A HISTÓRIA PARTE III

 

GÉMEOS

Deve ser mais fácil dizer " gémeos, venham cá depressa" do que " Flávia, Francisco" e temos que nos apressar, pois o Pai não admite demoras.

A Mãe é mais paciente, mas também não gosta de palavras repentinas ou insultuosas... tivemos que pedir à D. Margarida para nos explicar o que era.

Infelizmente, o Júnior ouviu-nos e quando nos quer chatear, sim, vamos dizer chatear, sabemos muito bem que é aborrecer, mas este é o nosso diário e podemos escrever o que nos apetecer.

Como estávamos a dizer, quando o nosso mano nos quer chatear, faz um grande discurso com palavras tão eruditas que ninguém percebe nada.

O Francisco vinga-se, inventa uma linguagem complicada, o Júnior fica perplexo e a Margarida adora, pensas que estás a lidar com idiotas! diz, é bem feito que eles te paguem na mesma moeda!

Aprendo também a tal linguagem, as educadoras ficam nervosas quando nos ouvem falar, lá estão os gémeos a esconderem-se, exclamam e recomendam à Mãe terapia da fala.

A Mãe olha-as surpreendidas, terapia da fala, a que propósito? pergunta, em casa, eles falam correctamente e têm um vocabulário extenso! Não entendo porque estão a levantar em questão e as educadoras ficam embaraçadas e não falam mais no assunto.

Ok. meninos, diz a Mãe quando chegamos a casa, essa linguagem que o Francisco inventou é só para brincarem e dentro de portas! Porque falaram o "francisquês" no infantário, não foi? Por isso, estamos entendidos? Podem falar " francisquês" entre os dois em casa...interrompe-se, melhor ainda, continua, daqui para a frente, só se fala português, não há meias palavras, abreviaturas, seja lá o que for..

De vez em quando, ainda falamos " francisquês", principalmente quando queremos pregar partidas aos nossos irmãos e aos nossos primos, até mesmo à Tia Clarinha.

Contudo, nunca pregamos uma partida à Tia Y, a irmã mais nova do Pai, é muito séria, anda sempre com um livro atrás.

Aliás, há imensos livros espalhados pela casa, a Avô Aida trabalha numa livraria, gere um Clube de Leitura e dá-nos sempre livros no aniversário.

Para sermos francos, preferíamos jogos, praticar desportos radicais, mas para já, a única coisa que o Pai deixa fazer, é andar de bicicleta.

Aliás, a tarde de sábado é dedicada a esse desporto, até a Margarida e a Mãe não faltam ao passeio de bicicleta pelo passeio marítimo.

A Mãe não ficou muito satisfeita quando recusei usar um capacete cor-de-rosa, queria preto, mas acabamos por concordar que azul era a solução mais adequada.

Ficamos surpreendidos por encontrar a Tia Y à nossa espera, totalmente equipada e com uma bruta de bicicleta, murmura o Francisco.

CONTINUA




Comentários

Mais um episódio interessante. O Diário dos gémeos! Adorei :)
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Um olhar perdido, desiludido, ou talvez não
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Beijos, e um bom fim de semana.
Elvira Carvalho disse…
A história continua e eu aqui estou de novo. Engraçado, lembra-me do nascimento da irmã do Bernardo, mas a menos que tenho perdido alguma história, penso que é a primeira vez que a Marta fala nela. Fiquei curiosa.

Tenho estado com problemas com a Internet, que vem intermitente e dura pouco tempo. Ontem estiveram aqui os técnicos trocaram o router, mas a ver se daqui em diante já não há falhas.
Abraço e saúde

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