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A mostrar mensagens de dezembro, 2022

O GINÁSIO

  A minha decisão de abrir um ginásio preocupa o Pai, aterroriza a Mãe e a minha irmã suspira, e vais gostar de estar fechado? Pensei que ias desenvolver o Centro de Aventuras, interrompe o Pai, encolho os ombros, só é viável entre Abril e Outubro, explico, tenho um curso de Ciências Desportivas, estou a pensar em especializar-me em defesa pessoal. A Mãe volta a suspirar, tens a certeza? pergunta, é preciso dinheiro, contactos, sítio adequado? Terei que pedir um empréstimo, o Bernardo encontrou um espaço que é adequado, respondo, e a Rita e o Gonçalo encarregam-se da publicidade. Ah, ri-se a minha irmã, o Gonçalo tem um plano, quem diria que o meu irmão pensa? Tu és uma IDIOTA! grito, o Pai dá uma palmada na mesa que nos faz saltar, basta! Vocês já não tem idade para este tipo de comportamento! Nós vamos conversar sobre o teu plano de negócios, presumo que tens um? Fico surpreendido, o que é isso? penso, vejo que o Pai fica muito sério, já percebeu que estou completamente desorientado.

MADAME X FIM

  O Zé não fica muito satisfeito quando me vê aparecer, o que é que estás aqui a fazer? pergunta, isto pode acabar mal, não confio neste homem! Pois eu também não, respondo, mas quero ter a certeza de que não vais fazer asneira e dar cabo de tudo! Estás parva????  resmunga, não aconteceu antes, não vai acontecer agora! afirma, estou preparado! Encolho os ombros, não é bem verdade, mas a hora não é para discussões, fico preocupada quando percebo que só estou eu, o Zé, o Gomes, o homem de confiança dele e o Madureira presentes. O Zé costuma estar rodeado por vários segurança, a não ser que estejam escondidos em sítios estratégicos, penso, isto é uma armadilha! constato, o que é que tu descobriste, Zé? mas o Vasques chega entretanto e não posso perguntar nada. O Vasques aproxima-se calmamente, o Zé pergunta pelo dinheiro, mas o cliente abana a cabeça, exige ver as armas primeiro. Noto surpresa no olhar dele quando me vê, mas não deixa transparecer nada e isso assusta-me um pouco, é frio,

MADAME X PARTE V

  Acabo por ter uma conversa violenta com o Zé do Vento, também ele mandou seguir o novo cliente, acha que há qualquer coisa estranha no comportamento dele. Não há movimento, contactos, explica, ou pertence a outro gangue e quer tomar conta do território ou é polícia! Estás doido! respondo, temos apenas que investigar mais fundo, não foi o tal Bento quem te deu referências? Não estava tudo correcto? Estava, concorda o Zé, mas o Bento " desapareceu ", ninguém sabe dele! É por isso que acho tudo isto muito estranho. E, já que estás tão preocupada, acrescenta, vais ser tu a telefonar ao Vasques e dizer-lhe o local e a hora do encontro. Eu tenho coisas a preparar, e saí da sala. Suspiro, procuro o numero de telemóvel do Vasques, ele atende quase de imediato, discutimos os detalhes do encontro e no último instante, sou atrevida e convido-o para jantar comigo. O Vasques recusa delicadamente, compromissos familiares, diz e não sei bem porquê, sinto-me magoada. Achas que és irresistí

MADAME X PARTE IV

  Se o Vasques tem algum segredo, o Madureira vai descobrir, a Filomena acha que vou ter problemas, mas eu estou verdadeiramente intrigada pelo homem. Fico desapontada com o primeiro relatório, todos com quem o Madureira falou, discretamente, friso e ele acena que sim, são unânimes: é um homem educado, atencioso, mas mantém a distância. Não sabem no que trabalha, deve estar em teletrabalho, opinam, só saí para ir ao ginásio e fazer compras, acrescentam. E namorada? insiste o Madureira, ah, é possível que tenha uma namorada, dizem, mas nunca a trouxe cá, não sabemos quem é. Achas que isso é possível? pergunto à Filomena que está a conferir um packing list e levanta a cabeça por uns instantes. Pode viver noutro local, sugere, pode utilizar o apartamento como escritório... É melhor esqueceres o assunto, se o Zé sabe que estás tão interessada, vai haver chatices... Tento concentrar-me no trabalho, por volta das quatro da tarde, o Zé entra no escritório, quer saber como estão as " rece

