O NOVO NAMORADO - PARTE II


A Beatriz diz-me que a Filipa está de serviço naquele sábado.

De serviço??? repito, o que queres dizer? e a Beatriz explica que os dois irmãos mais velhos revezam-se para tomar conta dos mais novos.

Se saí um à noite, o outro tem que ficar, ou qualquer coisa assim, acrescenta e eu torço o nariz.

Que estranho! Nem pensar deixar de sair para tomar conta da minha irmã, penso, e até estou admirado de me ter levantado cedo e estar aqui a passear casualmente no parque.

Melhor dizendo, a fingir que estou simplesmente a passear no parque e que surpresa encontrar-te aqui, não te lembras de mim? Sou o Jaime, o amigo da Beatriz, na minha mente, a conversa vai ser assim, tenho a certeza.

Vejo primeiro os rapazes, nota-se de imediato as semelhanças com a Filipa, estiveram a andar de bicicleta e estão agora sentados no banco a beber água.

Óptimo, sei alguma coisa sobre isso, sou fã de BTT, decerto que gostam do desporto, posso dar-lhes dicas, vai ser fácil conquistá-los, murmuro convencido.

O que não esperava era ser conquistado pela irmã bebé.

A Filipa está com ela ao colo, a falar-lhe baixinho, a miúda parece ouvi-la atentamente.

Uau, que beleza! a pele parece cetim, os olhos são grandes e pestanudos e ao ouvir a minha voz, brinda-me com um sorriso tal que eu lamento não ser ela a Filipa.

Não é que a Filipa não seja bonita, mas vejo que já está a usar base, sombra nos olhos e um batom.

Olá, quem és tu? e a bebé estende-me os braços, chamo-me Inês, diz a Filipa, e este é? Desculpa-me, esqueci-me do teu nome.

Jaime, sou amigo da Beatriz Novais, sabes quem é? Está na tua aula de Mineralogia, acrescento e a Filipa acena com a cabeça.

Os dois rapazes observam-me atentamente, aproximam-se cautelosamente, olá, sou o Matias, apresenta-se o ruivo, deve ter 11, 12 anos no máximo.

Olá, sou o Edgar, este tem o cabelo preto e os olhos da bebé que lhe estende de imediato os braços.

Anda cá, minhota, oh, Edgar, que ideia chamares-lhe minhoca, repreende a Filipa, mas o irmão nem responde.

Senta a miúda na manta, faz rolar uma bola, mas não tira os olhos de mim. 

Aliás, o Matias continua ali parado ao pé de mim, a tentar descobrir quem sou, o que quero.

Bolas, isto não está a correr como eu pensava! Sinto-me vigiado e isto devia acabar comigo a convidar a Filipa para sair.

Moras aqui perto? quer saber a Filipa, não me lembro de te ver por aqui.

Mudamos há pouco mais de seis meses, para ser sincero, é a primeira vez que venho a este parque, há outro a sul e é mais perto de casa, esclareço.

Nós conhecemos esse parque, intervém o Matias, mas não tem pista para bicicletas nem parque infantil para brincarmos com a Inês e por isso, este é melhor. 

Ok, Matias, vai ter com o Edgar e a Inês. Temos que ir para casa dentro de meia hora, interrompe a Filipa, e quando o irmão se afasta, pede desculpa.

São muito protectores da Inês, ela gostou logo de ti e eles ficaram de pé atrás, esclarece.

Não há problema, eu compreendo, ela é uma beleza, respondo.

CONTINUA



Comentários

Elvira Carvalho disse…
Bom Jaime, uma escada começa-se sempre a subir pelo primeiro degrau, não sabias?
Abraço, saúde e bom fim de semana
E vamos lendo Marta!
Bjins de bom fim
de semana
CatiahoAlc.
Mais um maravilhoso conto!:)
-
A voz que me afaga e endoidece
.
Beijo, e bom fim de semana.

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