VIVER COM O MAJOR - PARTE V

 

Mas que ideia a tua de me trazeres ao hospital, refilo, mas não me lembro de mais nada, pois, diz o Amadeu mais tarde, voltei a desmaiar.

Fizeram-me todo o tipo de análises e já a noite ia bem adiantada, perguntam-se se estou com " atraso".

Ia responder que não, mas lembro-me que efectivamente estou uns dias atrasada, mas achei que isso se devia ao stress da mudança, das novas funções na Universidade.

O médico sorri, deve estar de umas quatro semanas, descanse, vou prescrever umas vitaminas, mas logo que possa, consulte o seu médico de família.

Saio meia atordoada da sala, o Amadeu espera-me todo nervoso no hall, então, o que disseram? e eu digo baixinho, falamos lá fora.

Quando conto a novidade, o Amadeu fica muito branco, penso sinceramente que vai desmaiar, oh, Amadeu, o que se passa? fala comigo.

O Major respira fundo e repete, um filho? e quando confirmo meia envergonhada, solta uma grande gargalhada.

O meu filho vai ser mais novo que o meu neto! diz, divertido.

Em casa, rodeia-me de cuidados, mas eu reclamo, estou grávida, não estou inválida!

Já pensaste como vão reagir os teus filhos? e o Amadeu desce das nuvens.

Acho que não têm nada a ver com o assunto! Vai ser complicado, talvez deixem mesmo de falar comigo, mas eu estou muito feliz, remata.

A Natália adora saber a novidade, quero ser a Madrinha e a notícia espalha-se pela Universidade.

Começo a receber tantos conselhos que fico zonza, mas a Teresa aconselha-me a esquecer alguns.

Tenha uma vida calma, coma de forma saudável, siga as instruções do seu médico e sobretudo, goze este tempo, comente.

O Amadeu está eufórico, já contou à Catarina quando esta trouxe o neto para passar umas horas com o avô.

O Major com dois novos recrutas, ri-se a Catarina, mas ele está verdadeiramente feliz e não só por causa do bebé.

Ele gosta imenso de si, Glória, está mais descontraído, ri mais, acrescenta, estou muito feliz pelos dois.

Fico comovida pelas palavras da rapariga, espero que encontre alguém que a faça verdadeiramente feliz.


CONTINUA



Comentários

Elvira Carvalho disse…
Tal como eu pensava. O Major merece uma criança. Por causa da tropa, não teve oportunidade de viver com intensidade os primeiros anos dos filhos.
Abraço, saúde e bom fim de semana

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