OS MANOS


Gosto de laços e ganchos e de vestidos.

A Mãe tenta vestir-me leggings para estar mais confortável, mas eu faço uma grande cena que põe o Gonçalo a rir.

Vá lá, Sofia, não podes levar um vestido para a creche, diz a Teresa e o António, atraído pelos gritos, entra no quarto.

O que é que se passa? Porque é que ela está aos gritos? pergunta e eu tento explicar-lhe, mas o Pai ri-se.

Deves ter muita razão, Sofia, mas deves ouvir a Mãe e vestir o que ela quer, aconselha e eu tive que obedecer.

Já sei que não é bom estar zangada com o Pai, é tolerante até certo ponto, não suporta abusos.

Por isso, aqui estou sentada no chão, muito infeliz, com uma bola na mão.

A educadora quer que eu pinte o céu, mas limito-me a fazer um traço.

Depois, quer que me sente no chão e cante com os outros meninos, mas eu estou zangada e fico muda.

Passo o dia sozinha, calada e a educadora fica um pouco preocupada, sou muito activa.

Não me parece doente, mas aconteceu alguma coisa que tenha provocado esta falta de interesse? comenta com a Mãe quando esta chega ao fim da tarde.

Não, ri-se a Mãe, a marota queria vestir um vestido e eu achei que ficaria mais confortável com as leggings.

A educadora ri-se também, sim, a Sofia é muito feminina, é uma senhora em ponto pequeno, mas quando a prima está presente, transforma-se.

Ah, sim, concorda a Mãe, a Inês é o comandante em chefe, ninguém está seguro ao pé dela!

CONTINUA

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Desta vez temos os filhos do António. Muito bem. Já estou a acompanhar.
Abraço, saúde e bom domingo
Muito bom :))
*
Há prosas que contam estórias
*
Beijo, e um bom fim de semana.

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