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A mostrar mensagens de outubro, 2019

JANTAR MISTERIOSO - PARTE VI

Letícia fica a olhar para o telefone, não acredita no que ouviu. Mas quem pensa o Gustavo que é para lhe falar assim? Como se lhe estivesse a dar uma ordem e ela tivesse que obedecer! Ok, até foi bom vê-lo após tantos anos, mas alterar a vida dela só porque ele o diz? Nem o Amadeu faz isso, muito menos um arrogante como o Gustavo parece ser. Por isso, pede à colega para não lhe passar qualquer chamada de um Dr Gustavo Negrão e avisa a portaria de que não está para ninguém com esse nome. Ignora os SMS e as chamadas para o telemóvel e prepara a agenda do dia. É um dia complicado que acaba tarde e a Letícia já não pensa no que se passou ao início da manhã quando entra no parque de estacionamento. Arranca e é quando entra na rotunda que vê que um carro preto a está a seguir. Abranda, talvez queira passar à frente, mas o outro carro ignora a manobra e continua a segui-la. Letícia fica apreensiva, não consegue ver a matrícula e pensa confrontá-lo quando o carro

JANTAR MISTERIOSO - PARTE V

" Adorei ver-te. Almoço 2ª Feira no Luigi às 13h?" diz a mensagem e a Letícia pensa: " Este tipo não regula bem da cabeça... Viu-me hoje pela primeira vez em vinte anos e quer já encontrar-se comigo? " e apaga o SMS. No dia seguinte, almoçaram em casa dos Pais do Amadeu e acabaram por só regressar a casa ao fim da tarde. Letícia sente o telemóvel a vibrar, sinal de que está a entrar um novo SMS e fica surpreendida por ver que é do Gustavo. " Almoçamos amanhã? Vou ter contigo? " e meia hora depois, há um novo SMS. Letícia resolve responder, está a enervá-la, se não respondeu é porque não está interessada, será que não entende? " Obrigada, mas tenho um almoço de trabalho a que não posso faltar." e pensa que o assunto fica resolvido, pois os SMS param. Contudo, ao chegar à empresa naquela manhã, o segurança entrega-lhe um grande ramo de flores. Não tem cartão, mas a Letícia sabe de imediato que é do Gustavo. &qu

JANTAR MISTERIOSO - PARTE IV

Entretanto, o Amadeu regressa do bar, as apresentações são feitas e anunciam o jantar. Os dois casais acabam por se sentar frente a frente e a entrada é servida. A meio do prato principal, o homem que está sentado ao lado de Catarina faz uma observação e a mulher do Gustavo responde. O Amadeu já está a conversar com a senhora que se sentou ao lado dele sobre vinhos (tinha que ser, pensa a Letícia) e o Gustavo esforça-se para chamar a atenção da ex-colega. Não é possível, porque tanto o parceiro da Letícia como o do Gustavo querem falar com ela e a mulher do Amadeu sente-se lisonjeada e conversa animadamente com os dois homens. É só quando retiram os pratos e dizem que o buffet de sobremesas está aberto que o Gustavo, sem prestar atenção à mulher, se aproxima e segreda: " Quero encontrar-me contigo um dia destes. Dá-me o teu numero de telemóvel, email e combinamos um almoço." Letícia fica sem saber o que dizer, mas o Gustavo já lhe estende o tele

JANTAR MISTERIOSO - PARTE III

O jantar é num antigo casino, agora desactivado e o Amadeu murmura qualquer coisa sobre pó e ruínas. Ambas ficam surpreendidos com a decoração luxuosa da sala onde vai decorrer o evento. Há um bar num dos cantos da sala onde servem bebidas mais forte que o champagne que é oferecido pelos empregados vestidos a rigor logo que entram. Do outro lado, há um roleta e no centro, há uma grande mesa em L. Ah, pensa a Letícia enquanto bebe o champagne, não nos dividem em grupos. Deus queira que me sentam ao pé de alguém simpático. Vira-se à procura do Amadeu, que foi procurar uma bebida mais forte e é surpreendida por alguém que lhe pergunta: " Letícia? Letícia Montez? " e Letícia vê um homem alto, com cabelo grisalho cortado à militar e uns olhos azuis que a observam com troça. " Não te lembras de mim? Estou chocado!" diz bem-humorado e a Letícia demora uns minutos a identificar o ex-namorado. " Gustavo Lourenço! Por aqui? " e Gust

