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A mostrar mensagens de janeiro, 2022

A NOVA ESQUADRA PARTE IV

Há um novo caso, diz o Sargento, é melhor o Inspector vir também e o dia transforma-se num pesadelo. Regresso muito tarde a casa, a Clotide está em casa dos Pais, ia lá jantar. Estou tão cansado que nem vou fazer surf na manhã seguinte, a Clotilde segreda-me que as ondas estavam altas, maravilhosas. Acabamos o turno ao mesmo tempo, ofereço-lhe boleia, ela parece relutante, não há problema nenhum num superior dar boleia ao subordinado, troço gentilmente. Mas sinto que a Clotilde está desconfortável, hoje, o Pimenta perguntou-me que segredos tenho contigo, conta, só o surf, respondi, mas não sei se ele ficou convencido. Não te preocupes, recomendo, acho que estás a fazer uma tempestade num copo de água, relaxa, nem falei contigo hoje! Estive quase o dia todo fora! A Clotide não aceita o meu convite para jantar, acabo por ir até ao Clube dos Motards, dou a minha opinião sobre o próximo passeio, fico a conversar uma hora ou duas. Estou exausto, o caso está complicado, o Sargento não ajuda

A NOVA ESQUADRA PARTE III

  O dia é intenso, mas dou por mim a observar a agente Clotilde, é simpática, interage facilmente com os colegas e dá pouca importância aos piropos que recebe. Fico um pouco desiludido quando ela acaba o turno às quatro da tarde, mas encontro-a novamente a fazer surf no dia seguinte e aceita o meu convite para tomar café. Conversamos descontraídos, temos interesses em comum e é com grande relutância que nos separamos. Encontrarmo-nos todas as manhãs para fazer surf passa a ser um ritual, mas só ao fim de uns meses é que a Clotilde aceita o meu convite para jantar. Tem bom gosto, gosto do vestido discreto, mas sexy e apanhou o cabelo, deixa-lhe o pescoço esguio à mostra. O que foi? pergunta, se continuas a olhar para mim assim, vou corar e não fico nada bonita, avisa com um sorriso. Não resisto, beijo-a na boca, suave, ternamente e ela corresponde. Passamos juntos a noite, a Clotilde é uma mulher sensual, excitante e entrega-se por completo. Mas no dia seguinte ela está pensativa, remor

A NOVA ESQUADRA PARTE II

  Torno a recepção mais eficiente, mais rápida na resposta, os agentes frequentam acções de formação. Negoceio novos contratos de manutenção, de serviços de telecomunicações e Internet, mesmo com a empresa de limpeza. Reorganizo as secções, o sistema de arquivo e a central telefónica. Há quem aceite, há quem proteste nas minhas costas, mas eu quero trabalhar numa esquadra moderna, com detectives dedicados, atentos. Mas não estou surpreendido, sei que vou lidar com isso, penso enquanto me preparo para fazer surf naquela manhã. O Inspector por aqui? a voz brincalhona surpreende-me, olho para o lado, deparo-me com a agente Clotide equipada também para fazer surf. Está na esquadra há dois anos, os outros ainda troçam dela, chamam-lhe " novata, rapariguinha, cenoura", mas ela sabe impor-se e ficou bastante entusiasmada com as mudanças. Sim, sou um grande apreciador de surf, respondo, gosto de aproveitar as manhãs. A Clotide ri-se, reparo agora que tem uns olhos verdes grandes e é

