A VISITA - PARTE VI


O torneio fica adiado, porque o Gustavo encontrou o apartamento perfeito para os dois e têm que organizar rapidamente a mudança.

A Rita oferece um sofá e o Gonçalo dá-lhes a chave do depósito onde estão os móveis do antigo apartamento dele.

Pensei que os tinhas vendido, diz a Rita admirada, e o Gonçalo encolhe os ombros, sorridente.

Há uma cama, um sofá, mesas, cadeiras, puffs, cadeiras e até uma estante que é perfeita para a sala de estar.

Abrem uma caixa que está cheia de utensílios para a cozinha; tudo muito simples, mas em muito bom estado e os rapazes levam tudo.

A Madalena compra cortinas para a sala e para o quarto do filho; a Aída faz o mesmo para o quarto do Bernardo e para a casa de banho.

Entregam um grande pacote, é da avó do Bernardo, é roupa de cama e de mesa que a Matilde se encarrega de arrumar.

A Clarinha está muito bem disposta, pedem-lhe para arrumar as caixas vazias no hall de entrada, eu depois vou lá fora e deixo-as no contentor, explica o Gustavo.

Encomendam uma pizza, a casa já tem alma, como comenta a Matilde, o que faz com que os outros riam.

Onde é que eu vou dormir? pergunta a Clarinha, não vais dormir cá hoje, nem nós vamos dormir cá, responde o irmão, amanhã vêm cá alguém limpar isto e só na próxima semana é que nos mudamos definitivamente.

Ah, a Clarinha suspira e continua a comer a pizza. Acaba por adormecer sentada à mesa, o Gustavo pega-lhe ao colo com todo o cuidado e leva-a para o carro.

Estão todos exaustos, o Bernardo queixa-se de dores na perna, não devia ter estado tanto tempo em pé, observa, desculpa, amanhã não te posso ajudar.

Mas não há mais nada a fazer e o Gustavo acorda tarde no dia seguinte. Tem que voltar ainda hoje, mas vai ficar num pequeno hotel.

O Bernardo muda-se naquele fim de semana, a Aída confessa que já está cheia de saudades dele, mas ele está tão feliz que nem me atrevo a dizer isto alto, acrescenta.

A Madalena sabe o que é, também sente muitas saudades do Gustavo, foi o grande apoio dela durante o divórcio, mas ele tem que seguir com a vida dele.

Os dois rapazes estão a ver o jogo, encomendaram comida chinesa, estão tranquilos.

Um dia destes, temos que deixar a Clarinha passar cá a noite, pode dormir no meu quarto, sugere o Bernardo.

Que ideia! Se for caso disso, improvisamos uma cama no meu quarto; mas ela vai esquecer o assunto! e o Gustavo está seguro do que diz, este é o nosso refúgio, é para gozarmos a vida, trazermos os nossos amigos, as namoradas.

Ok, mas podemos deixá-la ficar aqui uma noite, ela pode não gostar e não quer voltar, o Bernardo está a ser sensato e tem uma certa razão, ela pode sentir-se novamente posta de parte e voltar a ter aquele comportamento agressivo. Não queres evitar isso?

O Gustavo fica calado, estas últimas semanas, o comportamento da Clarinha tem sido exemplar, a vida lá em casa está mais calma, a Mãe parece que respira melhor.

És capaz de ter razão, admite, mas fica cá só uma noite, avisa.

O Bernardo sorri.

CONTINUA



Comentários

Elvira Carvalho disse…
E cá estou eu a acompanhar estas histórias tão bem escritas.
Abraço, saúde e feliz dia de S. Valentim
Vá lá, parece que a Clarinha está mais calma. Adorei!:)
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São as nossas raízes, a linha da minha paixão
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Beijo. Bom Domingo. Feliz dia de Sº Valentim.

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