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A mostrar mensagens de novembro, 2019

CENAS DO PRÓXIMO CAPÍTULO

Bernardo não está muito satisfeito. Tratam-no como se fosse um paquete...  Ele, que tirou um curso de comunicação e, ao aceitar este estágio na editora, pensou... " Pensaste o quê? " interrompe a irmã " Que ias tomar decisões sobre a forma de gerir a editora? És mesmo um idiota!" O pior não foi a Célia dizê-lo, mas a Carolina concordar. " Mas, afinal de contas, és minha namorada; não me devias apoiar? " refila o Bernardo, mas a Carolina responde: " Não, quando acho que estás errado. Não seria honesto da minha parte!" Por isso, o Bernardo está de muito mau humor naquele dia e quando lhe pedem para arquivar uns manuscritos, fica ainda mais furioso. Já que lá está, porque não dar uma volta? São manuscritos rejeitados, o Bernardo sabe que serão destruídos em breve, mas até lá, pode ler alguns. O Detective Latitude acha que é importante conhecer bem o local do crime e é isso o que o Bernardo vai fazer. Alg

SOAP OPERA - FIM

Pois devia, mas Jaime está dividido entre escrever um novo policial do Detective Latitude ou criar uma nova personagem. Gostou muito da história do filho, estava muito bem estruturada e a personagem bem delineada. Explica a ideia ao Manuel, que, muito sério, concorda em lhe " emprestar " a personagem. " No fim do livro, escrevo que me baseei na tua personagem!" explica o Jaime, igualmente sério. " Não é preciso, Pai. Tenho a certeza de que a vais tratar muito bem!" responde o filho solenemente. O Jaime sorri, desafia-o para um jogo no computador e só param, porque a Madalena reclama. Seis meses depois, o Leonardo recebe o manuscrito. A história é simples, é sobre um estagiário numa editora e que sonha escrever o livro perfeito. Encontra no arquivo " morto " um manuscrito rejeitado e resolve reescreve-lo ao estilo policial. Tal como o Manuel imaginou, a personagem principal fala e age como se o Detective Latitude es

SOAP OPERA - PARTE V

A Judite explica que o objectivo era fazer uma homenagem aos avós, encontrou aquele maço de cartas e, como não é escritora, pediu ajuda a um autor consagrado. Ele recusou, talvez porque escreve livros policiais, mas não seria interessante o Detective Latitude tentar descobrir quem roubou as cartas? " Ela é louca!" diz o Jaime, mas o Leonardo faz-lhe sinal para continuar a ler. Felizmente, continua a Judite, encontrou uma editora independente que vai publicar as cartas tal como estão. O Jaime ri-se, mas o Leonardo está muito sério. " As cartas eram assim tão más?" pergunta o editor e quando o Jaime acena que sim, sorri finalmente. " Se ela queria publicidade, está a ter. Já recebi vários telefonemas de alguns jornais, a pedirem para comentares o assunto. O que queres fazer? " O Jaime não quer fazer nada; acha melhor ver o que acontece. O que acontece é um livro com cerca de cinquenta páginas, com uma capa a imitar as fotogr

SOAP OPERA - PARTE IV

" MANUEL ALEXANDRE, a personagem é minha! Não a podes utilizar sem o meu consentimento!" diz o Jaime muito sério. " O Manuel não ia fazer uma coisa dessas!" defende a Madalena e o irmão faz-lhe sinal para ficar calada. " Claro que não; a minha personagem fala muito no Inspector Latitude, porque é o herói favorito dele. Está sempre a perguntar: o que é que o Inspector Latitude faria nesta situação? " explica o Manuel " Sei muito bem o que são os direitos de autor!" acrescenta, ofendido. O Jaime sorri discretamente e por isso, desafia-os para um jogo. Quando a Carolina os vem buscar, o Jaime volta a reler as cartas e não está realmente interessado em escrever sobre isso. Por isso, resolve telefonar à Judite e dizer-lhe delicadamente que não está interessado. O que não esperava é que a Judite ficasse tão ofendida e o acusasse de ser um charlatão. " Um charlatão, minha senhora? Peço-lhe o favor de ter cuidado com as palavras.