A NOVA ESQUADRA

  Para ser franco, reorganizar esta esquadra foi um desafio. Com um preço claro.... deixei a cidade que sempre conheci, a minha irmã e o marido, os amigos, os colegas, mas precisava de recomeçar. A cidade é agradável, em menos de meia hora estou no mar e decidi aprender surf. Descobri um Clube de Motards e também me inscrevi num Clube de Leitura. Reúne-se uma vez por mês na Biblioteca e quando lhe contei, a minha irmã ficou surpreendida, e vais ter tempo? pergunta. Vou tentar, respondo, isto não é uma cidade grande, não estou à espera de crimes sangrentos. É uma forma de conhecer pessoas e sabes que sempre gostei de ler, aproveito todos os momentos livres. A Magda sorri, continua a arrumar o armário, está cá a passar uns dias, tenho que ter a certeza de que vais ficar bem, comenta e eu rio, minha querida irmã, sou maior e vacinado e há muito que vivo sozinho! Mas ela insistiu, ajudou-me a decorar o apartamento que aluguei no bairro novo da cidade, a cerca de quinze minutos da esquadra.

O FIM DE SEMANA FIM

  Não me atrevo a confirmar as minhas suspeitas, não me lembro de ver a Matilde tão revoltada, tão agressiva. Ergo as mãos em sinal de paz, desculpa, não tenho realmente nada a ver com isso, esclareço, e a Matilde fica mais calma. Acho melhor ir-me embora, a Matilde aceita a minha decisão sem uma palavra e já na rua, telefono à Rosa. Faço um resumo do caso, a minha amiga diz que sou louca, o que é que esperavas? repete, intrometes-te na vida dela e ela tem que aceitar com um sorriso??? Ah, Maria Clara, o que é que vamos fazer contigo? Felizmente, nem a Mãe nem o Pai estão em casa, tenho quase a certeza de que a Matilde lhes vai contar o caso. Mas ao jantar falamos de tudo menos da cena na casa da minha irmã. Relaxo, a Matilde não contou a ninguém. O meu telemóvel toca entretanto, é o Gustavo, o que é que ele me quer a esta hora? penso ao olhar para relógio, já passa das dez e meia. Maria Clara, começa, temos que falar e muito a sério. Há assuntos privados que têm que ficar privados, es

O FIM DE SEMANA PARTE V

  O almoço acaba por ser aborrecido, o Meireles e o Pai conversam imenso, os assuntos não nos interessam e os mais jovens discutem a nova estratégica política. A Matilde mantém-se afastada do Meireles, este cumpre as regras de boa educação e respeita a distância que ela impõe. Não te disse???, sussurro, passou-se ali alguma coisa... não sei o quê, mas vou descobrir! afirmo. Não vais nada! e a voz da Rita é tão séria que me surpreendo, raramente vejo este lado da minha Tia, seja o que for que aconteceu entre eles, tu vais ficar quieta e calada! Tens idade suficiente para compreender que temos que respeitar as decisões dos outros! Então, aconteceu alguma coisa e tu sabes! protesto e a Rita aperta-me o braço, até me magoa, eu disse para ficares calada! Respeita a tua irmã, respeita o Meireles e nem te atrevas a falar mais no assunto! A Rosa fica pouco à vontade, porque é que não vamos ao cinema? Telefonamos ao Maurício, sugere, é uma excelente ideia, diz a Rita e afasta-se. Despeço-me do

O FIM DE SEMANA PARTE IV

  Não ouço a resposta da Mãe, estou a observar os meus irmãos atentamente,  não compreendo a decisão da Mãe, não estou à vontade com a ideia de ter o Meireles lá em casa, diz. O Gustavo faz-lhe uma festa no braço, não te preocupes, estou lá eu e mantenho-o ocupado, prometo. Ups, mas o que é que aconteceu entre eles? tenho que saber mais, confesso à Rosa mais tarde que não me presta a atenção. Também foi convidada, está excitada como uma miúda, ralho, olha o Maurício! mas a minha amiga apenas se ri. Por isso, só pensa no penteado e no vestido que vai levar ao almoço e até me cansa com tantos sorrisos quando lá chega. Ouve lá, não exageres, segredo, mas a Rosa apenas encolhe os ombros. É a minha vez de abanar a cabeça, mas estou mais curiosa em saber como a Matilde vai reagir quando vir o Meireles. Este chega pontualmente à uma da tarde, vestido de preto, como sempre, observa a Mãe, mas olha que é um pedaço de mau caminha, suspira a Rita. A Mãe ri-se, avança de mão estendida para o Meire