JANTAR MISTERIOSO - PARTE II

O colega indica-lhe uns sites que a Letícia explora mais tarde na Net. Claro que o Amadeu não fica entusiasmado com a ideia. " Jantar com desconhecidos, não saber o que vão servir e ainda por cima, ter que ir mascarados??? Estás doida?" " O Leonardo diz que não é obrigatório, mas deve ser muito divertido. Ele diz que encontrou uma colega de faculdade que não via há anos." diz a Letícia. O Amadeu não sabe muito bem o que pensar e olha-a atentamente. A Letícia está com um fato de treino cor-de-rosa e prendeu o cabelo preto num rabo de cabelo. Está perfeita, pensa o Amadeu e cede. Tudo para manter esta mulher sensual feliz. " Ok, explica-me como isto funciona." e fica ainda mais confuso quando a mulher lhe diz que só sabem onde vão jantar uma ou duas antes do evento. Que disparate, mas não o diz alto, pois há muito tempo que não a vê tão feliz. Uma semana depois, através do Facebook a Letícia sabe que o tema do próximo ja

JANTAR MISTERIOSO

" Estou aborrecida!" diz a Letícia ao Amadeu naquela manhã de domingo. O Amadeu não entende bem porquê...   Está um dia de chuva, é certo, mas eles estão confortáveis, sentados em frente à lareira acesa e a beber chocolate quente. " Queres ir ao cinema? Não convidamos os Meireles para jantarem connosco?" Mas a Leticia abana a cabeça e diz que os Meireles são aborrecidos e desmarcou o jantar. " Mas porquê? " Amadeu está confuso e preocupado com o humor da mulher alta, elegante que está sentada ao lado. " Tu e o Alberto só falam de vinhos e corridas de automóveis e a Beatriz só se preocupa com a nova maquilhagem, o novo corte de cabelo. Estou farta!" explica a mulher. " E, tu? " replica o marido, mas a Letícia dá-lhe um soco amigável no braço. " Qualquer mulher se preocupa com isso! Mas com a Beatriz é uma pura obsessão a ponto de comprar uma saia igual ou parecida com a da colega, só para dizer que tem.&quo

O FILHO - O FIM

A primeira semana em casa é caótica, com a Sofia a chorar todas as horas da noite e o Brites, quando regressa ao trabalho, até adormece enquanto lhe transferem a chamada para outro departamento. Afinal, segundo um antigo informador do Inspector Leandro, a Luísa Carolina foi paga pelo Gangue para testemunhar contra o marido, que sabe-se agora, não era casado com ela. Porque é que o advogado dele não contestou o facto, ninguém sabe e não o podem interrogar, pois, tal como o cliente, ele está algures no estrangeiro sem data para voltar. O que é que ele terá feito para ser incriminado pelo próprio Gangue está a ser investigado pela Brigada Anti-Gangues. Nesta Brigada, apenas querem saber quem matou a Luísa Carolina e há duas hipóteses: ou foi o dito "marido" ou o próprio Gangue para não deixar pistas soltas. " E, a criança? O que é que vai acontecer à criança? Vai ser entregue à Segurança Social?" pergunta o Brites. " Eu e a Madalena estam

O FILHO - PARTE VI

A Sofia nasce nessa madrugada e o Pai Brites, que assiste, está tão feliz que, por uns minutos, é incapaz de compartilhar a boa nova com os sogros e os pais que estão na sala de espera. Quando finalmente consegue falar, os gritos de alegria são tantos que o segurança lhes chama discretamente a atenção de que estão num Hospital. A Carla está muito cansada, está a descansar e a família resolve fazer o mesmo. Brites avisa o Inspector, este diz-lhe que descanse, passe o dia com a mulher, nada de se preocupar com o caso. Por volta das quatro da tarde, a Sofia é apresentada oficialmente aos avós e todos querem tirar uma foto com ela. As tias reclamam a vez e a Sofia começa a ficar agitada.  Desata a chorar, a Carla fica aflita e o Brites fala pausadamente à filha, aconselhando-a a ter calma. A enfermeira, que entra naquele momento, ri-se e diz que é melhor voltarem no dia seguinte. Mãe e filha têm que descansar e, embora com relutância, todos se despedem.

O FILHO - PARTE V

A vítima foi testemunha por parte da Acusação num caso de fraude contra o próprio marido. Este fugiu para o estrangeiro, provavelmente para um País sem acordo de extradição e a pergunta que o Brites faz de imediato é : " Será que descobriu onde ela morava e matou-a? " " Sim e a criança? " repete o Bernardes " Só se a adoptou num outro País? Vamos verificar se ela saiu do País, contactar agências de adopção internacionais... Deve existir um registo algures e temos que o encontrar." O resto do dia é passado a verificar várias pistas e o Brites chega a casa tão tarde que a Carla está já a dormir. Na manhã seguinte, está de mau humor, ainda por cima, a reunião com a Segurança Social foi adiada. " Será que não entendem que isto é importante? " desabafa, mas a Carla sente-se muito cansada e está sem paciência para o ouvir. " Não sei se é importante! Sinto-me muito gorda e cansada. Quem me dera que ele nascesse hoje!&q

