OS SOBRINHOS

É a Teresa quem me diz que o Pedro e a Laura estão a pensar em vender o apartamento.

" O Pedro acha que mudar de casa também a pode ajudar. A ter novos interesses, a conhecer novas pessoas..."

" Achas? Duvido!" e sirvo-me de mais café " A Laura foi sempre tão... imatura!"

" Não digo que não, mas tanto o Pedro como o António dizem que ela se está a esforçar e não vou contestar isso!" afirma a Teresa.

" Também eu não! E vamos ajudar no que for preciso, mas tens que concordar que a nossa cunhada é um pouco infantil. Desiste logo no primeiro obstáculo e uma coisa que me custa a acreditar, porque é que ela não falou logo com o irmão? Olha, fiquei sem o part-time, se quiseres, posso trabalhar aqui a tempo inteiro? Não, fecha-se em casa!" replico.

" Ai, Carolina, não estarás a ser um pouco injusta? " como sempre, a Teresa tenta ver o lado bom das pessoas, mas eu realmente não estou com muita paciência hoje.

O Matias aparece à porta e pergunta:

" Já podemos sair do quarto? Está tudo arrumado!" e o Edgar confirma com um grande sorriso.

" O quê? Vocês estão em casa e calados? " a Teresa está surpreendida e interroga-me com o olhar.

" Resolveram fechar um menino na casa de banho e esconderam a chave. Só disseram onde estava porque eu os " persuadi"! " e os dois rapazes ficaram muito sérios.

Creio que ficaram surpreendidos por eu não ter explodido e dado um grande sermão.

A viagem do colégio até casa decorreu em silêncio, vi pelo espelho os dois a trocarem olhares e sem levantar a voz, disse:

" Nem uma palavra!" e já em casa, comunico:

" O vosso quarto tem que ficar um brinco! Beliches, roupas, secretárias, livros, brinquedos arrumados no devido lugar. Ah, sim, esqueci-me...." acrescento " têm uma hora para o fazerem!"

CONTINUA