MADAME X PARTE III

  Mas o novo cliente é o primeiro a partir, o Zé do Vento e o restante grupo resolve ir até ao casino, desafiam-nos, mas estamos cansadas e resolvemos ficar em casa. Vejo que a ideia não agrada ao Zé do Vento, sei que vou ser repreendida, mas pouco me importa, estou farta de sorrir, de tentar que gastem ainda mais dinheiro. Até parece que não gostas de dinheiro, comenta a Filomena quando nos sentamos na minha sala privada. Claro que sim, confirmo, mas aquele novo cliente intriga-me. Tenho que encontrar uma maneira de derrubar o " muro". É simpático, bem educado, confirma a Filomena, mas mantém as pessoas à distância. Deve ser implacável nos negócios. Eu gosto que sejam implacáveis, respondo com um leve sorriso, tenho que usar todas as minhas armas! Amanhã, temos que descobrir o que é que ele gosta, ver se o consigo apanhar desprevenido! Deve ser militar, personal trainer, sugere a minha assistente, aquele corpo musculado denota treino militar... Suspiro, amanhã, faço a minha

MADAME X PARTE II

  Quando desço, o grupo habitual já está a tomar o segundo cocktail, falam e riem alto, vai ser uma noite longa, penso. É fácil identificar o novo cliente, está parado no meio do átrio, a brincar com a bebida, mas a observar tudo atentamente. É alto, cabelo cortado à militar, porte atlético, à primeira vista, parece arrogante, quem és tu na verdade? murmuro, vou adorar descobrir quem és. Ah, Mónica, este é o nosso novo cliente, apresenta o Zé, o Sr Vasques, e ele brinda-me com um sorriso irónico. Como está? e estende-me a mão, sorrio também, um prazer, temos muito que conversar, acrescento, mas não hoje, goze a noite, e afasto-me, tenho que falar com o pessoal do catering, sussurro e desapareço no corredor. Ups! O que se passa? pergunta-me a Filomena, a minha assistente, está tudo controlado, o jantar vai ser servido dentro de dez minutos. Nada de especial, respondo, viste o novo cliente? Quem, aquele fulano de fato azul que parece um militar? repete a Filomena. Achas que ele é militar

MADAME X

  Tive muitos nomes, mas o meu nome verdadeiro é Ana Cristina. Fiz a escolha errada, a verdade é que gosto do perigo e subi a pulso. Comecei como correio, paguei os meus estudos e os dos meus irmãos que hoje não me falam. Seduzi homens para obter informações e favores, mas não gostei de nenhum e tolero o Zé do Vento, porque é um bom operacional, tem experiência no ramo e ensinou-me muito sobre a rede. Não fiquei muito satisfeita quando ele me disse que convidou o novo cliente para o jantar. O que é que sabemos sobre ele? protesto, tens a certeza de que podemos confiar nele? O tipo novo, o Bento diz que o conhece e investiguei as credenciais dele, responde o meu Chefe, há um ou dois aspectos que tenho ainda que confirmar, mas estamos seguros. Espero bem que sim, interrompo, temos uma operação muito delicada em curso, não podemos ter ninguém a atrasar-nos! O Zé do Vento sorri ironicamente, não vai haver atrasos! exclama, confia em mim! Descansa, põe um sorriso nessa cara e desce. Faço um

O CASO FIM

  No hall, estão já várias pessoas que param de conversar e observam-no com atenção. O Meireles sorri e aceita um cocktail que o empregado lhe oferece, olha em volta, toma nota mentalmente dos detalhes. Abre-se uma porta, aparece o Zé do Vento todo sorridente, cumprimenta à direita e à esquerda, aproxima-se finalmente do Meireles, que bom ter vindo! Vou apresentar-lhe algumas pessoas, convida. O Meireles sorri, segue-o, tenta apreender o máximo de informação, vai passar uns dias interessantes a deslindar esta rede. O Zé do Vento olha para o relógio, a nossa anfitriã deve estar a descer, diz, as mulheres demoram tempos infinitos a decidirem o que vão vestir, e todos riem polidamente. Sente-se uma porta a abrir, alguém aparece no cima das escadas, todos se voltam para lá. É uma mulher alta, elegante e sexy num vestido preto justo, tem cabelo ruivo preso no topo da cabeça e um sorriso perfeito. Desce tão rápido quanto os sapatos altos lhe permitem e o Meireles observa-a discretamente. Con

O CASO PARTE VI

  O Meireles reúne-se com as Chefias na tarde seguinte, dizem-lhe que o Bento teve uma crise nervosa naquela noite e está internado numa unidade hospital. A esta altura, explica o Chefe, já o gangue está ao corrente, fizemos circular a informação nos locais que ele frequenta. E, o Meireles, já fez alguns progressos? O Meireles resume os acontecimentos, fala no jantar no dia seguinte, o Chefe acha que devem actuar nessa altura, o procurador e o sargento discordam. Só quando eu for levantar as armas, interrompe o Meireles, tenho quase a certeza de que o encontro não vai ser naquele armazém e será mais vantajoso apanhar o máximo de pessoas ligadas à rede.  Também acho, concorda o procurador, o Meireles vai ao jantar, tenta conhecer o máximo de pessoas, descobrir o máximo de detalhes. Quando se confirmar a transacção, estipulamos um plano de ataque. O Chefe acaba por concordar, tenha cuidado, Meireles, recomenda quando o sargento se despede, telefone-me quando terminar o jantar, a qualquer