O FILHO - PARTE IV

O Brites não gosta de impasses...  Todas as pistas que têm seguido não são em nada e ele começa a suspeitar que tudo na vida desta mulher é uma encenação. Mas qual o papel da bebé? É isso que o preocupa, pois os testes de ADN provam que não é filha dela e isso sugere que houve um rapto. Brites está a pensar em tudo isto quando chega a casa. A Carla parece mais bem disposta e pergunta-lhe timidamente pelo caso. Como o marido encolhe os ombros, a Carla convida-o a ver o quarto do bebé. A Carla escolheu uma cor não muito tradicional, verde claro (tanto dá para menino como para menina, explica) e os móveis são brancos com uma barra do mesmo tom da parede. O Brites não concorda que o berço fique tão próximo da janela (o Sol vai incidir directamente na carinha), mas aceita a sugestão da mulher de trocaram a posição do biombo. O berço fica no mesmo sítio, mas o biombo é colocado em frente da janela. Satisfeitos, sentam-se no sofá e o Brites aceita uma bebida

O FILHO - PARTE III

A Carla desata a chorar e fecha-se no quarto. O Brites tenta pedir-lhe desculpa, mas ela ignora-o e ele tem que dormir no quarto de hóspedes. No dia seguinte, antes de sair, o Brites bate novamente à porta do quarto, mas a Carla não responde e ele sai de casa muito irritado. A Madalena, a mulher do Bernardes, convida a Carla para almoçar e esta queixa-se do feitio do Brites. " Parece que não está feliz com o bebé... Sugeri uns nomes e ele explodiu!" queixa-se. " Não, não, o Bernardes diz que ele está muito feliz!" garante a mulher do Inspector " Acho que é este caso que os está a perturbar..." " Que caso? " pergunta a Carla " O Brites não me disse nada... mas também não lhe perguntei." " O Bernardes não me disse muito, mas sei que há um bebé no hospital e uma mulher muito maltratada." explica a Madalena " Isso afecta qualquer um... ainda para mais, alguém que vai ser pai pela primeira vez.&qu

O FILHO - PARTE II

O caso é estranho, diz o Bernardes mais tarde.  Até pode ser um simples caso de violência doméstica, mas os vizinhos dizem que o marido da vítima morreu há seis meses. " Mas o que se passou exactamente?" pergunta o Sargento e o Bernardes conta que os vizinhos ouviram o bebé a chorar, bateram à porta, mas como ninguém respondeu, chamaram o 112. Quando os bombeiros arrombaram a porta, encontraram uma mulher bastante maltratada caída no chão da sala e um bebé a gritar com fome no quarto. O prognóstico da mulher é reservado, acrescenta o Inspector e o bebé está também no Hospital. " Não há qualquer problema com ele. Só precisava de ser hidratado, mas os médicos acham que ele deve ficar lá uns dias. " diz o Bernardes. " Ok, vou mandar o Lucas ao Hospital falar com os médicos e nós vamos até ao local do crime? " sugere o Brites.  " Sim e o Gonçalves também pode vir. Interroga novamente os vizinhos, quero saber mais sobre a víti

O FILHO

Brites respira fundo.... Não sabe o que pensar.... um filho...  Não está contente? Claro que sim, mas a responsabilidade de ter alguém totalmente dependente dele.... assusta-o. O Bernardes diz-lhe que é normal, vai cometer erros, mas tem que pensar positivo. Afinal, já pensou como vai fácil saber se o miúdo está a mentir ou não? É o que faz na vida, apanhar pessoas mentirosas, acrescenta e o Brites ri. A Carla está eufórica, o rosto está mais redondo e queixa-se de que tem que comprar roupas urgentemente. A casa está cheia de catálogos de mobiliário, tintas e as duas avós babadas falam sobre lençóis bordados, mantas de algodão. " Quero tudo muito prático... não quero perder tempo a lavar lençóis bordados, mas elas ficaram muito ofendidas." conta a Carla ao Brites. " Faz isso em dias de festa e quando souberes que elas vêm cá." aconselha o Brites, pouco interessado. " Achas que resulta? " pergunta a mulher. " Encar

