OS DOIS IRMÃOS PARTE IV

 

Simpatizo de imediato com a Ana, a Clarinha pisca-me o olho, tenho a certeza de que é a mulher ideal para o teu irmão, murmura, agora está descontraída, mas pode ser muito dura quando se trata de impor a disciplina. O teu irmão precisa disso, acrescenta.

Sorrio, oh, esqueci-me do teu presente e o Pai não está, digo alto, telefono ao Miguel e a Clarinha volta a piscar-me o olho.

O Miguel atende de imediato, fica um pouco contrariado com o pedido, onde é que estavas com a cabeça??? comenta, mas acede a ir buscar o presente.

Quinze minutos mais tarde, tocam à campainha, é o Mateus quem abre, oh, Miguel por aqui? ouço-o perguntar e faço sinal à Clarinha.

A minha querida irmã esqueceu-se do presente, explica o Miguel, ah, entra, entra, convida o Mateus, entregamos o presente à Maria Rosa e depois vens comigo para a cozinha e bebemos um copo.

O Miguel tenta recusar, mas o Mateus não aceita um não, sente-se um pouco perdido no meio de tanta mulher.

Eu e a Ana somos as últimas a sair, faz parte do plano, esclarece a Clarinha que precisa de descansar, nota-se que está cansada, o Mateus diz que não se devia ter excitado tanto.

Apresento a Ana ao meu irmão, dás-lhes boleia? peço, ela mora na zona e o Miguel sorri, será um prazer, diz, um autêntico cavalheiro e eu e a Clarinha trocamos um sorriso.

Sento-me no banco de trás, a Ana fica no lugar do passageiro, conversa animadamente, o meu irmão descontraí, responde às perguntas e quando sugiro jantarmos todos juntos no restaurante ali perto, não aceita um não.

Sinto-me um pouco a mais, confesso mais tarde à Clarinha, mas há muito tempo que não via o Miguel tão divertido.

Eu tinha razão, grita a Clarinha, a relação vai ser um sucesso! Ups, mas o que é isto? e solta um pequeno gemido, tenho que desligar, acho que é o miúdo que está farto de estar fechado! e desliga.

O Pai encontra-me na sala a passear de um lado para o outro, o que é que aconteceu? pergunta, é a Clarinha, está no Hospital, o miúdo vai nascer, observo.

Ah, temos que esperar algum tempo, não sabem se é menino ou menina? e eu encolho os ombros, não sei se telefone à Matilde! estou a ficar nervosa.

Espera que te telefonem, aconselha o Pai, nestas alturas, as pessoas estão nervosas, não querem receber esse tipo de telefonemas!

Duvido, mando um SMS à Matilde a pedir notícias, ela só me responde por volta das dez e meia, nasceu uma menina, anuncia, Letícia!

Dou um grito, assusto o Pai que me repreende, já passa das dez, olha os vizinhos! 

CONTINUA