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A mostrar mensagens de novembro, 2014

RESPIRA-SE

Abram alas... Não falem... Desfaçam os sorrisos... Pois algo me diz que hoje haverão más noticias... E se as houver, digam-nas depressa... Não preencham o tempo com banalidades! Digam a verdade nua e crua... Será um choque, eu sei... Pois a verdade magoa... Mas, pelo menos, foi dita... E assim respira-se....

REDUZIDA

Podemos escrever muitas cartas na vida, algumas divertidas, outras mais tristes, mas nunca pensamos verdadeiramente como uma carta nos pode surpreender, magoar até. Não, nunca pensei receber uma carta tão seca, tão formal que tive que a ler uma outra vez para ter a certeza de que compreendi o conteúdo. A primeira reacção foi amarfanhar a pobre carta e protestar contra a estupidez de quem a enviou. Depois, mais calma, alisei o papel e reli-a. Uma vida inteira reduzida a isto – uma simples folha de papel cheia de termos pomposos. Posso voltar a usar o meu nome de solteira se quiser; fico com a casa e tudo o que estava só em meu nome – o resto será dividido como previsto. Nem isso me consegues dizer!!! Podíamos conversar sobre o assunto; mas não, tinhas que pedir ao teu advogado para me mandar esta carta. Sim, estou furiosa e com vontade de te telefonar. Ou talvez te escreva uma carta, uma carta verdadeira escrita com o coração, que deixe a nu a minha dor. Pensando bem,

ESTA

Esta é... Uma carta escrita para apaziguar a dor… A dor que fala alto… A dor que não se compreende e que grita no silêncio do corpo… Só as palavras me ouvem… A chuva chora comigo e o Vento sussurra-me carícias… Tenho medo… Já não é o medo de te perder… É o medo de não me apaixonar pelas palavras… Por isso, escrevo esta carta… Escrevi frases curtas de propósito… Talvez o Vento a leve até ti… Mas agora não faço questão… Porque é só uma carta escrita para apaziguar a dor…

SETE

7 pequenas histórias que vou contar... Se em prosa ou em poema... não é essa a mentira. A mentira está escondida no sorriso de quem mente, de quem grita bem alto para que não haja qualquer dúvida: “ É MENTIRA!” E o pior de tudo é que a mentira está tão impregnada na pele, nos pensamentos que distorce sempre a verdade. A verdade é sempre a sua verdade, os outros estão sempre confusos, são sempre levianos, seres inúteis que, infelizmente tem que tolerar. Fique em paz com a sua mentira: viva-a, siga-a. Apenas peço respeito, essa palavra que apregoa bem alto, como uma bandeira. A sua mentira é tentar disfarçar uma insegurança que a humilha... Se a admitisse, talvez tivesse uma surpresa... Mas como não o quer fazer, encolho os ombros e sigo o meu caminho. Não vou negar as minhas mentiras, a minha insegurança, os meus momentos de orgulho. Posso não ser totalmente feliz, pois ninguém o é, mas sei que não estou a mentir a mim própria. Essa é a pior mentira de todas

CARTA AO FUTURO

Eu? Resolvi ser original e escrever uma carta ao Futuro. A um Futuro que quero que seja diferente do Presente. Blá, blá, os desejos de toda a gente, mas a verdade é que não quero muito. Quero estar apenas confortável e não ter medos. Medo de envelhecer, de estar sozinha... Mas se o estive sempre (sozinha), o que será diferente no Futuro?  O ficar ainda mais esquecida no egoísmo dos outros. Sonho alto, eu sei ao esperar demais das pessoas que não sabem dar. Mas esse é o mal do Presente em que não há compaixão e as frases começam todas por “Eu quero”... Eu quis muita coisa; fui egoísta até ao extremo.  Um dia, perdi-me e fiquei sem saber o que fazer.  Pior, o que dizer, o que queria verdadeiramente. Ainda hoje não sei. Sei o que não quero e isso é o começo.  É uma porta que abri no labirinto do meu próprio egoísmo e que não posso voltar a cruzar. Apesar de todas as dúvidas... Porque temos que ter dúvidas para crescermos, para evoluirmos e sinceramen

CONTOS DE PRAZER - 3ª E ÚLTIMA PARTE

3ª PARTE A MISTURA Decidir? O quê, se tudo o que posso fazer é sentir? Este cheiro que me assalta as narinas? O cheiro forte do café; o adocicado do chocolate numa pausa, num encontro com o tempo. O que faço primeiro? Bebo o café fumegante ou como o bombom estaladiço? Não sei; e não gosto de me sentir indecisa ou apressada. Gosto de degustar; tenho prazer em comer. Há quem diga que o chocolate estraga o sabor do café. Eu acho que o completa; até faz com que sobressaia e torna-se  difícil  resistir. Vou beber um gole do café e depois trincar cuidadosamente o bombom. É de menta, o recheio que se solta e brinca descaradamente com o sabor do café. Tomo um segundo gole de café. Tem ainda tempo para se juntar ao que resta do recheio de menta, que manipula com gosto. Sorrio.... A pessoa que se senta à minha frente pergunta porquê. Mas não respondo; volto a trincar o bombom, deixo-o amolecer... Deixo os sentidos em alerta para viverem o prazer. Intensa...Profu