ANTÓNIO FIM

 

Os dias seguintes são um autêntico pesadelo, a Francisca parece uma zombie, o Gonçalo tenta manter a calma, mas descontrola-se quando fica a sós com o irmão.

O António volta a pensar na Teresa, suspira, ela faz-me muito falta, saberia o que dizer, como consolar o meu irmão, murmura.

O Gonçalo diz ao Pai que deixou mensagem na embaixada, a Mãe já deve ter deixado o ashrama e está quase de certeza num local com acesso à Net, diz.

Mas continua a haver silêncio por parte da Teresa, o António ajuda o irmão e a sobrinha a organizar a herança que a Rita deixou, mas a cunhada foi sempre uma pessoa metódica e pouco têm que fazer.

A muito custo, o Gonçalo convence a filha a voltar ao trabalho, até propõe regressar à empresa para a ajudar, mas só part-time, avisa, e apenas para me certificar que os processos da tua Mãe estão a ser concluídos. 

A Francisca ri-se, tem muitas dúvidas em assumir a gerência, a Mãe treinou-a bem, há sempre aquele ponto de interrogação, compreendes? confessa ao Tio.

Muita querida, é natural que tenhas dúvidas, faz parte da aprendizagem, responde o António, e tens o teu Pai, os teus primos e eu próprio para te ajudar. 

A vida começa a entrar na rotina habitual, a Teresa continua sem dizer nada, o que é estranho, já deve saber, protesta a Sofia, podia dizer alguma coisa, não acham?

Não seria melhor um de nós ir até lá e tentar saber se ela está bem? sugere o Gonçalo, mas o Pai abana a cabeça, a tua Mãe realmente deixou um itinerário, mas uma vez lá, pode ter resolvido alterar!

Mas também ele está a ficar preocupado, a Teresa não os deixaria sem notícias tanto tempo e começa a pensar que a sugestão do filho é viável.

Por onde começar, talvez ir até ao ashrama, eles devem saber para onde ela foi e naquela noite, liga o computador e procura sites de viagens.

Está a comparar preços quando tocam à porta, ele olha para o relógio, quem é a esta hora? murmura intrigado e resolve descer até à porta de entrada do prédio para averiguar.

Fica parado no meio do hall a olhar espantado para a ex-mulher que lhe sorri confiante.

FIM

Comentários

A Nossa Travessa disse…

Martamiga
Sempre disse e escrevi que, com a tua imaginação, arranjavas um final aceitável par esta peça. E arranjaste mesmo. Quiçá eu não concorde, mas cada um (no caso cada uma) sabe de si. Vou, uma vez mais, esta atento, para ver o que sair.
Beijos & requeijão de São Miguel, Açores
Henrique
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NB - Já não me visitas. Porqê?

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