O GRUPO DE ESTUDO - PARTE VI


A Clarinha fica intrigada quando digo que sou adoptada e pergunta com quem vives então?

Mostro fotografias dos meus Pais, ela quer saber porque é que me adoptaram.

Não podiam ter filhos, tinham muito amor para dar e então, adoptaram-me, explico, sabes que há muitos meninos que não têm Pais e que estão sozinhos num lar. 

Tu e eu tivemos sorte, porque encontramos alguém que nos ama, digo consciente de que a Clarinha já deve ter ouvido a frase várias vezes. Talvez soe diferente por eu ter sido adoptada.

A miúda morde os lábios, sussurra pois e eu respiro fundo. Hesito, não sei se devo continuar a falar, talvez tenha dito o suficiente para a acalmar.

A Sofia é má, não é minha amiga, foi ela quem disse que os meus Pais não são meus Pais, declara a Clarinha.

O Gustavo e a Mãe suspendem a respiração, venho a saber mais tarde que a Clarinha não falava na amiguinha há muito tempo.

Não, a Sofia não é má, falou no que não devia, esclareço, às vezes, acontece, as pessoas não pensam e dizem a primeira coisa que lhes vêm à cabeça.

A Sofia é má, não gosto dela, não a quero ver, grita a miúda e foge da sala.

A Matilde levanta-se para ir atrás dela, a Mãe impede-a, é melhor que fique sozinha por uns minutos.

Não queria provocar isto, desculpo-me, mas a Madalena sorri, não, não, é bom saber que ela está magoada com a Sofia, elas estão em escolas diferentes, não temos mantido contacto, mas talvez seja uma boa ideia encontrarem-se novamente.

O Pai da Sofia trabalhou uns anos com o meu, conhece bem a história da adopção, conta o Gustavo quando me leva a casa, tem uma ex-mulher um pouco excêntrica.

Depreendo que a família não gosta muito da ex-mulher e o que aconteceu entre as miúdas tenha sido um pretexto para se afastarem.

E, qual é a história da Clarinha? insisto e o Gustavo responde lentamente.

O meu Pai teve que investigar a morte da Mãe, encontrou a Clarinha sozinha com o corpo da Mãe num apartamento.

CONTINUA


Comentários

Elvira Carvalho disse…
Continua a acompanhar com muito interesse. Estes são problemas que conheço bem. Ainda hoje o meu filho casado com 40 anos, casado e com 2 filhas, fica sempre tenso quando ouve histórias de adoção.
Abraço e saúde
Um episodio instigante!!
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O desejo dos dias com cor...
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Beijos, e um excelente Domingo

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