CAROLINA PARTE III

 

O meu cliente não tem mais que quarenta anos, explica-me que vai começar a trabalhar em sistema misto, tal como o meu irmão Pedro, comento e ele sorri.

Necessito de um escritório, continua e pensei que este seria o melhor local, Está cheio de tralha, terei que a tirar, mas acho que podemos fazer qualquer coisa daqui.

Vejo o local, tem boas dimensões e recebe luz natural por uma janela que posso alargar, sugiro e o cliente concorda.

Vejo que o soalho é de tacos, posso envernizar e ser a continuação da sala, continuo e o senhor acena com a cabeça, é uma boa ideia.

Conversamos um pouco mais, prometo enviar-lhe um plano dentro de dois, três dias, despeço-me e saio para o Sol.

Vejo as horas, ups, tenho que ir para casa, prometi almoçar em casa e hoje só o Edgar almoça comigo.

Fala-me nos novos projectos, conta-me histórias divertidas sobre os colegas e as aulas e eu sinto-me muito relaxada.

Fecho-me no meu escritório, vou trabalhar um pouco, anuncio, tenha cuidado, nada de stress! recomenda a D. Margarida, não se preocupe, diz o Edgar, eu interrompo-a dentro de uma hora!

Rio-me, mas ligo o computador, leio os emails, respondo aos mais importantes e começo a preparar o primeiro croquis.

Estou tão concentrada que nem dou conta do Edgar entrar, assusto-me quando ele fala, já passou uma hora, não é melhor relaxar, ouvir um pouco de música?

Não tens treino hoje? pergunto e o Edgar sorri, vou sair daqui a um bocadinho, só vim ver se estava bem, não queremos que exagere!

Não, tenho que continuar a viver, só que tenho que o fazer doutra maneira, respondo, o meu filho dá-me um beijo e saí para o treino.

Ainda trabalho mais uma hora, decido descer, ir até ao parque, creio que a D. Margarida fica admirada.

Parou de chover, está um vento frio, mas eu estou bem agasalhada e sento-me num banco a desfrutar o momento.

O Matias e a Inês encontram-me ali, viemos de autocarro, conta a Inês, e decidimos cortar pelo parque, remata o irmão.

Vamos a uma corrida? a Inês está cheia de energia, já esqueceu a cena de manhã, eu não, digo, mas vai tu! Espera por nós no portão! grito, porque a minha filha já corre como uma gazela.

Que tal se tem portado na escola? questiono e o Matias encolhe os ombros, a Inês será sempre uma original, mas a professora acha que ela está mais sossegada.

CONTINUA


Comentários

Elvira Carvalho disse…
Gostei de ler. Parece que a Inês amadureceu com a doença da mãe.
Abraço e saúde
As crianças vão mudando com o tempo. E quando é para melhor é bom!:)
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Sentimento fatal...
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Beijo e uma boa tarde!

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