CLARINHA PARTE IV

 

Volto para a sala, decidida a monopolizar a atenção do Bernardo, mas este está a falar sobre Cabo Verde e todos escutam atentamente.

Até mesmo a Matilde, conheces o Bernardo desde pequena, vais estar presente, sim, senhora, olha o disparate, disse a Mãe ontem à noite e a minha irmã não se atreveu a protestar.

Há pequeno sorriso nos lábios dela, o quê? pôs Gloss? e deixou o cabelo solto, escolheu também uma T-Shirt branca em vez das pretas que usa normalmente.

O Bernardo sorri-lhe, pergunta-lhe qualquer coisa que não entendo, estou tão surpreendida que nem sei bem como agir.

A Matilde sorri, responde calmamente às perguntas, o Pai e o Gustavo olham um para o outro, suspiram de alívio.

Mas que segredos são esses? interrompo bruscamente a conversa entre os dois, diz-me, Bernardo, vais voltar para lá?

Maria Clara, deixa o nosso convidado em paz, protesta o Gustavo e o Pai faz-me sinal para o seguir.

Estás a ser inconveniente, Maria Clara, observa quando chegamos ao corredor, deixa o Bernardo falar com a Matilde, há muito tempo que não está assim tão relaxada...

Eu também quero conversar com o Bernardo, é meu amigo, afirmo e o Pai abana a cabeça, assumiu a postura séria do Inspector Bernardes e repetes, deixa o Bernardo em paz, ele fala contigo quando achar conveniente.

Passo o almoço amuada, todos estão interessados no que o Bernardo tem a dizer sobre a vida em Cabo Verde, os projectos que desenvolveu lá e as novas propostas de trabalho.

Para já, vou ficar por cá, explica, quero desfrutar da companhia dos meus Pais, estragar a minha mana com mimos... sorri, vou continuar a dar apoios à equipa de Cabo Verde, foi o que combinei com a empresa, mas já me falaram em novos projectos...

Mas lá em Cabo Verde também? quer saber a Mãe, mas o Bernardo abana a cabeça, talvez não, treinei uma boa equipa e estou pronto para outros voos.

Ah, és uma águia, brinco, mas ninguém acha piada e o Gustavo pisa-me o pé.

Dou um grito de dor, mas antes que pense em responder, o Pai intervém, Maria Clara, estou mais interessado em ouvir o que o Bernardo tem a dizer do que as tuas brincadeiras, por isso, cala-te. Continua, Bernardo, pede.

Sim, não ligues a esta melga, corrobora o Gustavo, lembras-te como ela nos seguia?

O Bernardo ri, pisca-me o olho.

CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Toda a gente continua a tratar a Clarinha como a criança rebelde que foi. Com 20 anos uma jovem é uma mulher. Não sei até que ponto ela aguenta sem se revoltar e tomar uma má decisão.
Abraço, saúde e boa semana

Mensagens populares deste blogue

ABSURDA

A ENTREVISTA - FIM

A ENTREVISTA PARTE III