SOAP OPERA - PARTE III

O Jaime suspira, recusa o café e paga o jantar. Ainda bem que não disse nada ao Leonardo; este cairia da cadeira com o riso. Em casa, abre o pacote das cartas.  São cartas de amor, muito simples, escritas num português antigo que lhe tornam difícil a leitura. Não vê o que poderá fazer com aquilo, talvez de manhã tenha alguma ideia. O telemóvel acorda-o por volta das onze, é a ex-mulher, combinou almoçar e passar a tarde com os miúdos, esqueceu-se? Claro que não, mente, toma um duche rápido, veste-se.  Felizmente, a D.Margarida já chegou, vai limpar tudo e a Carolina não o vai acusar de ter os filhos num ambiente " pouco saudável". O Manuel e a Madalena anunciam que querem almoçar no Mac'Donalds e o Jaime não os quer contrariar. A Mãe não gosta muito que comam a dita " comida de plástico", mas talvez seja possível um compromisso. Por isso, entram na Pizza Hut e partilham uma pizza familiar. Depois, tal como combinado, voltam

SOAP OPERA - PARTE II

O cartão é para ele. É um numero de telemóvel e o Jaime sorri satisfeito. Quem não está satisfeito é o Leonardo; conhece bem o Jaime e se aquela mulher lhe despertou o interesse, vai ser complicado saber quais são os planos futuros. O casamento do Jaime com a Carolina terminou, porque ele envolveu-se com uma stripper ao fazer pesquisa para um livro. Desapareceu durante seis meses quando ela casou com o Ricardo, não disse onde esteve, mas regressou com um livro interessante de contos. Por isso, o editor suspira e espera que este devaneio não o faça viajar para o Kuweit, Brasil ou Gronelândia durante seis meses. A Carolina pediria a custódia total dos miúdos e, por muitos defeitos que o Jaime tenha, adora o Manuel e a Madalena. Nessa tarde, o Jaime telefona para a mulher desconhecida.  Ela atende ao primeiro toque e a conversa é tão sensual que o Jaime convida-a para jantar. Escolhem um restaurante da moda e a Júlia, como se apresenta, é faladora. Tão falado

SOAP OPERA

O novo romance do Jaime, " Onde está o Manuel?" é um sucesso e o Leonardo está muito satisfeito. " Vais passar umas férias no Dubai à minha custa!" ri-se o Jaime, mas o Leonardo não está preocupado com isso. Quer saber quais são os planos do Jaime.  Vai continuar com a série sobre o Detective Latitude ou criar um novo personagem? O Jaime leva o seu tempo a responder; está indeciso.   Está um pouco farto da personagem e da sua atitude descontraída; talvez escreva uma " soap opera". " O que queres dizer com isso? " pergunta o Leonardo. " Muitas personagens, traições, ciúmes, mortes." diz o Jaime vagamente. Está mais interessado em observar as pessoas que estão no restaurante. Há uma mulher alta e loira que lhe chama a atenção.  Não é bonita, mas o entusiasmo com que fala ilumina-lhe o rosto. Sente que a observam e olha na direcção do Jaime. Sorri, os olhos verdes brincam com o escritor e este

VERA - FIM

Como trabalho de casa, a médica pede à Vera para encontrar formas de fortalecer a confiança. Como, a Vera fica pensativa, mas o sobrinho pede-lhe ajuda. Está a acabar a tese e pensa fazer um video.  A tia é tão criativa, tem uma voz agradável, é ideal para o que quer fazer. Os fins de semana são passados a discutir os vários ângulos do video e a Vera adora ver como a ideia está a evoluir. O resultado é óptimo e a Vera anuncia que vai voltar a estudar. Marketing digital, acrescenta, é o que a interessa verdadeiramente. Estás maluca? perguntam-lhe, mas a Vera tem a certeza absoluta e entre o emprego e o curso, a frustração,o desânimo que lhe enchiam o dia quase desaparecem. O sobrinho recebe uma proposta de emprego, o video é um ponto forte, mas ele confessa que teve também a ajuda da tia. A empresa pede para conhecer a Vera, que fica surpreendida, mas vai à entrevista. O curso de marketing digital é interessante, dizem-lhe, tem que terminar, mas ela será uma mais

VERA - PARTE IV

" Se calhar, foste tu a autora do crime, Vera!" diz a Helena maliciosa. " EU??? " repete a Vera, estupefacta. " Sim, vocês as duas estavam sempre a discutir e, às vezes, a Luísa tinha razão. A Vera é muito leviana!" acrescenta a Cristiana. " E ia matá-la? Vocês estão tolinhas?" responde a Vera, indignada. " Nunca se sabe!" continua a Cristiana " A Vera está armada em menina bem, trabalha só para si... nunca em equipa!" A Vera fica boquiaberta com a injustiça dos comentários e as outras duas riem-se. Esperam que desate a chorar, mas a Vera recompõe-se e comenta: " Lamento que pensem isso, porque, ao que eu saiba, nunca prejudiquei ninguém." e senta-se. É a vez das outras duas ficarem caladas. A atada, a idiota a fazer-lhes um discurso? E, tinham que admitir, ela não tinha prejudicado ninguém. Pensando bem, para atingir os seus objectivos, a Luísa não se importava de " calcar" fo

