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A mostrar mensagens de outubro, 2017

O DESAPARECIMENTO - PARTE II

Claro que elaborei um plano e segui-o à risca. Sondei os meus contactos e através deles, conheci outras pessoas que me ajudaram a preparar a minha fuga. Escolhi Agosto para ter uma desculpa plausível e na data prevista de regresso, não apanhei o avião. A minha irmã estava no Aeroporto, à minha espera e quando não apareci, contactou a polícia, a companhia aérea, a agência de viagens, o hotel. A informação foi unânime:  paguei um bilhete de ida e volta, estive hospedada naquele hotel a semana inteira e apanhei um táxi para o aeroporto. O que aconteceu entre o hotel e o aeroporto... ninguém sabe.  Sei eu... Apanhei um outro voo para um outro País, mudei de nome e de aparência. Se sou mais feliz?... Não sei... Apenas controlo a minha vida doutra maneira. CONTINUA

O DESAPARECIMENTO

Esta é a história do meu "desaparecimento"... De quem julgou que morri... De todos aqueles que ainda falam com carinho de mim... Mesmo daqueles para quem o conhecer-me era dar-me os bons dias e um " como passa? "... Porque a vida continua e se escolhi não fazer parte da deles... não os posso censurar... Talvez deva explicar o porquê de ter um dia simplesmente desaparecido... Cansada, angustiada, desprezada... E, nunca ninguém se devia sentir assim... Por isso, um dia, abri a porta e parti... Tão simples como isso... Deixei ficar muitas questões no ar. O porquê, o como, o não acredito... Mas acreditem: eu fugi e recomecei do nada, noutro local, com pessoas que não me conheciam. CONTINUA

DESCOBERTAS - FIM

" Não sei o que pensas fazer, Joaquim, mas eu vou beber uma ginjinha ao mercado." sugere o Luis quando ficam sozinhos. " Pensei que tinha deixado isso!" replica o ex-segurança. " E deixei!" confirma o sócio " Mas este almoço foi dramático e pede medidas extraordinárias." explica. " Então, vamos lá. Vamos deixar a Letícia em paz." concorda o Joaquim " Não sei o que se passa com ela. Ultimamente, tem estado de um mau humor tal que até os funcionários se estão a queixar." Em breve, Letícia descobre a razão de tão " mau humor".  Está grávida e a notícia faz com que todos respirem de alívio e lhe perdoem os comentários injustos. Entusiasmada com a ideia de ser mãe, lança uma nova linhas de bolos própria para futuras mães, chás de bebés e batizados. Joaquim torna-se aborrecido de tanto falar no filho e o Luis exige ser o padrinho. Quanto à Esmeralda, concretiza a sua ideia de bolos feitos com mel e ervas

DESCOBERTAS - PARTE V

" Sim, Letícia, tem calma!" aconselha o Luis também irritado " A Esmeralda ainda não sabe bem o que vai fazer e tu estás já a armar confusão." Letícia senta-se contrariada e mal toca na comida que os outros apreciam imenso. A Esmeralda responde calmamente às perguntas dos dois homens. Mas pouco fala sobre o passado, embora lhe peça desculpas se os ofendeu de alguma coisa. Joaquim pergunta-lhe se ainda canta o fado. " Fado??? " Esmeralda ri-se " Nunca mais! Foi um sonho ridículo e quase me destruí. E, não vale a pena!" acrescenta. " Mas ajudou-te a definir prioridades!" comenta o Luis. " Ah, sim, ainda tenho um longo caminho, mas está tudo a correr bem. Não posso é desistir!" responde a antiga fadista. Letícia não se contém e diz pausadamente: " Não acredito em ti! Não quero as tuas desculpas, não quero saber do teu negócio, não te quero ver mais! E, NÃO TE ATREVAS A DAR-ME CABO DO NEGÓCIO!