O FIM DE SEMANA PARTE III

  Pois... concorda a Rosa, falando doutra coisa... Aquele Meireles é, como diria a minha Mãe, um pedaço de mau caminho! Rio-me, o Maurício não gostou nada dos olhares que lhe lancei, conta a Rosa, até lhe disse, oh, pá, não estou morta!!! Volto a rir-me, ele trabalhou uns anos com o meu Pai, agora é inspector e trabalha noutro departamento, respondo, fiquei com o numero de telemóvel, vou convencer a minha Mãe a convidá-lo para jantar. Não te esqueças de me convidar, atalha a Rosa, o Maurício vai ficar furioso! Sinto a porta a abrir, devem ser os meus Pais, tenho que desligar, murmuro, até amanhã. Os meus Pais estão felizes, relaxados, ficam admirados por me ver já em casa, a Mãe percebe de imediato que houve algum problema. O que é que foi desta vez, Clarinha? pergunta, oh, Mãe, que desconfiada! protesto, foi o David que armou barraca no bar e fomos parar à esquadra. A Mãe suspira, o Pai fica muito sério, é melhor contares tudo, não escondas nada! avisa . E, depois o Meireles apareceu,

O FIM DE SEMANA PARTE II

  A viagem até foi agradável, o Meireles conta histórias divertidas e eu relaxo, acabo por partilhar algumas passadas na organização onde trabalho em part-time. Tudo a ver com o ambiente? repete o Meireles, muito me contas! E como está a tua irmã Matilde? Como é que se chama o teu irmão, Gustavo? Estão os dois muito bem, respondo, o Gustavo tem um filho chamado Luís e a Matilde está grávida! Ah, casou? pergunta o ex-sargento, eu olho-o curiosa, não, vive com o Bernardo, um amigo do Gustavo, comento, não sei se planeiam casar. O Meireles não diz mais nada, mas passa-me uma ideia maluca pela cabeça, será que foi com ele que a Matilde teve aquele caso maluco como disse a Rita. Não me admira nada, o Meireles é um homem interessante e ficamos os dois admirados quando sugiro um jantar lá em casa. Agora que sabemos que estás vivo, continuo, vamos pôr a conversa em dia, o Pai vai gostar disso! Mas eu falo com o teu Pai, atalha o Meireles, não tantas vezes como gostávamos, mas temos agendas pro

O FIM DE SEMANA

  Já devia saber que o David ia armar confusão, mas passar dois dias na praia, a praticar mergulho e surf falou mais alto e por isso, concordei com a viagem. Mas à noite o David bebeu demais, provocou o empregado e acabamos por ser expulsos do bar. O David achou que foi uma afronta e toca a fazer rolar o contentor do lixo que espalhou o conteúdo na esplanada, derrubou mesas e o dono chamou a polícia. Por isso, estamos na esquadra para prestar declarações, estamos todos furiosos com o David que continua a rir como um louco. Animem-se, diz, não é uma loucura passarmos a noite na esquadra?  Não estava nos meus planos, responde secamente o Maurício, e nem quero pensar no que vão dizer os meus Pais, acrescenta a Rosa, mas qual é a tua? Para a próxima, não te convidamos, declaro e o David limita-se a encolher os ombros. A porta abre-se, olhamos todos para quem entra e eu suspendo a respiração.  Conheço muito bem o homem que entra, é o Meireles, o ex-sargento do meu Pai. Por aqui, Clarinha? p

