O CASAMENTO PARTE III

 

Que disparate! repete o Nicolau e a Glória também ri quando o companheiro lhe conta a conversa.

Podemos pensar nisso, mas não temos que o fazer, diz a companheira, as nossas filhas têm um Pai e uma Mãe e o que é importante é o relacionamento entre nós e com elas. Porque o Nicolau tem razão, continua, os problemas podem surgir, estando casados ou não!

Não falam mais no assunto, a Glória tenta discutir o assunto com a Natália, mas a amiga é muito vaga.

Não a entendo, admite a Glória à Teresa, não a vejo entusiasmada, a falar de vestidos, de penteados, de catering...a maior parte das pessoas começa a pensar nisso um ano antes!

Se calhar, só pensaram em casar, interrompe a Teresa, agora estão a considerar os prós e os contra.

Talvez, concorda a Glória, mas é tudo muito estranho! Há uma semana, ela estava toda entusiasmada e hoje, estava impossível de aturar. 

Ainda estão a pensar nos detalhes, frisa a Teresa e a Glória suspira.

Sabes que falei em casamento ao Amadeu? Ele ficou um pouco confuso, nunca falamos disso, explica a Glória, mas com esta história da Natália, fiquei a pensar se não seria uma boa ideia. Por causa das miúdas!

Também não sou casada com o António, mas não sinto vontade de o fazer! Nem mesmo pelos miúdos! exclama a Teresa, a vida familiar está estruturada, estamos concentrados no bem-estar de todos, não é um papel que define isso!

É o carácter, o interesse das pessoas, eu sei, concorda a Glória, mas há uma vozinha que me pergunta se isso será suficiente!

O que é que o Amadeu pensa sobre o assunto? pergunta a amiga e a Glória suspira novamente, está surpreendido, confuso, principalmente porque a relação com os filhos do casamento anterior continua a ser tensa e ele tem medo que isso aconteça com as miúdas.

Mas o casamento não significa que isso não vá acontecer, basta uma das miúdas conhecer alguém, o Amadeu não gostar e ela decide sair de casa para viver com ele, exclama a Teresa, isto pode não ser um bom exemplo, mas é a realidade.

Ás vezes, interferir tem o efeito contrário e conheço um caso, declara a Glória, o Pai soube que o namorado não era boa rês, teve uma discussão brutal com a filha e durante uns tempos, ela viveu em casa dos avós. Depois, descobriu que o Pai tinha razão, mas demoraram imenso tempo a confiar novamente um no outro.

É isso que estou a dizer, não é um papel que define as relações, volta a Teresa a repetir.

CONTINUA


Comentários

Elvira Carvalho disse…
E tem muita razão. Penso o mesmo, mas para lha ser sincera, talvez porque eu tenha sido criada noutra época, eu não gostaria de ter vivido os 52 anos de vida em comum sem o casamento. Também casei duas vezes com o mesmo homem. Em 69 no Barreiro, apenas pelo registo, três anos mais tarde em Nampula pela igreja.
Abraço, saúde e uma boa semana
Gostei bastamente do episódio! :))

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Mãos que acolhem no regaço
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Votos de uma excelente semana. Beijos

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