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A mostrar mensagens de junho, 2017

O FILME - PARTE IV

No dia seguinte, ao almoçar com um amigo, explico-lhe tudo sobre a minha ideia. Ele ouve atentamente, talvez satisfeito pela conversa ser finalmente sobre alguma coisa que me apaixona e sugere: " Mas porquê escrever um argumento? Porque não um conto? Tens duas personagens, uma ideia do que vai acontecer... Porque não tentas? " " Achas? " pergunto, admirada e ele sorri.  " Claro que sim! Colocas os teus personagens numa determinada situação e imaginas a reacção deles. Não disseste que um deles quer " apimentar" os livros que escrevem? Um clube de strip é capaz de ser uma boa ideia...." diz. " Mas não sei nada sobre Clubes de Strip!" admito, mas o meu amigo não desiste e incentiva-me a fazer pesquisas no Google, no YouTube. " És boa rapariga, mas não compreendo essa tua mania de dizeres sempre que não. Depois até consegues, mas a tua primeira reacção é sempre dizer não." concluí. Despedimo-nos à por

O FILME - PARTE III

Aqui diz que um argumento é " um documento que precede o guião". Por isso, é a história em si... Ok, já compreendi.... "Qual é a história que quero contar?" Pergunto-me com a caneta no ar e a folha pronta para o primeiro rabisco. " Carolina e Jorge, uma dupla de escritores em crise. Em crise como casal e como escritores. " acrescento.  "Mas o que é que eu sei sobre crises matrimoniais?" interrompo-me. As discussões dos vizinhos à horas impróprias? Ou as que surpreendemos nos passeios? " Jorge quer mudar a estratégia do próximo livro. Diz ele que os enredos começam a ser repetitivos e têm que introduzir fantasia, sensualidade, erotismo. Carolina está apreensiva; está fora da sua zona de conforto. Mas Jorge assegura-lhe que é exactamente isso que falta. Nos livros ou em nós como casal? Pensa Carolina, sem se atrever a dizer alto." Releio as frases e gosto. Gosto mesmo muito.... Se não fosse a discuss

O FILME - PARTE II

MAS TENHO QUE FAZER QUALQUER COISA!!! Decido.... Porque não posso continuar a escrever em maiúsculas para exprimir toda a minha indignação, frustração...  Sei lá o que hei-de dizer mais... Resolvo, então escrever um argumento para um filme.  Isto significa que tenho fazer alguma pesquisa. Porque não sei realmente como escrever um argumento... Bastará ter uma boa história? E o que devo fazer relativamente a personagens? Fortes, problemáticos? Estou tão habituada a falar na primeira pessoa... Faço uma pesquisa no Google... Ai, o que é isto? Guião, Roteiro, Argumento.... É a mesma coisa ou há alguma diferença? SOCORRO!!! Lá volto eu a escrever em maiúsculas... CONTINUA

FILME

Se a minha vida dava um filme??? Só se fosse um filme de terror, daqueles que faz com que se salte da cadeira e grite... Porque é isso que tenho vontade de fazer: GRITAR com letras maiúsculas.  Sabem o que quero dizer? Porque é impossível que tudo corra mal todos os dias....  Não haja uma palavra de alento, de confiança, de simpatia... Está tudo doido, só pode dizer... Talvez eu já esteja a ficar contagiada por essa loucura...  Até já nem me apetece ler um livro.... Eu que adoro livros!!! CONTINUA

AGAPITO - O FIM

" Com o que se diz..." disse o Livramento e, como o Agapito continuava perplexo, acrescentou: " Digamos que alguns dos meus negócios não são assim tão claros como este, compreendes? Não te preocupes! Está tudo controlado." e saiu apressadamente. Como se tivesse visto o Diabo! O Agapito sentou-se e ficou imóvel por uns minutos. Na sua mente, já se via numa cela minúscula como mostram os filmes americanos. Quem era o Francisco Livramento na realidade? O que é que sabia sobre ele? De que negócios estava ele a falar? Drogas? Lavagem de dinheiro?... Agapito deu um murro na mesa.... Claro que era lavagem de dinheiro... Como é que pode ser tão ingênuo ? O que é que devia fazer agora? Fazer dos ginásios um sucesso e mantê-los fora d e qualquer investigação policial. E foi bem-sucedido até ao dia em que o Li vramento lhe ped iu para confirmar o áli bi e foi interrogado pelo Inspector Leandro.... FIM   

AGAPITO - PARTE II

Entusiasmado com a ideia, Agapito entregou-se de corpo e a alma ao novo projecto e passados alguns meses, o ginásio estava a funcionar em pleno. Incentivado pelos pais, o Agapito terminou o Mestrado em Ciências Desportivas e matriculou-se num curso de Gestão. Estava a ter sucesso e não podia estar mais feliz. De vez em quando, o Livramento aparecia para controlar o negócio, pensava o Agapito, mas não tinha que se preocupar: ele assegurava-se que estava tudo dentro da lei. Até ao dia em que o Inspector Leandro apareceu no novo ginásio que o Livramento o tinha convencido a abrir. " É preciso diversificar, pá. " justificou o Livramento e, como campanha de abertura, o Agapito preparou uns vouchers para sessões de treino livre de yoga, pilates, hidroginástica, danças latinas distribuídos na rua e metidos nas caixas de correio. Satisfeito por ter um ginásio perto de casa, Leandro aproveitou o voucher e foi a uma aula de hidroginástica. Naquela noite, o Liv

