EM CASA DA MÃE PARTE IV
O telemóvel do Pai toca, é a Mãe furiosa, acusa-o de ser tolerante demais, agora, ela julga-se dona de si própria, acha que pode fazer o que quiser, diz.
Não, ela sabe que há limites a respeitar, que pode discutir qualquer coisa comigo, que encontraremos uma solução que agrade a todos, explica o Pai, pacientemente, mas a Mãe continua a desfiar queixas, sou intolerante, sou malcriada, enfim, tenho todos os defeitos do Mundo!
O Pai suspira, tenta ser conciliador, a Mãe insiste que tenho que voltar para casa dela, estou a desafiar a ordem do juiz.
Não, não está, interrompe o Pai, como ela te disse, tem dezoito anos e pode decidir, isto não fica assim, grita a Mãe, vou consultar o meu advogado, e desliga.
Abano a cabeça, não quero acreditar na teimosa dela, quase nunca está em casa, se não fosses tu, as Tias e a avó Márcia, a minha infância será muito complicada, comento.
Mas não foi, interrompe o Pai, não vamos falar nisso, vamos concentrar-nos no momento presente. O melhor a fazer agora é dormir, pode ser que a tua Mãe reflicta e não aconteça nada.
Não tenho tanta certeza, a Mãe não admite que está errada e não fico surpreendida quando o advogado dela me convoca para uma pequena " reunião".
Sinceramente, não sei bem para quê, observo, o Dr sabe tão bem como eu que tenho dezoito anos e posso fazer isso.
Claro que sei, Maria Rosa, concorda o advogado, a Mãe vai estar presente, também vou telefonar ao Pai e ao advogado dele e talvez a Mãe compreenda de uma vez por todas, e frisa bem as palavras, que o assunto está resolvido.
O Pai não está nada satisfeito, conto ao Miguel, desta vez telefonei antes para o prevenir da minha visita e ele marcou o encontro no café perto do escritório.
O meu irmão ri-se, eu sei, ele desabafou comigo, mas também está preocupado contigo, confessa, ora, preocupado comigo porquê? pergunto.
É natural, não é uma situação fácil de gerir, continua o Miguel, tu estás nervosa, irritada, está a afectar-te a estabilidade emocional....
A culpada disto tudo é a minha Mãe, repito, a avó disse-me que no fim do mês, vai para os Estados Unidos...o que é que ela quer?
Uma profissional de alto gabarito que não consegue controlar a filha? brinca o Miguel e eu tenho que me ir, pode ser efectivamente isso.
A reunião está marcada para o fim da tarde de uma sexta-feira, espero que não seja muito longa, murmuro, quero ir ao jantar da Amélia, quero chegar lá e ter ainda alguma coisa para comer.
O Pai e o advogado riem-se, batemos à porta e entramos numa sala de reuniões elegante.
A Mãe e o idiota já lá estão sentados, a Mãe fica surpreendida por ver o Pai e o advogado, pensava que a reunião era só com a Maria Rosa.
CONTINUA
Comentários
Abraço e saúde
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Queria viver simplesmente na ilusão...
Beijos
Uma excelente semana!