A VERSÃO DA RITA FIM

  Não há dúvida, comenta o Gonçalo quando sabe da novidade, que a nossa família é original! A Matilde vai ser Mãe, o Gustavo pode divorciar-se, a Clarinha ainda vai presa por ser activista e o Telmo está a ser investigado porque tem um Sargento idiota! Nem quero pensar no que a Francisca se tornará! Herdou o melhor dos dois, vai ser uma pessoa extraordinária, afirma com toda a convicção a Rita e o Gonçalo ri-se. Tens a certeza? pergunta trocista e a Rita atira-lhe uma almofada, ri-se também. Claro que os próximos meses vão ser complicados,a Rita não tem qualquer ilusões,  a Matilde tem algumas dúvidas acerca da maternidade, todos lhe dizem que é normal, que vai cometer erros. Mas a Rita acha que é por causa dos problemas que teve e aconselha-a a debater o assunto não só com a médica mas também com o Grupo que frequenta. O Gustavo e a Lúcia decidem tentar novamente, o casamento já está torto, duvido que consigam, observa o Gonçalo. O Telmo é ilibado, o Sargento é transferido para outra

A VERSÃO DA RITA PARTE V

  Eu e a Lúcia resolvemos dar um tempo, explica sucintamente, espero que a Clarinha não tenha transformado o meu quarto num laboratório!!! Claro que não! assegura a Mãe, continua como o deixaste, mas o que é que aconteceu? O filho não responde, abraça-a fortemente, depois, agora não! murmura e depois fecha-se no quarto. A Madalena suspira, estou a ver que não vou ter paz nos tempos mais próximos! repete e resolve ir para loja, talvez se distraia. A Rita fica surpreendida quando a Madalena aparece no escritório e a convida para almoçar. Tem uma agenda preenchida, mas ao ver a irmã tão agitada, reorganiza tudo. A Madalena desabafa tudo, tenho vontade de lhes bater, desabafa, a quem? pergunta a Rita, intrigada. Todos!!! responde a irmã, até à Clarinha e não a vi hoje! Quando acordei, ela já tinha saído para a universidade... A irmã ri, coitada da rapariga! Deixa-a a em paz! aconselha, já falaste com a Matilde? Pode ser que o Gustavo lhe tenha telefonado... Pois é, porque é que não me lemb

A VERSÃO DA RITA PARTE IV

   Falam mais uns minutos, a Rita desliga e conta tudo ao Gonçalo, não me admira! diz o companheiro, o Telmo acha que o Sargento é um idiota! Mas não pode ser assim tão idiota, protesta a Rita, têm que fazer um curso primeiro e se foi aprovado... O Gonçalo encolhe os ombros, não estou preocupado com isso, comenta, o Telmo não está ferido é o que interessa! E vamos falar de coisas mais interessantes... Como o negócio que fechamos hoje? pergunta a Rita trocista, não era bem isso que tinha em mente, responde o Gonçalo, mas se quiseres falar... A Rita ri-se, puxa-o para si, beija-o na boca e fecham-se no quarto. A Madalena não consegue dormir, o Telmo ainda não apareceu, mas o Pai avisou que vinha tarde, é melhor deitares-te, aconselha a Clarinha. O que é que se passou? murmura, o Telmo estava tão agitado... e quando ouve a porta abrir-se por volta das três da manhã, precipita-se ao encontro do marido. Então? O que se passa? e em resposta, o marido apenas a abraça. Ficam assim uns minutos,

A VERSÃO DA RITA PARTE III

  Também percebeste isso? pergunta a Rita, acho que todos perceberam isso menos a Lúcia! Se bem que eu acho que quem está verdadeiramente apaixonado é o Miguel, não digo que ela não esteja... Mas está mais descontraída, completa o Gonçalo, talvez, mas que é divertida, bem disposta é! Foi um debate interessante e a Lúcia tem que descontrair.... A Rita encolhe os ombros,o Gonçalo tem toda a razão, mas não se vai preocupar com isso, a Lúcia tem que gerir a sua própria vida. O jantar dançante é um sucesso, tanto ela como o Gonçalo ficam surpreendidos por descobrirem que o cunhado até sabe dançar e a Madalena fá-lo prometer que, pelo menos uma vez por mês, vão passar o fim de semana fora, dançar, jantar fora. Acordam tarde no domingo, o Gonçalo saí com a Francisca, vão comprar o jornal, a Rita fica mais tempo na cama. Organizam jogos para entreter a Francisca, encomendam comida chinesa e só ao fim da tarde é que a Rita fala com a irmã. A Madalena está feliz, há imenso tempo que não se diver