VERA - PARTE III

O roubo é o tema das conversas naquele dia e a Vera apercebe-se que as pessoas, com quem a Luísa trocava piadas e afins são quem mais a criticam. " São horas do Diabo!" resume a D.Clotilde, a faz tudo da empresa e não acrescenta mais nada. Vera está curiosa em saber como é que o serviço será organizado a partir de agora, mas, quando chega à empresa no dia seguinte, é impedida de entrar pela polícia. Pedem-lhe a identificação e só depois de verificarem os dados, é que abrem a fita que limita o perímetro. A Vera passa, olha para a entrada e vê um corpo.  Um sem-abrigo que morreu ali? A polícia faz-lhe sinal para seguir em frente, para contornar o edifício e na entrada lateral, raramente usado, está o Chefe à espera dela. " Entre, Vera! Explica-lhe já tudo:" e no átrio, que a D.Clotilde está já a arrumar, estão a Helena e a Cristiana, visivelmente chocadas. " Vera, alguém matou a Luísa e largou o corpo na entrada principal!" expl

VERA - PARTE II

Continua a achar que o problema está nela, a Vera confessa, mas a médica volta a insistir que não há culpas. As pessoas têm feitios, valores diferentes, mas se não há respeito, não há nada. A Vera quer acreditar no que a médica, mas depois daquela discussão, não vê como ultrapassar a questão. Nota que a colega está a troçar dela, mas a Vera mantém o mesmo tom de voz, baixo, calma quando lhe responde que é só uma colega de trabalho, não tem que lhe dar ordens. A colega fica muito séria, diz-lhe que é tão criança, nem parece ter a idade que tem e a Vera não compreende muito bem se foi insultada, se devia ter dito mais alguma coisa. Decidiu que era melhor esquecer, ignorar os comentários idiotas e concentrar-se no que gosta de fazer. Mas, um dia a discussão com a colega é tão grave que o Chefe a aconselha a tirar uns dias de férias. Porquê ela e não a outra, mas não se atreve a perguntar, o Chefe diz que falam quando ela regressar. Assim, a Vera vai passar

VERA

" Respira fundo, Vera, não mostres medo!" pensar é fácil, agir é mais complicado e a Vera sente-se muito sozinha. Culpa sua, talvez, mas rejeita de imediato o pensamento.  A médica não quer que pense nisso, tem apenas que compreender que não faz parte da vida daquelas pessoas, que nunca foram suas amigas. Toleram-na apenas, é alguém que trabalha com eles e não existe fora do escritório. Mas o pior, acha a Vera, é a divisão entre as pessoas, trabalham na mesma empresa, mas a médica diz que está a ter uma visão muito romântica da vida. Será?  Encontre os seus próprios amigos, invista nas coisas de que gosta, seja quem é e não uma sombra, aconselha a médica. Mesmo que os outros não gostem? E a médica apenas sorri, porque a realidade é essa. Encontramos pessoas com quem estabelecemos laços para toda a vida e outras que não suportamos. E, com isto em mente, a Vera abre a porta e entra. Há sorrisos, oh, pá, estás melhor, mas esquecem-na pouco d

O REGRESSO - O FIM

O almoço até corre bem, a Sandra não está propriamente à vontade, mas a Cristina está bem disposta e só conta anedotas. Combinam que, pelo menos um vez por mês almoçam juntas.  Naquela restaurante ou noutro e cada uma paga o seu. A Sandra agradece a companhia e desaparece na sala do arquivo.  Diz que tem muita coisa a catalogar, mas talvez se encontrem na cafetaria mais tarde para um café? Porque não? pensam a Carla e a Cristina, uma troca de palavras amáveis é essencial para a vida. " Pena a Beatriz!" comenta a Carla nessa noite " A Sandra mostrou-se um pouco hesitante, um pouco indecisa, mas suspeito que está a reaprender a viver..." " Vai demorar a confiar nas pessoas." confirma o Brites " Não te preocupes com a Beatriz, parece-me ser aquele tipo de pessoa que é um herói quando tudo corre bem, mas esquiva-se quando as coisas dão para o torto." " Sim, porque ela também alimentava a troca de comentários impróprios.

