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A mostrar mensagens de janeiro, 2023

A VIAGEM PARTE II

  Neste momento, não estou interessado na tua opinião, responde o Tio António, a Mãe acaba de morrer e tu já estás a fazer um filme! Ninguém vai a lado nenhum sem que saiba o que diz o testamento da Mãe... Depois decide-se... Ah, contrapõe a Mãe, vai continuar tudo como dantes! A quinta, o alojamento local, os eventos... Porque é que não vendemos tudo e cada um faz o que quer com o dinheiro? Eu oponho-me veementemente, interrompo, trabalho aqui, estou a construir o meu futuro... nem que tenha que comprar as partes dos tios.... Está calado, grita a Mãe, não sabes o que dizes!!!! Podemos vender isto e ir cada um à sua vida... A Teresa é que terá que procurar outros fornecedores, acrescenta trocista. Eu vou ter que sair antes que faça alguma asneira, exclama o Tio Gonçalo, quem se opõe veementemente, e acentua a palavra, a qualquer sugestão que faças! Não se muda nada, estás a ouvir? e saí da sala. A Tia Rita suspira, vocês desculpem, murmura e segue o companheiro, mas nada há a desculpar

A VIAGEM

  O funeral da Avó é triste, veio imensa gente, estou cansado de ouvir tanta gente a dizer que ela era uma santa, que tinha sempre tempo para ouvir os nossos problema, ah, que falta nos vai fazer! Voltamos a casa, a Lena organizou um pequeno bufete, mas eu não tenho vontade de comer nada e fico cá fora. Está um dia cheio de Sol, mas muito frito, deixei as luvas não sei onde, provavelmente na igreja. Alguém pousa-me a mão no ombro, assusto-me, é o Tio Gonçalo, estás bem? pergunta, sempre pensei que a minha Mãe era eterna! Também eu, confesso, esteve sempre presente na minha vida, é a minha referência e o Tio Gonçalo sorri. Não falamos por uns minutos, ambos a recordar a Avó, sempre com um sorriso e uma palavra de apreço, o que vai acontecer agora? questiono. O Tio Gonçalo encolhe os ombros, para já, acho melhor não mexer em nada, diz, estamos a ter lucro, seria idiotice nossa se dividíssemos o património agora! Mas esta é a minha opinião, não sei o que pensam o António e a tua Mãe! Não

O DILEMA DO MIGUEL FIM

  A vida tem tudo para correr bem, aprovamos o projecto da Matilde, ainda ficamos uns dois meses no estúdio, mas em Outubro, mudamos para a casa nova. Há uma nova rotina, adapto-me rapidamente ao ritmo da nova empresa, a Noémia também está a considerar aceitar um novo emprego. E continua a haver as reuniões de família em que todos falam e riem alto, que transformam os dias mais sombrios numa chuva de arco-íris. Com a chegada de Dezembro, eu e a Noémia decidimos ir para fora com uns casais amigos, ainda sugeri irmos para uma das nossas casas de alojamento local na Vila, mas a minha companheira rejeitou a ideia. Por isso, aqui estamos numa pequena estalagem confortável no sopé da montanha, podemos subir e fazer ski ou descer até à vila, explorar as ruelas medievais e os restaurantes típicos. Estamos os dois descontraídos, prontos para qualquer aventura, mas não para o que acontece naquela manhã. Acabamos de tomar o pequeno almoço, decidimos descer até à vila e daí ir até a uma quinta fam

O DILEMA DO MIGUEL PARTE V

  Quando o Matias e a Zezinha casam numa cerimónia muito simples numa das nossas casas de alojamento local da Vila, eu e a Noémia somos já considerados como um casal. A Nóemia é uma pessoa divertida, equilibrada, entendemos-nos muito bem. Falamos em casamento, comprar uma casa maior, mas decidimos ter calma, há algumas questões a resolver. Tais como? pergunta o tio Pedro curioso, fizeram-me uma proposta de trabalho interessante, conto, como Director de Departamento, o salário é três vezes mais do que o actual, carro.... Do que é que estás à espera? interrompe o tio, é uma boa oportunidade, tu és um excelente profissional, ouço falar de ti, sabes??? Fico admirado, quem? mas o tio encolhe os ombros, não interessa, o que é importante é essa proposta!!! diz, qual é o problema? insiste. Parece tudo perfeito demais, confesso e o tio Pedro ri-se, nada é perfeito, será mais exigente, mas vais conseguir superar... e se não te agradar, podes sempre sair... Com o teu bom nome, és convidado para t

