A DISCUSSÃO PARTE V

 

A discussão torna-se um pouco acalorada quando a Clarinha propõe ficarem mais tempo.

Não, diz o Mateus, a minha licença sabática está a terminar, quero agora ingressar no quadro do Hospital e desenvolver o meu trabalho aí. Foi importante ter feito voluntariado, mas agora tenho que pensar na minha carreira.

Mas ainda há tanto para fazer, protesta a Clarinha, porque é que não podemos ficar? insiste, mas o marido abana a cabeça, cumpriram os objectivos da ONG, é importante entregar o projecto a outras pessoas com outras ideias.

Tu continuas a trabalhar nos escritórios dele, concluí o Mateus, o trabalho lá também é importante e quanto a regressarmos a este tipo de projectos, veremos quando é mais adequado. Para nós e para a ONG! acrescenta.

A Clarinha sente-se frustrada quando regressa, a Mãe e a irmã organizam um almoço de boas-vindas, mas pela primeira vez na vida, sente-se deslocada.

Logo ela que é a alma de qualquer festa, o que é que se passa? pergunta o irmão e a Clarinha encolhe os ombros.

Ah, não, nem penses, exclama o Gustavo, conheço-te muito bem, estás aborrecida com qualquer coisa!

A irmã suspira, eu queria ficar, o Mateus é que insistiu para regressarmos, explica, na próxima semana, começa a trabalhar no hospital, acha que é importante conhecer também o ambiente hospitalar, que é diferente do que num de campanha!

E é, concorda o Gustavo, se bem que possa encontrar condições tão precárias como num hospital de campanha! Isso talvez seja uma vantagem, vai poder aplicar tudo o que aprendeu!

Mas eu??? insiste a Clarinha, o que é que faço? e o Gustavo suspira, és uma rapariga inteligente, aplica o que sabes, organiza workshops para outros voluntários, ajuda na logística das acções de voluntariado. Por amor de Deus, Clarinha, pensa!

Pois, pensa, interrompe o Bernardo com um sorriso, ouviu a parte final da conversa, mas não quer verdadeiramente dar uma opinião, a Matilde pediu-lhe para não o fazer.

Parece ser um tema sensível, é melhor não interferir, comenta, às vezes, não percebo a minha irmã, talvez seja melhor não perceber!

O Bernardo sorri, a Matilde está mais relaxada desde que contrataram a governanta, estão mais disponíveis um para o outro sem descurarem o tempo que passam com os filhos.

Mas, pelo menos uma vez por mês, viajam sozinhos para redescobrirem a paixão, brinca o Bernardo e a Matilde ri, desde que não haja um quinto filho!

Por falar em filhos, será que a Clarinha e o Mateus querem ter um filho? mas a Matilde não sabe, a Clarinha nunca falou nisso.

CONTINUA

Comentários

Por vezes as discórdias dão maus resultados! A Clarinha é meia de ideias fixas! Vamos ver!:))
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Soltam-se raios de sol pelas fendas da manhã

Beijos. Bom fim de semana.

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