Mensagens

A mostrar mensagens de setembro, 2017

MORTE SUSPEITA - PARTE II

Mas a Esmeralda está a gozar um momento zen e nem sequer pensa no Jacinto. Por isso, quem matou o Jacinto? E, porquê? Ninguém sabe e o Inspector Leandro está preocupado. Informaram-no sobre a rivalidade entre o Jacinto e o Falcão, o chefe da segurança, mas este desvaloriza a situação. " Havia o problema dos horários; o Jacinto dizia que a jardinagem não tem um horário fixo e eu tenho um plano a cumprir. " explica o Falcão " Não se trata de rivalidade, mas sim, de objectivos diferentes. Tivemos, sim, uma discussão por causa disso, mas chegamos a um acordo. Ia matar o homem, porquê?" remata. O Inspector concorda com ele e fala com os outros membros da equipa. A opinião é geral: o Jacinto era um homem justo, sempre atento ao pormenor e exigente. " Mas a jardinagem era a paixão dele... Lia tudo sobre o assunto e estava a tentar convencer o bispo a investir em orquídeas." conta o Eduardo, o aprendiz. " Namoradas, amigas?&q

MORTE SUSPEITA

" MORTE SUSPEITA NOS JARDINS DO BISPO Esta manhã, os jardineiros ao serviço do bispado depararam-se com um corpo no roseiral. Trata-se de um homem com cerca de 35, 40 anos que aparentava sinais de espancamento om um objecto ainda não identificado. Contudo, suspeita-se que seja o Chefe da Equipa de Jardinagem, Jacinto Almeida, mais conhecido por Jacinto Jardineiro. A polícia está a investigar várias pistas, sendo que o motivo do acontecimento e o facto do corpo ter sido deixado no roseiral está a intrigar as autoridades. O que foi dito é que Jacinto Jardineiro era um homem afável, trabalhador, mas um pouco solitário. " " OH, OH!!!" exclama Letícia, incrédula " O Jacinto... o Jacinto está morto! Oh, Joaquim, o que terá acontecido???" e o Joaquim, que cobiçava o último pedaço de torrada, esquece-a por completo, tal é o espanto. " O quê??? O Jacinto? O Jacinto que eu conheço... está morto???" pergunta Luis Abençoado

ABENÇOADO - FIM

A Letícia tem razão. O Jacinto encontrou o Tadeu e a Esmeralda aos beijos em plena rua em Lisboa e chovem insultos e socos. Conclusão: O Tadeu e a Esmeralda ficam em Lisboa e o Jacinto, que parece estar mais envergonhado que os " traidores", resolve aceitar o convite do Bispo e fica em Lamego. Sei disto porque resolvo visitar o pobre rapaz e dar-lhe um pouco de conforto. Mas, embora pareça estar satisfeito com a minha visita, sinto que quer distância do passado. Por isso, volto a casa, um pouco desiludido por não o conseguir ajudar. Mas posso ajudar a Letícia e o Joaquim com a sua loja gourmet. Empresto-lhes o capital necessário para o fazerem e estão a ter um grande sucesso. O Joaquim está a acabar o curso de Gestão e Marketing e a Letícia resolveu frequentar um Curso de Culinária, pois o objectivo a longo prazo é abrir um catering. Pagam-me todos os meses uma quantia para reduzir o valor do empréstimo e estão felizes. Eu? Eu est

ABENÇOADO - PARTE IV

Começo a jantar uma ou duas vez por semana com eles.  São pessoas bem educadas, simpáticas, com planos para a vida e sinto-me um privilegiado por os partilharem comigo. Também apareço no escritório com mais frequência e até fecho dois negócios razoáveis. Claro que quando bebo demais, faço "gazeta", mas isso já não está a acontecer tão frequentemente. Naquele fim de semana, o Tadeu anuncia os seus planos de viagem. Vai até Lisboa com a Esmeralda; tem uma reunião com um dos seus contactos do " Mundo da Música" como diz e " quem sabe? se não será a grande oportunidade da Esmeralda? " O Jacinto não está muito satisfeito, nota-se, mas como tem um serviço em Lamego, não os pode acompanhar. " Isto vai explodir!" confidencia a Letícia no dia seguinte. " Não quero saber!" afirma o Joaquim " Eles que se entendam... Que se matem uns aos outros, mas que nos deixem em paz!" " Concordo contigo! Mas nã

ABENÇOADO - PARTE III

A porta do camarim da Esmeralda é fechado com estrondo e nós escapulimo-nos. Sento-me no local mais sossegado do bar e pergunto: " Há quanto tempo dura isto? " e a Letícia suspira antes de confessar:  " Desde que ela começou a cantar aqui... Ainda por cima, o Tadeu disse-lhe que tem contactos numa editora e lhe pode arranjar uma audição." " E, tem? " questiono, mas a Letícia abana a cabeça. " A única coisa que sei é que o Jacinto não gosta da ideia.... Mudando de assunto, quer jantar comigo e com o Joaquim amanhã? No K, por volta das sete da tarde? " convida. Fico surpreendido com o convite, mas aceito e não sei se é por isso que, no dia seguinte apareço a uma hora escandalosa no escritório. Onze horas da manhã! Ficam todos a olhar para mim, ainda mais porque peço para ver os novos projectos, dou uma ou duas sugestões e revejo os antigos. Às sete da tarde, estou já sentado a uma mesa no K, com uma cerveja na mão.