A VERSÃO DA RITA PARTE II

  O Gonçalo também fez do circulo, diz a Rita, participou na conversa, mas eu acho que me preocuparia mais se não o fizesse! Qualquer casamento tem os seus altos e baixos, e eu e o Gonçalo não somos excepção, mas temos que saber gerir, conversar, apontar o dedo ao que está mal... Pois, suspira a Madalena, a Lúcia é imatura e muito insegura, ainda mais desde que teve o bebé...Ficou um pouco gorda, não está a conseguir emagrecer... Porque não tem disciplina, interrompe a Rita, a tua nora parece que ficou parada no tempo, ter um filho não significa esquecer-se do Mundo! Eu não esqueci e adoro a Francisca! A irmã sorri, nem toda a gente reage como tu! observa, adoras viver e a tua filha herdou isso de ti! Revoluciona a casa quando está cá. A Mãe da Francisca sorri também, não vamos falar de coisas tristes! Vamos sair, comprar o vestido, divertir-nos! aconselha. Acabam por telefonar à Clarinha, não se importa de ir buscar a Francisca? Dá-lhe banho, há sopa no frigorífico, esclarece a Rita e

A VERSÃO DA RITA

  A Madalena diz que o Telmo está muito irritado, diz a Rita naquela noite ao jantar, pensei em os desafiar para um jantar dançante no sábado à noite. O que achas? É uma boa ideia,  concorda o Gonçalo, o Telmo contou-me que o novo sargento é um perfeito idiota! O teu cunhado estava mal habituado com o Meireles!!! Mas é normal: o Meireles fez o curso para Inspector, tinha que voar para outras margens! A Rita ri-se, é normal que as pessoas queiram evoluir, o nosso cunhado, acentua o nosso , é muito exigente, tem que ter paciência, o novo sargento vai adaptar-se ao ritmo de trabalho que o Telmo impõe! O Gonçalo sorri, desvia a conversa para o jantar, às vezes, o Bernardes é tão rigoroso, será que vai descontrair num sítio tão chique? A Rita também tem as suas dúvidas, mas a irmã parece tão ansiosa que sugeriu aproveitarem o convite feito pelo Hotel, já que foi ela quem se encarregou da publicidade do evento. Terei que comprar um vestido comprido? pergunta a Madalena e a Rita abana a cabeç

O CIÚME DA LÚCIA FIM

  O Gustavo respira fundo, vamos jantar, ok? sugere, falar de outras coisas, mas eu continuo desconfiada, faço um esforço para me concentrar. Falamos de amigos comuns, do trabalho, o Gustavo oferece-se para me ajudar a actualizar o CV  e arrumamos a cozinha juntos. Felizmente, o Luís não acorda e deitamos os dois à mesmo hora. Na empresa, acham que estou mais relaxada, a minha Mãe telefona-me à hora de almoço que vai buscar o Luís ao infantário, que passa lá a noite. Mas porquê? pergunto e a Mãe ri-se, ai, que fui indiscreta! Fala com o Gustavo! e desliga. O Gustavo telefona uns minutos mais tarde, convido-te para jantar, já combinei tudo com a tua Mãe, atalha, e não aceito um " não". Digo que sim, à hora de almoço, vou a casa mudar de roupa e aguardo impaciente as seis da tarde. O Gustavo é pontual, damos um passeio à beira mar e depois jantamos na pizzaria onde nos conhecemos há anos. O Bernardo e a Matilde também aparecem lá, acaba por ser uma noite divertida e regressamos