DESCOBERTAS - PARTE IV

Para quem tinha tão mau gosto, a Esmeralda está decididamente diferente. Calças pretas de corte clássico; uma túnica estampada em tons de branco e vermelho e os acessórios em vermelho. Se está maquilhada, é muito discreta e o corte de cabelo é moderno e assenta-lhe bem ao formato do rosto, repara o Luis. Em contrapartida, a Letícia exagerou no vestuário e na maquilhagem.  " O que se passa? " sussurra o Luis, mas o Joaquim abana a cabeça e aconselha baixinho: " Não queira saber..." " Então, Esmeralda, quais são os teus planos? "  diz alto o Luis. " Estou a pensar em abrir novamente a banca no Mercado. Com doces, claro, mas vou introduzir algumas mudanças. Vou utilizar ingredientes naturais como o mel, ervas aromáticas..." " O QUÊ? " interrompe a Letícia, assustando os outros clientes " Vais fazer-me concorrência? "  Esmeralda fica surpreendida e explica: " Não, não. Não é gourmet; é apenas

DESCOBERTAS - PARTE III

Esmeralda regressa à pensão discreta onde se hospedou. Joaquim e Letícia discutem calorosamente. Ele quer ouvir o que a Esmeralda tem para dizer; ela recusa-se. Quando o Joaquim tem a ousadia de sugerir que a contratem para trabalhar na loja (precisam de uma outra doceira), a Letícia fica muito corada e fecha-se à chave no quarto. Joaquim suspira e faz a cama no sofá. Quanto ao Luis Abençoado, vai passear com o cão. A vizinha faz-lhe companhia e passam meia hora a discutirem as raças, os hábitos alimentares e afins dos cães. Quando regressa a casa, depois de dar de comer ao cão, resolve telefonar ao Tadeu. Este atende-o à primeira tentativa e fica verdadeiramente surpreendido quando sabe que a Esmeralda regressou à vila. " Ela está bem? " pergunta " Sim, ela esteve aqui no Bar para me pedir desculpa, mas não disse nada sobre um possível regresso." " Pois, está cá e já está a armar confusão com a Letícia." confirma o Luis &

DESCOBERTAS - PARTE II

" O passo nove." responde Esmeralda. " Ah, compreendo!" diz o Luis. " O que é isso?" indaga a Letícia, mas o Luis interrompe-a: " Estás, então, a pedir desculpa a quem ofendeste?" " Sim." confirma a antiga doceira " Já falei com o Tadeu; ele ajudou-me muito. Não apresentou queixa quando lhe dei o tiro...." " O QUÊ?" grita a Letícia " Deste um tiro ao Tadeu? Também nos vais dar um tiro??? É preciso ter lata..." " Oh, Letícia, tem calma." atalha o Joaquim " Deixa a Esmeralda falar! Isto está a ser difícil para ela...." " Difícil para ela? E, para mim? " reage a namorada " Encobri-a, ajudei-a na banca e ela quase arruína as nossas vidas...." Esmeralda começa a chorar e o Luis apressa-se a intervir. " Calma, muita calma! Estamos todos muito exaltados. É melhor falarmos amanhã! O que dizem?"  Os outros concordam...  Está

DESCOBERTAS

" Ai, meu pobre Jacinto!" lamenta-se Esmeralda. " Meu Pobre Jacinto?" repete, indignada a Letícia " Trataste-o abaixo de cão e dizes isso??? " o que faz com que Esmeralda chore ainda mais. " Oh, Letícia, tem calma!" aconselha o Joaquim e o Luis abana a cabeça em sinal de concordância. O relógio marca sete e meia da tarde; a loja está fechada e a Letícia preparava-se para a limpar quando a Esmeralda bateu à porta. O Joaquim abriu-lhe a porta e estavam os três sentados na cozinha a beber chá e a comer os últimos bolos quando o Luis apareceu. Não sabem o que pensar ou dizer... Nem sequer sabiam que a Esmeralda tinha regressado e porque é que os procurava agora. Ela tinha-lhes perguntado pelo Jacinto e quando soube, desatou num pranto que os tinha assustado. Ao Joaquim e ao Luis, porque a Letícia não estava disposta a perdoar nada. " Diz-me uma coisa, Esmeralda " pergunta Luis, suavemente " O que aconteceu