ABENÇOADO - PARTE II

O Tadeu até nem é má pessoa, mas ficou parvo quando conheceu a Esmeralda, aspirante a fadista. Loira, roliça com um ar tão frágil que o Tadeu a quis proteger.   Por isso, ao regressar de uma visita à casa de banho, tropeço e quase caio se não fosse a Letícia segurar-me. " O que fazes aqui, rapariga? " pergunto, pois este corredor é interdito ao pessoal do bar durante o espectáculo. " Shh..." sussurra e puxa-me para um camarim vazio. Apaga as luzes, deixa uma nesga da porta aberta e esperamos. Tento falar, mas a Letícia pede-me silêncio. E, esperamos os dois, sei lá por quem ou quê. O Tadeu aparece, vindo do corredor que leva ao escritório, vestiário do pessoal e armazém. Uns segundos depois, a Esmeralda (a artista da noite) desce as escadas de serviço e ao ver o Tadeu, suspira: " Ai, meu amor, esperei todo o dia por este momento!" e os dois beijam-se com tal sofreguidão que eu fico assustado. " O Jacinto vem cá es

ABENÇOADO

Abençoado... Que raio de nome, principalmente porque não me sinto nada abençoado! Não, não estou a falar de traumas de infância... Foi normal com uns pais atentos, carinhosos, mas que sabiam impor limites. Tirei o curso que quis; abri a empresa e conheci a Beatriz por quem me apaixonei loucamente e com quem casei.  E, uma noite, depois de uma noite divertida, perdi o controlo do carro, fui de encontro a uma árvore e a Beatriz teve morte imediata. Foi depois de sair do hospital que comecei a beber. Mais do que devia... Não o suficiente para ficar bêbado, mas muito alegre. Tive a sorte de conhecer a Letícia Violeta e o Joaquim Tacanho que tentaram manter-me nos eixos. A Letícia limpava-me a casa de vez em quando e deixava-me comida feita no frigorífico e o Joaquim Tacanho fez um acordo com um taxista para me levar a casa quando via que eu já não estava em condições de guiar. Nunca me pediram dinheiro; pelo contrário, sempre o recusaram. Nada como o Tadeu

TADEU - FIM

Tadeu desmaia e quando acorda, está no Hospital. Não tem nada partido; por precaução, uma vez que os ligamentos estão doridos, aconselham que mantenha o braço ligado e não faça esforços por uns dias. E, o que aconteceu a Esmeralda? Pensa enquanto o barman o leva a casa. " Sabes alguma coisa da maluca que apareceu no bar?" pergunta-lhe. " O Gonçalves diz que ela enfrenta uma série de acusações: invasão de propriedade, posse de arma de fogo não declarada e ataque a terceiros. O chefe vai ter que falar com a polícia." explica o barman. Tadeu sobe a escada com esforço. O elevador está em manutenção e, como não tem horários normais, não gosta de fazer barulho e acordar os vizinhos. " Ah, Esmeralda, Esmeralda, o que faço agora?" sussurra. Tem que avançar com a queixa; há duas testemunhas que assistiram ao incidente e têm o direito de trabalhar num sítio seguro. Seria um pouco estranho ele desistir da queixa e talvez seja o que a

TADEU - PARTE III

Atravessa o corredor e quando abre a porta de acesso ao bar, ouve a voz da Esmeralda a gritar: " SERVE-ME UMA BEBIDA, IDIOTA.... BEM SERVIDA, NÃO SABES O QUE É ??? " " Não acha que já bebeu mais do que devia? " interrompe o segurança e põe-lhe a mão no braço. Mas a Esmeralda dá-lhe um safanão e tira qualquer coisa da carteira. " Para trás ou atiro!" ameaça e Tadeu vê que ela segura uma arma. " Onde é que esta maluca arranjou uma arma? " pensa antes de avançar. " Mas o que se passa aqui?" pergunta " Esmeralda, baixa essa arma. Ainda magoas alguém!" " QUERO UMA BEBIDA. Pelos vistos, o teu empregado chique não sabe o que é uma bebida bem servida." acusa a ex-amante. " Não, não vais beber mais nada!" decide o Tadeu, fazendo sinal ao barman para se afastar. " Baixa essa arma, Esmeralda.... Não, Gonçalves, não vale a pena chamar a polícia... Pelo menos, para já." acres

TADEU - PARTE II

De vez em quando, a Esmeralda aparece e pede-lhe dinheiro emprestado. Desesperado, Tadeu sugere: " Porque é que não voltas a fazer o teu famoso " Bolo de Kiev" e não o tentas vender numa banca no Mercado? " " Não, não.... Quero ser fadista!" repete Esmeralda, um pouco embriagada. Tadeu desiste e empresta-lhe cento e cinquenta euros. " UNHAS DE FOME! " grita-lhe a ex-amante, mas aceita o dinheiro que o Tadeu sabe que vai desaparecer rapidamente. Também não compreende porque é que ela insiste naquele sonho maluco de ser fadista. Pior, porque é que afirma que está a ser um sucesso, se só canta nas tascas mais pobres da zona.  Talvez os clientes estejam tão embriagados como ela e não prestem atenção à voz medíocre que tem. Tadeu suspira e concentra-se no trabalho.  Os últimos clientes já devem ter saído e o segurança e o barman conversam baixinho. " Horas de ir para casa." pensa e faz logout.