O FIM DE SEMANA PARTE V

 

O almoço acaba por ser aborrecido, o Meireles e o Pai conversam imenso, os assuntos não nos interessam e os mais jovens discutem a nova estratégica política.

A Matilde mantém-se afastada do Meireles, este cumpre as regras de boa educação e respeita a distância que ela impõe.

Não te disse???, sussurro, passou-se ali alguma coisa... não sei o quê, mas vou descobrir! afirmo.

Não vais nada! e a voz da Rita é tão séria que me surpreendo, raramente vejo este lado da minha Tia, seja o que for que aconteceu entre eles, tu vais ficar quieta e calada! Tens idade suficiente para compreender que temos que respeitar as decisões dos outros!

Então, aconteceu alguma coisa e tu sabes! protesto e a Rita aperta-me o braço, até me magoa, eu disse para ficares calada! Respeita a tua irmã, respeita o Meireles e nem te atrevas a falar mais no assunto!

A Rosa fica pouco à vontade, porque é que não vamos ao cinema? Telefonamos ao Maurício, sugere, é uma excelente ideia, diz a Rita e afasta-se.

Despeço-me do Meireles, o Pai acena com cabeça, não sei se ouviu a minha explicação e a Rosa quase que me arrasta até à rua.

Tenho que concordar com a tua Tia, observa, é um assunto da tua irmã e se aconteceu alguma coisa entre eles, e não estou a dizer que não tenha, continua, se não quer falar nisso, vamos respeitar isso!

Eles andaram juntos, tenho quase a certeza, afirmo e a Rosa suspira, dá-me um encontrão.

Ás vezes, és muito teimosa, exclama, deixa os outros em paz...Até pode ter sido uma separação dolorosa e agora têm uma outra vida, não se querem lembrar da anterior, explica.

Mas não estou convencida, vou falar com a Matilde ou até com o Meireles na primeira oportunidade!

Não consigo falar com o Meireles, está sempre ocupado com seminários, coordenação de equipas, estás à espera do quê? e a Rosa está exasperada, achas que ele vai perder tempo contigo???

A outra alternativa é a Matilde, como não está a passar muito bem, está em teletrabalho, só vai à loja quando é extremamente necessário.

Resolvo fazer-lhe companhia naquele dia, hoje, não me apetece ficar sozinha, esclareço, mas também não quero estudar com a Rosa. Ela está atrasada nos trabalhos e sente-me muito pressionada!

Imagino! responde a Matilde, podes instalar-te no escritório, mas não faças barulho! avisa.

Sorrio, fico no lado da secretária do Bernardo, afasto papéis para o lado e abro os livros.

A Matilde manda imprimir qualquer coisa, depois estuda atentamente o croquis e começa a fazer alterações.

Então, começo, não gostaste de ver o Meireles? e a Matilde encolhe os ombros, é-me indiferente! o Pai é que ficou contente, comenta sem levantar a cabeça.

Eu acho que ele ficou contente por te ver, insisto e a Matilde ergue a cabeça, olha-me friamente.

Maria Clara, o que é que tu queres realmente? Não devias estar a estudar em vez de interromperes o meu trabalho? pergunta, e a que propósito estás a falar de Meireles? O que é que te interessa se ele ficou ou não contente de me ver?

Ok, só curiosidade, tu mal falaste com ele, pensei....continuo, pensaste o quê? grita a Matilde, por amor de Deus, Maria Clara, comporta-te como uma adulta.

CONTINUA


Comentários

Elvira Carvalho disse…
Ai esta Clarinha! Fonte de problemas devem ser os seus apelidos.
Abraço e saúde
Sofá Amarelo disse…
Meireles, o Pai, Matilde, Rita, Rosa, Maurício, Bernardo, Maria Clara... não é fácil gerir tantas personagens, não esquecer que até as telenovelas são escritas a várias mãos, e tu consegues encandear todas estas personagens e sempre com um fio condutor da melhor literatura. Muitos parabéns.

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