MATIAS - FIM

Acabam por jantar todos juntos. A Rosário com a ajuda da Madalena prepara um jantar simples e este decorre num ambiente calmo. A conversa não é tão descontraída como noutros jantares de família e o Matias tenta não se lembrar que há um lugar vazio. A Isabel não come muito, ouve o Luís contar animado as aventuras dele e do primo com um sorriso triste, mas está fora do quarto. A Rosário anuncia que ela e a Isabel vão no dia seguinte a um spa, precisam de uma massagem, de um corte de cabelo e maquilhagem mais modernas. " Desde que não pintes o cabelo de azul!" interrompe o marido e o Matias ri-se ao imaginar as irmãs com o cabelo pintado de azul. " Também posso ir? " pergunta a Madalena " Gostava de ter uma madeixa azul!" " Mas só uma! E por tempo limitado!" pede o Pai e a cunhada chama-lhe antiquado. Todos riem, a Isabel esboça um sorriso e o marido dá-lhe um novo abraço. No fim da noite, quando regressa a casa

MATIAS - PARTE V

O António sobe as escadas e entra no quarto dos cunhados. " Vai dar cabo dela!" afirma o Carlos " Porque não o impediste, Rosário? " " Quando decide, está decidido. Podes argumentar, gritar, explicar o teu ponto de vista as vezes que quiseres, mas se ele acha que é assim, não o podes contrariar!" diz a Rosário. " É assim que as coisas funcionam lá em casa? " pergunta o Matias, mas a irmã abana a cabeça. " Temos que chegar a um acordo. O melhor para todos e tem funcionado... Ás vezes, não é realmente o melhor, mas a vida é assim." explica a Rosário. O cunhado suspira e a filha dá-lhe um abraço. No andar de cima, está tudo em silêncio e todos pensam no que o António estará a dizer à Isabel. De repente, ouvem um grito, a porta abre-se e o António chama apressado: " Oh, Rosário, vem cá..." e a mulher quase tropeça ao subir as escadas. A Isabel está sentada na cama, a chorar e a repetir: &q

MATIAS - PARTE IV

" Então? " pergunta a Rosário quando o Matias desce. Ela e a Madalena estão sentadas na cozinha, a beber chá.  Os miúdos estão no jardim e os dois cunhados estão fechados no escritório. Matias aceita a chávena de chá que a Madalena lhe oferece.  A sobrinha senta-se novamente e mordisca um croissant. Parece estar mais calma e segundo lhe disse a Rosário naquela manhã, está a fazer terapia. " Acho que é tio de uma das amigas. Elas têm sido incansáveis, vêm-na buscar de manhã, almoça na casa delas e só não fica lá a dormir, porque a Madalena acha que deve ajudar o Pai." " Fico contente.. Eu disse-lhe para procurar ajuda, isto é um fardo muito pesado para uma miúda de dezasseis anos." respondeu o irmão. " Não disse absolutamente nada..." suspira o Matias " Nem sei se ela se apercebeu da minha presença no quarto." " O médico diz que se ela continuar assim, terá que a internar, mas o Pai quer evitar

MATIAS - PARTE III

O médico concorda que ele vá passar uns dias a casa... Não para casa dele, não quer que fique sozinho, mas para casa de uma das irmãs. Terá que voltar para novos exames, mas está estável e dadas as circunstâncias.... Matias telefona à outra irmã e a Rosário e o marido aparecem no dia seguinte à hora de almoço para o levarem para casa. " Acho que não devo ir para casa da Júlia!" explica o Matias e a irmã concorda. " Ela não está nada bem, não se quer levantar, comer... O Mário não sabe o que fazer..." diz a Rosário. " Nem quis falar com o médico quando lá foi a casa." conta o cunhado " Está deitada na cama de olhos muito abertos..." " Não admira... Ninguém entende o porquê... Foi um crime macabro!" suspira o Mateus. " Quem não entende nada é o Luís!" comenta a Rosário, referindo-se ao irmão mais novo da Rosa Maria, de dez anos " Também está lá em casa; o Rodrigo faz-lhe companhia... mas encont

MATIAS - PARTE II

A Madalena, a irmã da Rosa Maria visita-o no dia seguinte. O preto não lhe fica bem, parece que emagreceu, o rosto está pálido e vê-se que não tem dormido em condições. " Tenho medo de sair de casa." confessa " Sei que prenderam o maldito que matou a Rosa, mas mesmo assim...." " Compreendo. Nunca se sabe o que vai acontecer..." concorda o tio " mas, um dia, vais ter que enfrentar esse medo." " Eu sei; toda a gente diz isso, mas isto é um absurdo!" diz a sobrinha " Ainda não consegui entender." " Eu próprio não entendo!" repete o tio " Tens falado com alguém? Um psicólogo? O médico de família?" " A polícia indicou alguém, mas a Mãe nem quer ouvir nisso e o Pai não a quer aborrecer." conta a Madalena. Matias suspira e abraça novamente a sobrinha. " Se quiseres, podes falar comigo, mas acho que é melhor procurares um profissional na área. Vai falar com o médico de famíl