O CIÚME DE LÚCIA PARTE V

  O Gustavo deve ter dormido no escritório, só vai ao quarto para buscar roupa limpa e murmura qualquer coisa sobre tomar o pequeno almoço no escritório. Não responde aos meus SMS, não atende as minhas chamadas, janta no escritório e deita-se quando tem a certeza de que já adormeci. Tento falar com a minha irmã Guida, mas ela também me chama doida,  diz que tenho um marido " paciente demais, se fosse comigo, já me tinha divorciado!" O que é tu sabes? protesto e a Guida fica muito séria, estive no lugar do Gustavo! /Estive casada com um homem ciumento, controlador e ainda bem que me divorciei! acrescenta, por isso, pensa bem no que queres fazer! Tens um filho, pensa nele! repete. Não sei o que pensar, mas tenho que quebrar o gelo, não podemos viver como dois estranhos, por isso, quando o Gustavo chega, estou à espera dele no corredor. Temos que conversar, Gustavo, digo, não podemos continuar assim, temos que falar! peço. Estou cansado, quero comer qualquer coisa, ver o jogo, a

O CIÚME DE LÚCIA PARTE IV

  O que queres dizer com isso? estou irritada, às vezes, o Gustavo exaspera-me com pormenores ridículos, ora, Lúcia, não te faças de desentendida! continua, se tivesses uma trela, tenho a certeza de que me prendias! Mas estás parvo ou quê? exclamo, não posso estar ao pé do meu marido? e o Gustavo suspira, e continuas a fazer-te de desentendida! Pouco ou nada interagiste com os outros, nem toda a gente estava reunida à volta da Bia! Estás a ser ridículo, repito, mas tens que concordar que parecias um idiota, a babar-te por causa de uma mulher! concluo. Estás completamente louca! grita o Gustavo, por amor de Deus, só estávamos a conversar! E nem sequer estávamos sozinhos! frisa. Pois, pareciam todos uns idiotas! comento, uns idiotas! e o Gustavo volta a suspirar, não quero falar mais nisto! Vai lá tomar o duche, eu fico com o miúdo! Fecho-me na casa de banho, ligo o chuveiro, mas resolvo ligar à minha Mãe, conto-lhe uma versão resumida dos factos, mas ela não é nada solidária. Ás vezes,

O CIÚME DA LÚCIA PARTE III

  Os últimos a chegar são a Filipa, muito grávida (o Gustavo que nem me fala em termos um outro filho! penso), o irmão mais velho acompanhados por uma mulher deslumbrante. Um espanto! ouço o Gonçalo a murmurar e a Rita dá-lhe um safanão. Há as apresentações, ela é todos sorrisos e em breve, é o centro do grupo. Os homens apreciam-lhe as piadas, dizem outras e eu fico com ciúmes ao ver o Gustavo a rir tão alto e tão descontraído. Aproximo-me de imediato, pego-lhe no braço e o meu marido olha-me desconfiado. Depois fica muito sério e abana a cabeça. Sei que vou ouvir um sermão em casa, mas não me afasto um milímetro e até encarrego a Clarinha de dar o biberão ao meu filho. A Clarinha protesta, veio para se divertir e não fazer de baby sitter e acaba por ser a Madalena quem fica com os miúdos. A tal Bia continua a dizer piadas, é simpática, murmura a Teresa, fala alto demais para meu gosto! contrario e a Teresa ri-se. O Luís acorda maldisposto, é melhor irmos para casa, digo e o Gustavo s

O CIÚME DE LÚCIA PARTE II

  Não falamos muito na viagem até casa do Bernardo. A sala é ampla, a Matilde decorou-a em tons suaves e abre para um grande terraço. O Bernardo está lá a preparar a mesa das bebidas, após um rápido abraço à Matilde, o Gustavo foge para lá. A Matilde tira-me o pudim das mãos, vamos colocá-lo aqui, diz, preparei este quarto para as crianças, continua, encaminhando-me para o sítio oposto do terraço. O chão está cheio de almofadões, também está decorado em tons neutros, mas o que é que se passa com esta mulher? penso, não trabalha em decoração? Porque é que escolhe estes tons tão baços? Os outros devem estar a chegar, avisa a minha anfitriã com um sorriso, fica á vontade, e saí discretamente. Ajoelho-me, dispo o anorak ao Luís, espalho os brinquedos dele e brinco um bocadinho com ele. Ouço a campainha, reconheço as vozes da Madalena e da Clarinha que aparece quase de imediato e oferece-se para ficar com o miúdo. Na cozinha, a Madalena cumprimenta-me com um sorriso, a Matilde estende-me um