O DILEMA DO MIGUEL PARTE IV

  E é isso que queres? pergunta a Mãe calmamente, tens que dar um rumo à tua vida, Miguel. Adoro ter-te cá, a casa enche, mas tens que viver a vida com as tuas próprias regras. Sorrio, dou-lhe uma palmada amigável na mão, estou efectivamente a pensar em alugar ou comprar um apartamento, confesso, sei que há um pequeno estúdio no bloco de apartamentos aqui ao lado, talvez vá lá ver. Acho que sim, concorda a Mãe, se precisares de ajuda na decoração, eu ou o Matias ajudamos-te com todo o gosto. Convido a Noémia a ir comigo, depois jantamos e conversamos um pouco? sugiro e ambos gostamos do espaço. É um " open space" com grandes janelas que deixam entrar o Sol, posso colocar biombos para marcar o espaço de dormir, da sala, comento e a Noémia acha que é uma boa ideia. O Matias vai delirar, aquele meu irmão é mesmo um artista, observo, eu sei, já vi alguns dos trabalhos dele e são espectaculares, responde a Noémia, a tua Mãe é que trabalha em decoração? Sim, a Mãe tem uma pequena e

O DILEMA DO MIGUEL PARTE III

  Sinceramente, não sei, confesso, não tenho pensado muito no assunto. Acho bem que o faças, diz a Inês, irreverente como sempre, ou queres ser conhecido na família como o tio Maluco? Que casou com alguém que lhe fez a vida negra e voltou para casa da Mãe??? Respeito! atalho de imediato, mas a Inês apenas ri, no fundo ela tem toda a razão. Nem todas as mulheres são iguais à tua ex, a Zezinha até aí calada atreve-se a opinar, talvez devas sair com um grupo diferente de pessoas, ir a sítios diferentes. É isso, corrobora o Matias, porque é que não vens sair connosco? Temos um grupo interessante e hoje vamos a um restaurante novo, quem sabe? acrescenta, podes conhecer o amor da tua vida. Eu também vou, afirma a Inês, quero observar as candidatas e eu atiro-lhe com uma tangerina. O que dirão os vossos amigos? pergunto, sou mais velho que eles, não quero que fiquem pouco à vontade! Não penses nisso, protesta o Matias, há pessoas no grupo que são da tua idade, e a Zezinha sorri, insiste també

O DILEMA DO MIGUEL PARTE II

  Podes sair de casa da tua Mãe, sugere o tio Pedro, até mesmo procurar um novo emprego, mas a verdade é que ainda não me sinto preparado para isso. Despedimos-nos à porta do bar, fico surpreendido quando vejo a Mãe a Filipa sentadas na cozinha, muito sérias, muito tensas. O que é que se passa? pergunto e a minha irmã conta-me que está a pensar em ir viver com o colega, que propôs à Mãe alugar ou vender o andar em baixo, explica, e eu ficava aqui! Tens que concordar que a casa é grande demais para a Mãe, a questão da herança resolvia-se depois! Estás doida! exclamo, não vais fazer nada disso, a Mãe não saí daqui, aluga ou compra o andar em baixo, faz as obras que entenderes, mas a Mãe não saí daqui! insisto. Não estás a perceber nada, interrompe a Filipa, a Mãe não precisa de uma casa tão grande! Os miúdos adoram esta casa, para quê levá-los para outro local? Já disse, a Mãe não saí daqui, repito, os miúdos até vão gostar, podem sempre subir as escadas e vir até cá ter com a Avó... És