O REGRESSO - PARTE V

Naquela tarde, a Carla encontra a Sandra a chorar na casa de banho. A outra tenta recompor-se, mas a Carla apenas lhe aperta o ombro em sinal de solidariedade. " Se precisar de ajuda, posso indicar-lhe um grupo de apoio." e a Sandra olha-a com curiosidade. A Carla sorri-lhe e continua a falar: " Parece que o tempo vai melhor! Amanhã, vamos almoçar no restaurante da esquina, porque não vem connosco? " Surpreendida, a Sandra aceita e a Cristina, que entra nesse momento, acrescenta: " Espero que goste de bacalhau no forno. É o prato do dia e é muito bom!" " Sim, gosto muito. Com batatas a murro? " diz a Sandra. " Com tudo a que temos direito!" e as três riem. A Carla pede desculpa, tem que se ir embora, já está atrasada para ir buscar a Sofia e separam-se no átrio. No dia seguinte, a Beatriz pergunta à Carla: " Vocês convidaram a Sandra para almoçar connosco? " " Qual é o pr

O REGRESSO - PARTE IV

" A Sandra voltou hoje, mas está diferente!" e, em resposta à pergunta muda do marido, a Carla explica " Está mais magra, mas até precisava, mas nota-se que está assustada com qualquer coisa." " Com quê? " interrompe o Brites, mas a Carla encolhe os ombros. " Não sei! Acho que ela foi, está a ser vítima de violência doméstica. Ela que gostava de tops e saias curtas, aparece agora com camisas de manga comprida e lenços ao pescoço." " Pode ser sinal de violência... mas não podes abordar a questão frontalmente!" aconselha o marido " É uma questão muito complicada, tens que estar segura disso para não a afastares!" " Sargento Filipe Brites, conheces-me. Sou a discrição personificada!" interrompe a Carla. No dia seguinte, a Carla convida a Sandra para um café, mas esta recusa. Tem os olhos vermelhos, deve ter chorado e, como o lenço está um pouco torto, a Carla vê que parte do pescoço da Sandra e

O REGRESSO - PARTE III

" Se calhar, meteu baixa!" responde o Brites quando a Carla lhe conta as peripécias do dia. " A Sandra? Gaba-se de nunca ter estado doente!" " Nem uma constipação?" ri-se o Brites, mas a Sofia chora nesse momento e a Carla deixa-o sozinho na sala. Quando regressa, está tão cansada que acaba por adormecer no sofá. O Brites tem pena dela e não a acorda.  Se a Sofia chorou de noite, a Carla não deu conta e pela cara do Brites, é fácil adivinhar de que a rapariga passou bem a noite. Na empresa, todos falam da Sandra. Alguém da família, não se identificou, entregou o papel da baixa. " Acreditas nisto? " pergunta a Beatriz " A Sandra de baixa? Dizia sempre que era de aço inoxidável." "Às vezes, é melhor a pessoa ficar calada. No fundo, a Sandra é muito insegura!" comenta a Cristina. " O quê? Com aquela língua afiada? " espanta-se a Beatriz. " Sim, é uma forma de esconder que é

O REGRESSO - PARTE II

A Sandra continua a fazer comentários irónicos e a Beatriz tenta controlar-se. A discussão torna-se-ia agressiva, se a Clara, a calma em pessoa, não decidisse intervir. " Ou calam-se ou chamo o Chefe, porque há aqui pessoas que querem trabalhar." e como, nem a Sandra nem a Beatriz querem falar com o Chefe, calam-se. A meio da tarde, telefonam da creche, a Sofia está agitada, tem febre, talvez seja melhor levá-la ao médico e a Carla saí a correr. Não assiste à discussão que a Sandra provoca com um comentário estúpido relativamente ao vestido que a Beatriz comprou à hora de almoço. Apesar dos conselhos práticos da Clara, as duas discutem tão alto que o Chefe ouve e pede uma explicação. Como não está habituado a trabalhar com " miúdos malcriados", diz, pede-lhe para se apresentarem no gabinete dele no dia seguinte às nove horas em ponto. Naquele dia, a Carla só vai de tarde, teve que deixar a Sofia em casa da Mãe e fica admirada por ver a

REGRESSO

Carla não sabe o que fazer. O nascimento da filha mudou as prioridades e o regresso ao trabalho não está a ser fácil. As pessoas estão diferentes.  Dantes, havia um ambiente de cumplicidade, de partilha e agora, há uma frieza, uma tal arrogância que o melhor é fingir que não existe. Mas é impossível ignorar, as pessoas explodem rapidamente e fazem observações maldosas.  A Carla sente-se encurralada, começa a sentir-se infeliz e mal pode esperar que o dia de trabalho acabe para rever a filha e marido. O Brites aconselha-a a candidatar-se a outro emprego, mas a Carla está hesitante. Mas o que se passa naquela manhã torna a decisão mais fácil. A Beatriz critica a " faz tudo " da empresa por não dizer " bom dia" e esta insurge-se, dizendo: " Não posso fazer o que eu quiser? " e a Beatriz perde a cabeça e pergunta: " A Sandra é uma grande malcriada! Nunca lhe disseram que dizer " bom dia" faz parte das r