O CIÚME DA LÚCIA

  Sou ciumenta, não consigo evitar... O Gustavo é um homem interessante, as mulheres gostam da companhia dele e tenho que estar sempre vigilante. Exageras, diz-me a minha Mãe, aquele homem está verdadeiramente apaixonado por ti e se não te controlas, vais ter problemas e graves! avisa. Mas não consigo vê-lo rodeado por mulheres a rirem-se das piadas dele, a discutirem assuntos actuais com desenvoltura e o Gustavo a responder entusiasmado. Será que a culpa é minha? Modifiquei-me quando o nosso filho nasceu, dediquei-me por completo ao bebé e o Gustavo queixa-se às vezes da minha falta de atenção. Podes deixar o miúdo cá a passar o fim de semana, vão para um spa, para um sítio romântico, aconselha a Mãe, voltem a conhecer-se, estabeleçam uma nova rotina a dois. Não sei, não consigo deixar o bebé sozinho, respondo e a Mãe suspira, por amor de Deus! Cresce, Lúcia, pensa verdadeiramente no que queres! São três agora, mas todos têm que ter momentos privados. É a minha vez de suspirar, ainda

MATILDE FIM

  A Bia revela ser uma mulher divertida, uma boa contadora de histórias e o riso é contagiante. Vejo a Lúcia voltar à vida, tornar-se a sombra do Gustavo que está a adorar ser provocado por uma mulher bonita. Até o Bernardo entra no jogo e o almoço mais parece ser uma festa de Carnaval. Os bebés começam a ficar aborrecidos, é hora do banho e do jantar, começa a despedida. A Mãe e a Clarinha ajudam-me a guardar a comida que sobrou, insisto que levem alguma coisa, eu e o Bernardo não comemos isto tudo, declaro. O Bernardo limpa o terraço, volta a colocar as plantas e arruma o quarto onde os bebés ficaram. A Mãe e a Clarinha despedem-se, eu estou cansada, sinto-me suada, preciso de um duche, confesso ao Bernardo, mas ainda não tenho coragem para isso. Eu também não, admite o meu companheiro, senta-te aqui, diz-me o que achaste da festa. Acho que foi um sucesso, a Clarinha não nos pode acusar de nada, replico, mas diz-me uma coisa: o que é que achaste da Bia? Pensei que a Lúcia ia explodir

MATILDE PARTE V

  T odos, incluindo os bebés, decreta o Bernardo solenemente, trazem alguma coisa. Eu e a Matilde oferecemos a casa, as batatas fritas e o frango de churrasco, o que provoca uma gargalhada geral. Acabamos por encomendar os frangos numa churrascaria perto de casa, tens a certeza disto? estou hesitante, mas o Bernardo apenas ri, vamos tratar da decoração do terraço, aconselha e passamos o resto da tarde a encher balões, a arrumar as plantas no nosso escritório, não quero que sejam destruídas! protesto. Até a Clarinha traz uma multa, uma grande caixa de chocolates, os meus favoritos, mostro o Bernardo que assobia, está de bom humor, a tua mana, segreda. A Mãe diz-me que ela tem um novo namorado, ela esquiva-se às perguntas, não sei bem quem é, se é colega de curso, estou a ficar preocupada e eu dou-lhe um abraço. Vamos pensar noutra coisa, hoje é dia de festa, observo, céus, trouxeram imensa comida! Se sobrar, o que é que faço? Congelas, não precisas de cozinhar por uns dias, diz a Mãe qu