O GRUPO DE ESTUDO - FIM

Ups! Pelo Pai? pergunto e o Gustavo diz que a mulher tinha um companheiro que foi morto mais tarde num tiroteio.

A Clarinha foi entregue à Segurança Social, tentaram encontrar familiares e não conseguiram, comenta o Gustavo, nessa altura, a Mãe já tinha ido ver a miúda, estabeleceu logo laços com ela, convenceu o Pai a adoptá-la.

Tudo o que a Clarinha precisava e precisa é de amor, observo, o que vi esta noite foi muito amor entre todos; ela vai superar, mas não sei se será boa ideia ela estar novamente com a tal Sofia.

Elas conhecem-se desde bebés, a Sofia ouviu a avó falar no caso, lá estava aborrecida com a Clarinha e achou que aquilo era uma grande ofensa, esclarece o Gustavo e com um beijo na face, deixa-me em frente à porta do prédio.

A minha Mãe também concorda comigo quando lhe conto a história, coitadinha da Sofia, também deve estar confusa, de um momento para o outro, ficou sem a amiga, repete.

As pessoas deviam ter cuidado com o que dizem, insiste, pensamos que elas estão no quarto, mas elas estão na varanda ou na cozinha e já não podemos voltar atrás.

No dia seguinte, o Gustavo conta-me que a Clarinha tomou o pequeno almoço sem protestar e ficou a brincar com as amigas no recreio quando a deixou na escola.

És tu que a levas? e o Gustavo explica que é o dia de folga da Mãe, por isso, ele leva a irmã à escola e a Mãe vai buscá-la.

Têm tudo organizado, comento e o Gustavo encolhe os ombros, tem que ser, temos que nos ajudar uns aos outros.

A semana é complicada, estamos a acabar uns trabalhos para apresentar antes das frequências e não temos realmente tempo para falar mais sobre os problemas da Clarinha.

Suspiramos de alívio quando termina a primeira frequência, é a mais exigente e estou com a Marília na cafetaria a relaxar quando o Gustavo se aproxima da nossa mesa, acompanhado pelo Rafael, os dois muito pálidos e transtornados.

Tenho que me ir embora, a minha Mãe telefonou, a escola não sabe onde está a Clarinha, o Gustavo quase grita.

Eu e a Marília levantamos-nos de imediato, o que podemos fazer? o Rafael já está a organizar um grupo para nos ajudarem a procurar a menina.

São quase seis da tarde, em breve anoitecerá e ninguém quer que a miúda fique perdida na rua durante a noite.

Mas por onde devemos começar? 

Vai ser uma noite de desespero, penso enquanto sigo o Gustavo que parece ter-se esquecido do resto do Mundo e só murmura, onde estás, Clarinha, onde estás?

Sim, Clarinha, onde estás?


FIM


Comentários

Elvira Carvalho disse…
Meu Deus! Não sei o que vem por aí, mas sei o que nós passámos quando aconteceu com o meu Pedro. A nossa aflição, o que andámos, fomos à polícia ao hospital, percorremos o pinhal que existia onde hoje é o parque da cidade, enfim nem é bom lembrar.
Abraço e saúde
Um conto que perece realidade! :))
-
Quão cinzenta é a vida ...

-
Beijos, e uma excelente semana.

Mensagens populares deste blogue

ABSURDA

VELAS E NOITES DE PAIXÃO