O CASO PARTE V

  Temos que pensar numa história e retirar o agente Bento da operação, repete o Meireles no novo email que manda às Chefias, ele está tão nervoso que poderá prejudicar o desfecho. Quem sabe se não estão ao corrente da história do colega e não utilizaram isso para o fazer ceder? acrescenta. Continua a pensar que foi um erro terem confiado uma missão tão delicada a um agente tão inexperiente, como é que vou contornar a situação? pensa o Meireles enquanto se prepara para o encontro às quatro horas. Agora não é só a vida dele que está em perigo, é a minha também, murmura enquanto estaciona a moto no parque abandonado. Não há carros estacionados, há um portão aberto, o Meireles hesita, não sabe se deve ou não entrar, decide arriscar. Há uma carrinha sem matricula e vidros escuros, o Meireles reconhece o homem que está encostado e que lhe faz sinal para entrar. O Meireles avança, observa o espaço, toma nota dos detalhes, há mais dois homens colocados em pontos estratégicos e vê ao fundo do p

O CASO PARTE IV

  Suspira, toma nota mentalmente para falar com a Madame, têm que averiguar quem este homem é e propõe que se encontrem amanhã, às quatro da tarde na zona de armazéns, no Parque Central, junto à doca, sabe onde é? pergunta o Zé do Vento. O Meireles acena que sim, sim, está familiarizado com a zona, não é a primeira vez que concluí negócios deste tipo. O Zé do Vento levanta-se, dá por concluída a reunião, aperta-lhe a mão, fique, convida, as bebidas são por conta da casa, alguém já vem falar consigo e afasta-se. Nem dez minutos, aparece uma rapariga vestida extravagante que se senta no lugar desocupado pelo Zé do Vento e sorri abertamente ao Meireles. O Meireles sorri também, já percebeu o jogo, é cortês, educado, mas na altura de dizer não, expressa-o com autoridade e a rapariga, que diz chamar-se Márcia, se fica surpreendida, esconde-o bem. Foi bem treinada, confessa o Meireles ao agente Bento quando já estão a caminho de casa, sabes quem ela é? Sim, é como se fosse o braço direito do

O CASO PARTE III

  Antes de se encontrar com o agente Bento nessa noite, Meireles envia um email às Chefias, fez o primeiro contacto, vai ao bar conhecer os suspeitos, tentar descobrir qual a melhor maneira de os abordar. Acrescenta ainda que pensa que o agente Bento está a sofrer de " burnout", terá que sair para que a operação não falhe, temos que pensar numa história plausível para justificar a saída dele. Vê as horas, decide ir de moto, é um risco bem sabe, mas ninguém pode duvidar da credibilidade dele. O bar é luxuoso, só para membros, é exclusivo, explica o Bento que se senta ao balcão com ele, mas evita dar mais informações quando o barman se aproxima. Meireles deduz que há camaras e microfones espalhadas, tenta identificar os locais mais óbvios, o Bento cruza e descruza as mãos. Tenha calma, murmura, isso vai denunciá-lo, e o agente sorri, suspira quando a porta do fundo do bar se abre, saem três homens todos vestidos de preto. O do meio é o Zé do Vento, sussurra o Bento, atenção ao

O CASO PARTE II

  Meireles acha curioso o nome de códigos dos suspeitos, mas não há muita informação. Ao que parece, a Madame X é a cabecilha, mas não têm a certeza absoluta, uma vez que o Zé do Vento tem igualmente poder na organização. Meireles suspira, tem muito que organizar, compreende agora porque o chamaram e lhe pediram para se infiltrar. Pensam que o agente que está a trabalhar na organização pode ser descoberto a qualquer momento, no fundo, querem que ele agite as águas. Como? murmura o Meireles, aparecendo como comprador, exigindo que seja o agente infiltrado a ponte entre ele e a organização. O Meireles deu provas que sabe conduzir este tipo de trabalho, disse o Chefe, sei que pensava descansar um pouco, o outro caso foi um pouco violento...mas precisamos de si! E aqui estou eu a tentar deslindar um outro caso bicudo, confessa baixinho o Meireles, a primeira coisa a fazer é conversar com o agente infiltrado e delinear um plano. Construir uma história plausível para ele conhecer a famosa Ma