MATIAS - PARTE III

 

Não, não quero e lá almoço contrariado.

Mas não estou feliz no jardim, não participo nas brincadeiras dos outros meninos e fico muito contente quando o Miguel aparece para me levar a casa.

Então, hoje foi um bom dia? pergunta o meu irmão, mas não está interessado nas minhas respostas, pois trouxe uma amiga que me faz uma festa na cabeça, ri-se e diz oh, que amor, Miguel!

Não sei quem é mais idiota, se ela ou o nosso irmão, conto ao Edgar mais tarde, mas este não olha para mim, olha para a minha bola vermelha que seguro contra o peito.

Adivinho o que ele está a pensar, mas nem tentes, aviso-o, um de nós vai ficar magoado, mas não vou ser eu!

O Edgar não quer saber disso, persegue-me pelo quarto, não, não, nem penses, repito e tento esconder a bola num sítio alto.

Atiro a bola para a minha cama, o Edgar fica furioso e tenta meter a mão entre as grades.

Fica com a mão presa, grita e eu rio.

O Edgar fica ainda mais furioso, grita mais alto e a Mãe e a D. Margarida aparecem de imediato.

A D. Margarida morde os lábios, não sabe se há-de rir ou chorar, mas a Mãe está zangada.

Mas o que se passa aqui? O que é que fizeste, Matias? e eu escondo-me por trás da cortina.

Anda cá, Matias, diz a D. Margarida, enquanto a Mãe tira a bola da minha cama e a dá ao Edgar.

O meu irmão faz-me uma careta e depois atira a bola. 

Infelizmente, a bola acerta na D. Margarida que abafa um "ai" e olha o Edgar zangada.

Rimo-nos, mas a Mãe dá uma sapatada aos dois e ficamos os dois aborrecidos.

Mas não choramos; isso é para miúdos e nós já somos grandes, segredo e o Edgar concorda.

Castigo! declara a Mãe, ficam aqui até à hora do jantar e nada de lutas! Estamos entendidos? e nem eu nem o Edgar dizemos nada.

Brincamos sossegados uns minutos, mas depois o Edgar volta a atirar a bola que, desta vez acerta-me.

Não choro, levanto-me e empurro-o. 

O Edgar caí, espantado, mas recupera o equilíbrio rapidamente e tenta perseguir-me.

Volto a esconder-me nas cortinas, mas o Edgar não desiste e afasta-as.

Não consigo escapar e o meu irmão empurra-me contra o vidro.

Doí e abro a boca para gritar.

CONTINUA


Comentários

Elvira Carvalho disse…
Por causa das constantes disputas entre os dois é que eu pensava que eram gémeos.
Abraço, saúde e bom fim de semana
Temos aqui dois reguilas(cheios de vida) que não dão descanso a ninguém. Um castigo vai fazer-lhes bem!:)
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Envolvo-me no silencio das flores
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Beijos e um excelente fim de semana! :)

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