O DIVÓRCIO PARTE IV
Vamos falar a sério, diz o Inspector quando se sentam à mesa do restaurante, não estás bem e o primeiro passo é admitir o facto.
Isto é um interrogatório? pergunta a Rita, não sou um dos teus suspeitos, Telmo.
Eu sei que não és, responde o cunhado, mas a Francisca está preocupada, diz que passas os dias fechada naquele escritório e as noites no teu quarto. Não comes, não falas com ninguém... estamos todos preocupados contigo.
A Francisca exagera, repete a Rita, mas o cunhado abana a cabeça, não, a Francisca não exagera, é tua filha, adora-te, precisa de ti e depois, Rita, o Gonçalo não é o Raul, acrescenta.
A Rita levanta a cabeça, há um brilho nos olhos, bom, fi-la reagir, pensa o Inspector, pois não, o Gonçalo não é o Raul, magoou-me é certo, mas não destruí a minha vida.
Uma vida que tu voltaste a reconstruir, interrompe o cunhado, tens que o voltar a fazer, sei que é difícil, mas tens que recomeçar.
A Rita suspira, estou cansada, sinto-me velha, comenta e o Inspector ri-se, sabes o que a Madalena diria se te ouvisse dizer isso, não sabes? e a cunhada sorri.
Sinto muito a falta dela, confessa, eu também, Rita, eu também e voltam a atenção para o almoço que acaba de ser servido.
Naquela noite, a Rita faz um esforço, encomenda a comida favorita da filha, senta-se à mesa e as duas conversam verdadeiramente.
Evitam falar no Gonçalo, falam da empresa, dos novos projectos, planeiam até uma pequena viagem para sair daqui, arejar as ideias, observa a filha, precisamos disso.
Mas não vamos para a casa na Vila, protesta a Rita, oh, Mãe, claro que não, reage a filha, alguém me falou num hotel spa perto da Serra, fica a cerca de duas horas daqui.
CONTINUA
Comentários
Abraço, saúde e bom Domingo
.
Coisas de uma Vida
.
Beijos e uma boa semana.