mas eu abano a cabeça, não vou provar mais nada. Na rua, a Glória segura-me o braço, obriga-me a parar, queres fazer o favor de me explicar o que se passa? Deixaste o Matias decidir tudo, a data, a viagem

NÚRIA PARTE II

  O Matias não responde, mas percebo que não ficou muito feliz, seria de bom tom acederes ao pedido dele, comenta a Glória, é tia dele e tenho lido boas críticas sobre a loja e o serviço de catering dela. Agora não posso voltar atrás, protesto, e não tenho que seguir as regras da família e a Glória abana a cabeça, às vezes, és uma pessoa complicada! A festa de noivado é um fiasco, porque o serviço de catering falhou completamente, substituiu um dos pratos escolhidos, não contratou pessoal suficiente e demorou imenso tempo a servir. Ninguém comentou o facto, eu é que fiquei humilhada, pois o olhar da minha irmã dizia tudo. O Matias também não diz, não sei o que fazer agora, repito e a minha Mãe suspira, fala com a tia dela, sugere, ela deve ter várias ementas e nem todos os clientes dela pedem menus vegetarianos! A tia Teresa convida-me para almoçar na cafetaria da loja, o ambiente é agradável, cheira a especiarias. A tia reservou uma mesa num cantinho, servem-nos uma quiche e um sumo

NURIA

Confesso que fiquei um pouco assustada quando o Matias me convidou para a festa de anos da Mãe. Sei que ele tem duas irmãs, dois irmãos, a Mãe trabalha com ele na loja, conheci um dia que fui ter com ele ao fim da tarde, pareceu-me uma senhora elegante, discreta, com um olhar muito triste. Pensei que seria um jantar íntimo, não estava nada preparada para aquela onda de gente bem-disposta, a falar alto. O Matias apresentou-me a toda a gente, tive algumas dificuldades em memorizar os nomes, mas reparei que a irmã Inês me observava atentamente e sorri-lhe como que a dizer não te preocupes, eu vou cuidar muito bem do teu irmão! A festa foi divertida, não posso negar isso, mas toda aquela euforia cansou-me, a minha família é muito séria, conservadora, austera. Não sei muito bem como conciliar as duas coisas, porque percebi que a família é muito importante para o Matias, especialmente após a morte do Pai num acidente de carro. Terão que chegar a um acordo, diz a minha irmã Glória, como eu fa

AS AVENTURAS DO EDGAR FIM

  A discussão é violenta, a Letícia é malcriada, inconveniente, estou prestes a chamar a polícia, os vizinhos já me estão a bater à porta. Escolto-a até ao átrio de entrada, chamo-lhe um táxi, no dia seguinte, dou instruções ao porteiro para não a deixar entrar, chamar a polícia se for necessário. Procuro um grupo diferente para as caminhadas, volto a fazer treinos de bicicleta, a vida profissional corre-me bem. Conheço novas pessoas, começo a ter uma vida social activa, esqueço-me da Letícia. Tenho namoradas, mas não apresento nenhuma à Mãe apesar das sondagens discretas, quero ter a certeza antes de tomar tal passo. Até ao dia em que o Matias aparece para passar o fim de semana comigo e anuncia que vai casar com a Nuria. Vai haver uma festa de noivado, os Pais dela são um pouco antiquados, explica e eu rio-me, mas nós adoramos uma festa, estamos sempre em festa! O meu irmão ri também, e agora ainda mais, estamos todos a seguir rumos diferentes e por isso, qualquer festa é um motivo p