MORTE SUSPEITA - O FIM

Chama os técnicos e pede igualmente a presença de um colega da Brigada Anti-Roubo. Lembra-se de uma conversa que teve com o Inspector Guilherme da Brigada há umas semanas e deste lhe ter explicado as várias formas de fazer contrabando de pedras preciosas. Talvez as tenham escondido nos vasos das rosas; talvez o Jacinto tenha desconfiado de alguma coisa e resolvido averiguar antes de avisar as autoridades. Ou talvez ele próprio estivesse envolvido. Toda a gente lhe disse que ele era um homem honesto, mas Leandro não pode rejeitar qualquer hipótese. Há várias hipóteses a confirmar; terá que trabalhar com a Brigada Anti-Roubo. O primeiro a interrogar será o Mestre Vicente e falar novamente com o Ernesto não é uma má ideia. Mas o Bernardes só encontra o Ernesto.  O Mestre Vicente desapareceu sem deixar nova morada. O que levanta grandes suspeitas... Coitado do Jacinto! Se calhar, morreu a defender o que achava ser unica e exclusivamente seu: O jard

MORTE SUSPEITA - PARTE V

" Como compreende, este caso é muito delicado." começa o Padre Antunes " Estamos certos de que serão discretos. O Senhor Bispo pediu-me para lhes dizer que estamos à vossa disposição." " Faça o favor de assegurar o Senhor Bispo que estamos a fazer todas as diligências para sermos rápidos na conclusão do caso." afirma Leandro " Contudo, temos poucas pistas. O Jacinto era estimado." " Sim, um homem bem educado, bom profissional. Sobretudo, muito discreto." confirma o Padre " Não entendo como isto aconteceu. Ainda por cima, no roseiral, um local que ele não frequentava muito." " Curioso, já não é a primeira pessoa que me diz isto." confessa Leandro. " O que é que o roseiral tem de tão especial? " murmura e decide ir ver o dito roseiral. O roseiral fica ao fundo de uma avenida de árvores majestosas.  À direita, há um labirinto de sebes bem podadas com um pequeno lago no centro. No

MORTE SUSPEITA - PARTE IV

" Acho estranho o corpo estar no roseiral. O Jacinto interessava-se mais pelas árvores, pelas ditas exóticas. Também sabia muito sobre orquídeas e até convenceu o Bispo a ter uma estufa própria para isso. " diz Ernesto, mudando de posição " Mas as rosas... não lhe diziam nada. Colaborou com o plano, mas sentia-se que não era a sua paixão." " Portanto, o facto de aparecer morto no roseiral será uma mensagem? É isso que depreende? Para quem? "  insiste Leandro. " Isso não sei." afirmou o estagiário com um leve sorriso como quem diz " É a tua área. Descobre!"  " Quem tratava do roseiral? " pergunta Leandro. Olha-o fixamente e Ernesto volta a sentir-se desconfortável.  " Eu, às vezes e o Mestre Vicente. É um bom tipo, mas um pouco gabarola. Acha que é tão bom como o Jacinto, mas não sabe nem metade ..." concluí Ernesto. Leandro não tem mais perguntas e prepara-se para chamar o Mestre Vicente quando

MORTE SUSPEITA - PARTE III

Ernesto responde calmamente às perguntas.   Terá uns 25, 30 anos no máximo, calcula Leandro e pergunta-lhe: " Como era trabalhar com o Jacinto? " " Sabia o que estava a fazer, sem dúvida. Lia muito sobre o assunto e estava aberto a novas ideias. Aprendi bastante com ele." acrescenta Ernesto. " O que quer dizer com novas ideias? " interrompe Leandro. " Estou a fazer o mestrado em arquitetura paisagística e o Jacinto ouvia-me. Depois expunha-me as ideias dele, explicava-me porque resultava ou vice versa. Isso é importante para a minha tese. Vou sentir a falta dele." diz o estagiário. " Havia alguma tensão entre ele e os outros trabalhadores? Problemas com família, amigos?" insiste Leandro. Ernesto suspira e comenta: " Lamento, não sei nada da vida particular dele. Nem sei se tem família... e não notei nada de anormal na relação com os outros trabalhadores. Era exigente, mas isto é um trabalho exigente. O