FILIPA E TADEU PARTE III

 

São sete horas e ainda não sabemos nada, o Pai está tão nervoso que nem se senta.

A Teresa e o António têm que ir embora, desculpam-se, deixamos os miúdos a dormir em casa de uns amigos e ficou combinado um de nós levá-los todos para a escola, explicam-se.

Eu vou abrir a loja, organizar o dia com os colaboradores e depois, volto, diz a Teresa, mas telefona-me logo que souberes alguma coisa.

O Pai acena que sim, nem quer falar e eu tenho que me levantar, vou apanhar ar. O Tadeu segue-me, o que queres fazer? pergunta, vamos tomar o pequeno almoço, tomamos um duche e regressamos? mas eu abano a cabeça.

O Miguel aparece com o telemóvel na mão, o Matias já telefonou, contei-lhe tudo, comenta mas acho melhor ir até lá e ver como estão as coisas.

Talvez seja melhor eu ir, a Inês é um pouco mais obediente comigo, respondo, vou só dizer ao Pai que concorda de imediato com a ideia, promete telefonar assim que souber alguma coisa.

Em casa dos Pais, a Inês grita a plenos pulmões, o Matias está a ficar desesperado e o Edgar continua a tomar o pequeno almoço como se nada fosse.

Mas o que se passa aqui? Isto é uma casa de família, repito e penso, valha-me Deus! Pareço o Pai! e o Matias, muito zangado, explica, a Inês não quer calçar estas sapatilhas, quer levar as cor-de-rosa, mas a Mãe não deixa.

Agora é que não levas mesmo as sapatilhas cor-de rosa, decido, anda comigo, Inês, vamos pentear esse cabelo e calçar as sapatilhas.

A Inês decide não ripostar, segue-me calmamente até à casa de banho e enquanto lhe penteio o cabelo, explico que a Mãe está doente, está no Hospital e ela precisa de a ajudar, não falando alto, obedecendo, ok? insisto.

A minha irmã promete, quer saber quando a Mãe regressa, mas é um ponto de interrogação, verifico o meu telemóvel para ver se há algum SMS do Pai, mas nada.

Na cozinha, os meus irmãos estão muito sérios, o Tadeu esclareceu a situação e o Matias oferece-se para levar a Inês à escola.

Depois, à tarde talvez ela possa ir para casa da Tia Teresa, telefona à Tia ou ao António e combina isso, ok? sugiro e o Matias concorda.

O meu telemóvel toca nesse momento, ficamos todos de respiração suspensa, é o Pai, murmuro e quase desligo a chamada na minha ânsia de atender.

Sim, sim, estamos todos aqui... O quê? Um ataque cardíaco? Mas a Mãe nunca esteve doente do coração, como é que isso é possível? Ok, compreendo, não te preocupes, eu trato das coisas aqui, e o Tadeu toca-me na mão, respira, sussurra.

A Mãe vai ter que ficar internada uns dias, tem que fazer uma série de exames, explico, mas estão optimistas. Para já, vamos seguir com a nossa vida; logo à tarde, falamos melhor.

Porquê? questiona a Inês, mas o Matias arrasta-a para fora da cozinha, vão chegar atrasados, a tua professora não gosta nada disso, comenta.

CONTINUA

Comentários

Quando uma Mãe está internada parece que uma casa fica de paras para o ar!:)
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Procuro as ondas de qualquer olhar
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Beijo e uma tarde feliz!
Elvira Carvalho disse…
Estou a gostar de acompanhar.
Abraço e saúde

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