ANTÓNIO PARTE V
Mas a vida continua, a Teresa vai dando notícias, parece feliz, descontraída e o António estabelece uma rotina.
Acaba por passar muito tempo com o irmão, acho que não convivíamos tanto desde adolescentes, confessa e o Gonçalo ri-se.
Continua preocupado com a ex-mulher, pensa que a filha está a esconder alguma coisa, mas não me quer dizer, explica ao António um dia ao jantar.
Não te preocupes, aconselha o irmão, ela dir-te-a quando achar conveniente, e desvia a conversa para a decoração do escritório.
Porque resolveu seguir o conselho da ex-mulher e adaptou o quarto do Gonçalo, fez um pequeno escritório, estarei no escritório presencialmente duas, três vezes por semana, justifica, mas vou desenvolver a maior parte da minha actividade aqui.
O filho acha uma boa ideia, a filha teme que ele se torne um recluso e tem nova discussão com o marido sobre o assunto.
O Dinis começa a ficar farto, nunca está satisfeita, queixa-se ao sogro e o António suspira-se, a Sofia parece mais filha da Laura do que dele.
Aconselha o genro a ter calma, sugere ficar com os netos naquele fim de semana para eles terem uma escapadela romântica.
Mas eles regressam e dizem que decidiram separar-se, custa-me dizer isto, confessa ao irmão, mas às vezes, penso que a Sofia se parece muito com a nossa irmã Laura. Está sempre insatisfeita, tudo é um problema!
Porque não tens uma conversa com ela? sugere o Gonçalo, talvez ela te ouça, mas o António duvida.
Tenta falar com o filho, este encolhe os ombros, a minha irmã é parva, o que é que lhe vamos fazer? responde, não me vou meter nisso!
Que falta me faz a Teresa! pensa enquanto espera pelos netos à porta do jardim infantil, ela sabia sempre como agir, mas a Teresa está num ashrama na Índia e há pouca rede lá.
Telefona à cunhada Rita, talvez esta o possa ajudar, combinam encontrar-se num restaurante ao pé do rio.
Como sempre, a Rita apresenta-se elegante, vistosa, mas, tal como o Gonçalo diz, está magra demais, um pouco envelhecida.
CONTINUA
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