O DESATINO DA MATILDE
Estou a beber demais, estou consciente do facto, mas não faço nada para contrariar.
Está tudo a correr mal, o curso está a ser uma desilusão, tive uma grande discussão com a minha companheira de casa e terminei tudo com o meu novo namorado, João.
Porque é que há homens que não aceitam, não compreendem a razão porque estamos a dizer não?
Cedi ao meu outro namorado e nem me quero lembrar das complicações que tive...
Foi o que tentei explicar ao João, mas este ficou muito sério, já percebi tudo! atira, és uma púdica e ainda por cima falsa! A fazeres olhinhos, a dares-me esperança e no fundo, é só show! e afasta-se, descontente.
Recebo bocas trocistas dos amigos dele, mas sigo em frente.
Nessa noite, apanho a primeira bebedeira, falto às aulas e a uma frequência importante, mas penso, quero lá saber.
Repito a dose, a Isabel não gosta de encontrar garrafas espalhadas pela casa, fica furiosa quando não faço as compras da semana e ainda mais quando não faço a limpeza do apartamento.
Tínhamos combinado que nos revezamos a fazer isto, protesta, não temos nada para jantar, o quarto de banho parece uma pocilga...
Ah, não estás a exagerar??? interrompo, não está muito limpo, mas daí a ser uma pocilga.... Quanto ao jantar, vamos ao shopping ou manda vir qualquer coisa...
Não, grita a Isabel, estou farta! Vou jantar a casa dos meus pais, passo lá a noite, espero encontrar tudo limpo amanhã! e saí, batendo a porta com força.
Rio-me, bebo o resto do que há na garrafa, não sei se é gin ou vodca e deito-me no sofá.
Acordo tarde, com a boca seca e cheiro mal.
Levanto-me cambaleante, vou até à casa de banho e suspiro, a Isabel tem a razão, está muito suja.
Limpo-a a fundo, tomo um duche rápido e tento encontrar roupa limpa. Nada! Nem mesmo uma T-Shirt!
Fico abismada, se estivesse em casa, receberia um sermão da Mãe e com toda a razão.
Acabo por vestir o que me parece estar mais limpa, ponho a roupa a lavar e limpo a cozinha.
Depois, vou até à sala, encontro garrafas vazias nos locais mais incríveis e como já tenho dois sacos do lixo cheios, resolvo ir até ao vidrão.
Azar dos azares, encontro a minha Mãe no hall da entrada e não tenho como fugir.
CONTINUA
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Abraço e saúde