O DILEMA DO MIGUEL

  Depois do divórcio, voltei para casa da minha Mãe e embrenhei-me no trabalho de tal forma que a Mãe achou melhor intervir. Por isso, desligo o telemóvel de trabalho às sextas às sete da tarde e ligo-o na segunda de manhã às nove. Passo os fins de semana no ginásio, saídas com os amigos e os domingos, alguém da família organiza um almoço. É uma vida agradável, tive um ou dois affairs sem importância, viajei para um local exótico com uma delas, mas decidimos que era melhor sermos apenas amigos. Sei que a Mãe está preocupada comigo, a Filipa parece ter esquecido o Tadeu, conheceu alguém novo, voltou a sair, mudou o penteado e o estilo, está feliz. O Matias está a ter sucesso como designer de interiores, ele e a Matilde inovaram, renovaram a estrutura da empresa da Mãe. Ele e a namorada, a Zezinha Vaz falam em casar no próximo ano, que raio de nome tem a tua querida! goza a mana Inês sempre irreverente, porque é que não pode ter um nome normal como o resto do pessoal? e foge no momento c

A CONVERSA NO BAR FIM

  Na semana seguinte, recebo por email um contrato " para analisar e devolver assinado ", especificam, confirmando todas as condições discutidas com o Engenheiro e estipulando um salário bem generoso. Fico calado por uns minutos, a Sofia quase que me arranca os papéis da mão para ler atentamente. Boa, por esta não esperava! confessa, também vou receber um aumento e com isto, aponta para o numero escrito no contrato, podemos gerir a vida sem grandes obstáculos. Temos que ser cuidadosos, claro está, mas não estaremos com a forca na garganta. Isso significa que podemos ir jantar fora? sugiro, a tua Mãe fica com o miúdo e nós vamos usufruir de uma noite romântica. Afinal, já não podes ficar grávida, acrescento e a Sofia atira-me uma almofada. Durante o jantar, decidimos que se for uma menina, chamar-se-á Carlota (que raio de nome, protesta a Sofia, vai ser gozada na escola!) e menino, Duarte. Padrinho tem que ser o Tadeu, replico, a madrinha, podes escolher tu! não achas que não

A CONVERSA NO BAR PARTE V

  Ouve atentamente as minhas explicações, depois expõe o que tem em mente: formar uma pequena equipa, participar em mini-maratonas, patrocinar outras. O objectivo é estabelecer a ponte entre a vida profissional e pessoal dos colaboradores, aceno que compreendo, proponho uma pequena avaliação física, depois um treino especifico para preparar os músculos antes da aventura propriamente dita. É então que ele fala num ginásio, há um espaço enorme que podemos adaptar, diz, será exclusivo aos colaboradores e familiares. Podemos ter outras modalidades. Fico interessado, Escalada? Pilates? Yoga? pergunto e o Engenheiro sorri-me, isso será para discutir na próxima reunião, quero que conheça as pessoas que estão interessadas em fazer corrida e a partir daí, estabelecemos objectivos. Fica combinado um encontro no sábado de manhã, estou entusiasmado, conto ao Tadeu, se ele abrir um ginásio na empresa, pode ser a minha chance! O Tadeu ri-se, tem calma, aconselha, vê o que acontece no sábado de manhã

A CONVERSA NO BAR PARTE IV

  A Sofia volta a telefonar-me, atendo, prometo ir jantar a casa, meto a roupa suja num saco e quando chego, o miúdo já está na cama e o jantar está na mesa. A Sofia está irritada, está frustrada, deixo-a desabafar, só quando faz uma pausa é que falo. Fui apanhado de surpresa, respondo, sei que não é desculpa, a nossa situação financeira não é das melhores, mas encontraremos uma maneira para que tudo resulte. Também estou assustada, confessa a Sofia, não ajudou termos aquela discussão idiota! Foi um descuido da nossa parte, mas ele está aqui, já faz parte da nossa vida. Temos que ser mais ponderados, interrompo, mais cuidadosos, durante uns tempos, teremos que prescindir de algumas coisas. Foi pena o teu irmão não me ter convidado para trabalhar com ele, onde estou... não vejo grande futuro lá. Não te queria a trabalhar com o meu irmão, diz a Sofia, o Gonçalo é um grande idiota, é meu irmão e adoro-o, mas às vezes, tem umas atitudes... Acabo por lhe contar da reunião que tenho marcada