AGAPITO

Por causa do seu nome surpreendente, Agapito Pedrada foi vítima de bullying. Os pais disseram-lhe para ter calma, que se não desse resposta, a situação resolvia-se por si. Mas no dia em que o fizeram tropeçar e ficou com o nariz a sangrar, Agapito não aguentou e respondeu com um soco valente no estomago do opositor. Resultado: suspensão para um e o Agapito foi transferido para outra escola. O pai resolveu matriculá-lo num ginásio, numa aula de luta livre para dar vazão à raiva de que o acusavam, mas sem entender verdadeiramente o porquê. O Agapito era tão bom menino!  Agapito adorou as aulas e participou em algumas competições internacionais. Numa dessas viagens, conheceu o Francisco Livramento, dito investidor que, ao conhecer o sonho do Agapito em ter o seu próprio ginásio, prontificou-se logo a emprestar o dinheiro necessário. Só que o Livramento não explicou exactamente que tipo de investimento fazia.... CONTINUA

O REGRESSO - FIM

Sim, Leandro conhecia muito bem o Agapito Pedrada, um dos "correios" do Bando da Cruz. Também sabia que, algumas vezes a informação prestada era apenas para desviar a atenção das actividades do Bando, mas valia a pena confirmar a veracidade da dica. Por isso, Leandro pediu ao Bernardes para localizar o Agapito Pedrado e o levar à esquadra " depressa". Bernardes informou-o de que os corpos eram dos irmãos " Bicudos" e tudo apontava para que tivessem sido assassinados na casa em ruínas. " Mas para quê cortar a mão do irmão?" inquiriu o Bernardes e o Torcato sugeriu: " Um gesto de intimidação. Pressionar o "Bicudo" para lhes dar o que eles queriam..."  " Pois... Mas o quê? " perguntou Leandro " Talvez o Agapito saiba. Ele gosta de falar." E, efectivamente o Agapito falou. Teria 35 anos, alto de olhos azuis e sorriso franco, mas Leandro sabia que ele podia ser calculista. Sim,

O REGRESSO - PARTE V

Mas , pensando bem, Leandro resolveu visitar Damião Centurião, mais conhecido como " Max Perdido" no mundo do jogo e droga , no seu bar favorito. De " Perdido", o Damião não tinha nada; era astuto e esquivo. Por vezes, dava umas dicas valiosas, mas sem se comprometer. " Sim, conheço o " Bicudo" ". confirmou e devolveu a nota ao Inspector. " Emprestei-lhe esses EUR 1500,00, mas a dívida já está saldada. Pelo irmão." acrescentou. " O irmão?" repetiu Leandro e o " Perdido" sorriu, continuando: " Sim, um rapaz dos seus 20 e poucos anos. Pagou e arrastou o " Bicudo" daqui para fora... Mas qual é o seu interesse nisto tudo, Inspector? Não é que não goste da sua companhia, mas.... " perguntou " Max Perdido", deixando a frase em suspenso. " A companhia de um Inspector não é bom para o negócio." completou mentalmente Leandro e em voz alta, disse: " Temos

O REGRESSO - PARTE IV

" É um caso muito triste!" confessou Leandro ao Comandante " Perderem dois filhos assim... Espero que o Bernardes consiga alguma coisa com a busca nos quartos." " Estes casos são sempre complicados! Prossiga e se precisar de reforços, diga-me!" pediu o Comandante e despediu-se. Leandro voltou a ler o relatório e perguntou ao Tavares se tinham encontrado algum telemóvel perto dos corpos, mas o detective abanou a cabeça. Restava esperar pelo regresso de Bernardes; talvez tivesse descoberto alguma coisa que pudessem explorar. Bernardes regressou quase no fim do expediente com alguma coisa para contar: " Já deixei as escovas dos dentes no médico legista. E dei ao Torcato a lista dos amigos dos rapazes para ele os contactar e obter detalhes. Os quartos estavam limpos, nada de suspeito, a não ser esta nota." e estendeu um papel ao Inspector. " Max Perdido - EUR 1500,00. " leu Leandro " Este nome não é estranho,

O REGRESSO - PARTE III

" Encontramos o carro do Jorge abandonado em frente a uma casa em ruínas." disse Leandro, suavemente. " E o Jorge?" perguntou a mãe e Leandro sorriu-lhe antes de continuar:  " Na mala do carro, estava um corpo e havia um outro dentro da casa... Não, não sabemos ainda quem são.Estamos à espera dos resultados de autópsia; talvez nos possam ceder..." " Uma escova de dentes, do cabelo... para verificarmos o ADN." atalhou o Bernardes. Os pais ficaram calados por uns minutos e o Senhor Viriato abanou a cabeça em concordância. " Gostaríamos de ver os quartos do Jorge e do Rodrigo... Também precisamos de uma lista de amigos, de fotos actualizadas..." continuou o inspector. " Mas para quê, se não tem a certeza de que são eles? " quis saber a mãe, mas antes de Leandro explicar, o marido comentou: " Têm que os excluir... Se for caso disso... Acha que tem a ver com drogas, Inspector?" questionou.

O REGRESSO - PARTE II

" Também é bom estar de regresso!" concordou Leandro " Estive a ler o relatório, Bernardes. Acha mesmo que um dos corpos é do tal Bicudo? O que sabemos sobre ele?" " Pouca coisa! Pequenos delitos! Temos quase a certeza de que a casa é utilizada como armazém; mas o que aconteceu lá verdadeiramente, para já... está tudo em aberto." declarou o Bernardes. " E a " família"? " perguntou o inspector, mas Bernardes abanou a cabeça e disse que o Torcato voltou a falar com eles, mas apenas confirmaram a história que já tinham contado. " Sabemos quem é a família do " Bicudo" e pedimos para virem até cá. Devem estar a chegar; o inspector quer falar com eles?" questionou. " Gostava de ter mais pormenores, mas com os corpos quase em decomposição, o médico legista terá que fazer mais testes." murmurou Leandro. Tavares bateu à porta e sem esperar por resposta, entrou, anunciando a chegada da família d