OS SOBRINHOS - PARTE III

" Vamos ter com os rapazes! Creio que a D. Ana precisa de ajuda!" diz a Teresa e realmente ouvem-se gritos vindos da cozinha.

" Ou organizou um jogo. Noutro dia, escondeu as bolachas no forno e eles andaram como loucos à procura!" explico e a Teresa ri-se.

Hoje, o jogo é ver quem ficava mais tempo quieto e o Edgar já perdeu.

Está muito aborrecido por ter perdido, ainda mais porque o Matias ameaça comer a fatia de bolo dele.

" Claro que não vais comer a fatia dele, Matias! É só um jogo, Edgar, é para nos divertirmos, ok? " intervenho.

Os dois ficam sossegados e a D. Ana despede-se.

A Teresa recusa o chá que lhe ofereço, tenho que voltar à loja, está a correr tubo bem? pergunto.

" Muito bem! No fim do mês, transfiro mais alguma coisa para a tua conta, ok?" comenta.

" Não te preocupes, se não puderes..." mas a Teresa abana a cabeça, é como se estivesse a pagar ao Banco, esclarece e eu calo-me.

A porta da rua bate com força, sobressalta-nos e o Miguel aparece uns segundos depois.

" Teresa, estás por cá? " larga o anorak, a mochila no chão e dá-lhe um grande abraço.

" Oh, Mãe, o Miguel não arrumou as coisas!" e o Matias parece indignado.

" Não te preocupes, ele vai já arrumar! A Filipa veio contigo? " pergunto ao meu filho mais velho.

" Veio...deve ter ido para o quarto! Ela está cada vez mais parva, Mãe!" responde o Miguel, mas a Teresa adivinha o que estou a pensar e faz-me sinal.

" Eu falo com ela!" murmura e saí enquanto o Miguel reclama o lanche.

" Não antes de arrumares as tuas coisas e lavares as mãos. Já tivemos esta conversa, Miguel! Não a vou ter novamente!" recrimino.

O Miguel apanha a mochila, o anorak e desaparece por uns minutos.

Quando volta, propõe aos irmãos:

" Vamos andar de bicicleta? " e os irmãos soltam um grito tal que eu penso que fiquei surda.

CONTINUA