A CONVERSA NO BAR PARTE III

  Volto a ignorar os telefonemas da Sofia, resolvo passar a noite em casa dos meus Pais. Quando sabem o que aconteceu, coitada! deve estar assustada, preocupada, diz a minha Mãe, e em vez de a apoiares, estás aqui feito idiota! e o meu Pai pergunta-me porque é que o teu cunhado não te convidou para trabalhares com ele no ginásio chique que abriu? Encolho, não sei, o Gonçalo lá terá as suas razões, sou vago na resposta, o meu Pai suspira, acho que devias abordar o assunto, esclarecer o porquê, aconselha, afinal de contas, são família! O jantar decorre num ambiente pesado, sinto-me envergonhado, no fundo, sei que têm razão, estou a ser cobarde em não quer enfrentar a situação. No dia seguinte, saio antes deles se levantarem, volto a tomar duche no ginásio, a Sofia deixa-me vários SMS, acabo por lhe responder laconicamente, falamos esta noite! Embrenho-me no trabalho, só paro à hora de almoço, vejo que o Tadeu tentou telefonar-me, devolvo-lhe a chamada. Oh, pá, tenho excelentes notícias!

A CONVERSA NO BAR PARTE II

  Acordo num sofá numa sala que mais parece um acampamento, no telemóvel há várias chamadas não atendidas da Sofia. Ela vai matar-me, penso, mas não tive tempo com o Tadeu a sentir-se mal, eu e a Clarinha tivemos que o trazer à pressa. Ficas bem sozinho com ele? pergunta-me a Clarinha quando o deitamos na cama desfeita, aceno que sim e ela vai-se embora. O Tadeu sossega depois de vomitar, sinto-me tão cansado que me deito no sofá. Olho para o relógio, estou atrasado, tomo duche e o pequeno almoço no ginásio, tenho que pensar numa desculpa para dar à Sofia. Seja qual a desculpa que der, a Sofia não vai gostar nada, tenho que ser honesto, por isso, adio o telefonema. O telemóvel toca à hora de almoço, estou numa pausa, resolvi almoçar no café ao lado do ginásio, é o Tadeu. Oh, pá, tu desculpa-me, diz, fui um idiota a beber daquela maneira ontem à noite, nem me lembro como fui parar à minha cama. Não te preocupes com isso, declaro, como é que te sentes? Nem sei como vou trabalhar, respond

A CONVERSA NO BAR

  Tenho uma discussão violenta com a Sofia e enfio-me no primeiro bar que encontro. Surpresa, surpresa, encontro o ex da Filipa, Tadeu? Telmo? Tobias, não sei bem e acabamos os dois por nos sentarmos a uma mesa a trocar confidências. Tenho uma vaga ideia de que ele se queixou do novo namorado da Filipa, um médico lá da clínica, conta, os meus filhos estão entusiasmados com ele, é um desportista e eles adoram isso. Tens que pensar em regressar ao ginásio, interrompo, porque é que não te inscreves no novo ginásio do Edgar e do Gonçalo? Oh, pá, responde, não quero misturas ou esqueceste que o Edgar é irmão dela?  Não, não esqueci, exclamo, como também não esqueci que não me convidaram para trabalhar lá e o Gonçalo é irmão da Sofia! Somos uns desgraçados, uns incompreendidos! lamenta o Tadeu, temos que dar a volta por cima, aconselho, não vou desperdiçar as minhas energias com isso. O Tadeu acena com a cabeça, pede mais um copo, mas eu recuso, já bebi o suficiente. Ora, ora, vejam quem é q

