A CRECHE - PARTE III

 

" Isto está um nojo!" exclama o Miguel " Oh, Mãe, eu faço uma lista em excel e deita-se isto fora!"

" Que ideia!" protesta a Mãe " Passa isso a limpo, mas devolve-me essas listas. Vou guardá-las; um dia mais tarde, eles vão rir disso."

" Fizeram um grande esforço... Mas só escolheram nomes de rapazes!" observo " Vão ficar muito tristes se for uma rapariga!"

" Lidamos com isso quando chegar a altura!" aconselha a Mãe " Acrescenta também nomes de raparigas, Miguel. Eu gosto de Frederica!"

" Que horror, Mãe!" o Miguel está escandalizado e eu rio.

" É melhor que Antonieta!" digo maliciosa, pois sei que ele está muito interessado numa rapariga da turma dele que tem esse nome.

" Não gosto nada!" o Miguel quase grita e fica muito vermelho.

" Põe esse nome na lista também. Ah, pergunta ao Pai!" comenta a Mãe.

" À Teresa e ao António? E ao Pedro? " sugiro.

A Mãe volta a sorrir e declara:

" E aos avós também! Ganha o nome que tiver mais votos!" levanta-se com alguma dificuldade, está a ficar mais cansada e até optou por trabalhar mais em casa.

Só visita os clientes quando precisa de discutir e alterar algum pormenor no local.

Diz que vai descansar um pouco até à hora do jantar, mas eu e o Miguel ficamos na cozinha a verificar a lista.

" Sérgio? Nem pensar! Recuso-me a ter um irmão com esse nome! " e o meu irmão risca-o da lista do Matias.

" Melhor não! Deixa-o ficar; o Matias escolheu-o e pode perguntar porque é que não está na lista!" insisto.

O Miguel acena com a cabeça, faz um visto nos nomes que gosta e eu tento decifrar os nomes escolhidos pelo Edgar.

" O quê? Bernardino ou Bernardo? O que achas?" e mostro ao Miguel o gatafunho do Edgar.

" Vamos colocar os dois, mas assinalamos o Bernardino como " impossível"!" o meu irmão é radical.

Quando terminamos, há dez nomes que consideramos " impossíveis", dois como " a considerar" e três como " muito bons".

CONTINUA