O GINÁSIO FIM

  Não gostamos do primeiro espaço, o Edgar acha que a ventilação no segundo é insuficiente, mas adoramos o terceiro. Open space, diz o Edgar, podemos adaptar as salas ao tipo de aulas, naquele canto, ficam as Máquinas, decide. Neste lado, podemos fazer uma parede de escalada, interrompo e o Edgar sorri-me, pede mais detalhes ao agente imobiliário. Agora só falta apresentar a proposta aos investidores, o teu Pai pode ajudar-nos nisso, continua o meu primo. É complicado concluir a proposta, é preciso apresentar uma estimativa de custos de material, funcionários, etc, têm que ter uma pequena cafetaria, que sirva refeições leves e nutritivas, avisa a Filipa. É uma autêntica dor de cabeça, confesso ao Edgar que encolhe os ombros, vai valer a pena, temos que nos esforçar para que resulte! acrescenta. Os nossos investidores aceitam a proposta, eu e o Edgar começamos a contactar os fornecedores de material desportivo, o Matias visita o espaço, apresenta-nos sugestões até para a farda dos funci

O GINÁSIO PARTE IV

  A Mãe escuta atentamente o meu desabafo, suspira e aperta-me as mãos, nem todos podemos ser um génio financeiro, diz, és um homem prático, de acção, mas o facto de admitires isso e procurares alguém que te ajude a concretizar as ideias, prova que és uma pessoa interessada, assertiva, inteligente. Suspiro também, a verdade é que nunca me vou entender com o Dinis, admito, sei que a Sofia o adora, eles têm uma relação excelente, mas não sei há qualquer coisa nele... não sei explicar. A Mãe não diz nada, está atrasada para uma reunião, a Madalena deve pensar que fugi, explica, é um novo fornecedor, estamos muito interessadas nos produtos dele, e saí. Eu resolvo ir até ao Centro da Vila, exponho a ideia que eu e o Edgar tivemos, a direcção mostra-se receptiva. Almoço na Pousada da Vila, a cozinha é excelente, pode ser um bom local para as pessoas ficarem para os eventos que organizarmos na Primavera e no Verão, esclareço mais tarde quando me reúno novamente com o Edgar. O meu primo está e

O GINÁSIO PARTE III

  O Edgar telefona-me nessa tarde, vem lanchar comigo, convida, já tenho uma lista de contactos e uma série de ideias que quero discutir contigo. Fechamos-nos no quarto dele, o Edgar traz da cozinha um tabuleiro bem recheado e abre um ficheiro no computador. Este é o esquema das actividades que podemos desenvolver, explica, eu tenho formação em Pilates, posso investir nisso. Body Balance é outra área que podemos explorar... E surf e escalada? interrompo, o Edgar suspira, podemos fazer uma parceria com o Centro da Vila e organizar aulas, workshops, fins de semana nos meses de Verão. Isso interessa-me, respondo, gosto mais de desportos outdoor, mas também os posso adaptar ao ginásio, cycling bikes ou step ou mesmo PT. Boa, concorda o meu primo, achas que devemos fazer uma visita a alguns ginásios, ver o ambiente, decoração, o que oferecem, etc. Como é que vamos fazer isso? Usufruímos de aulas gratuitas para ver se gostamos? sugiro, não será pouco ético? Podemos fazer isso, concede o Edga

O GINÁSIO PARTE II

  Não entendo nada das explicações que o Pai dá, vejo que ele começa a perder a paciência, pois a minha ignorância é total e as perguntas que faço, admito mais tarde aos meus primos, são mesmo idiotas. Oh, pá, se queres a minha opinião, diz o Miguel, investe no que és bom. Podes ser sócio trabalhador, por exemplo, mas não te metas na parte administrativa e financeira! Pois, muitos negócios falham, porque as pessoas não têm qualquer noção comercial e financeira, concorda o Matias, e eu sei do que estou a falar! Trabalho na empresa da Mãe, ela deu-me uma pequena quota, mas essa parte deixo para o Miguel. Talvez tenham razão, penso, claro que os meus irmãos têm razão, defende o Edgar quando nos encontramos nessa noite para beber um copo, estou a pensar a fazer o mesmo, mas nunca como sócio gerente! Porque é que não abrimos um ginásio juntos? sugiro, temos é que encontrar investidores, pessoas que sejam responsáveis pela gestão e nós pela parte operacional. O Edgar olha-me surpreendido, af