A FESTA FIM

 

Então? O que é que aconteceu? o Gonçalo está preocupado, encontrou-me como que em transe no meio da sala.

Nada, ofereceram-me um emprego, respondo, ainda não assimilei o facto, nem sei se disse que sim!

Quem é que te ofereceu o emprego? Conta tudo, exige o meu irmão impaciente, está sujo, o cabelo cheio de lama, a roupa suada, mas fica ali no meio da sala, à espera.

Sento-me, enviei uma série de CV's para editora, gabinetes de tradução e uma dessas editoras ofereceu-me um lugar de assistente de um dos directores, acho que na parte de recepção e análise de manuscritos.

Mas não era isso que querias??? o Gonçalo quase grita, assusta a Matilde que entra nesse momento, o que é que se passa? questiona a namorado.

A estúpida da minha irmã recebeu uma oferta de trabalho e está em estado de choque, explica o meu irmão apressadamente e a Matilde sorri, é muito bom! Era isso que querias! diz e eu lembro vagamente de ter abordado o assunto com ela durante o almoço em família.

Quando é que começas? insiste o Gonçalo, eu volto à terra dos vivos, ainda acho que sonhei, vão enviar-me um mail com os detalhes e a começar é em Setembro, explico.

Óptimo, vamos celebrar, telefona ao Dinis, decide o meu irmão, ele que venha vestido a preceito, pois vamos até à cidade. Este jantar pagamos nós, esclarece, o próximo é da tua conta!

Regressamos a casa já de madrugada, felizmente, comenta o Gonçalo, hoje estou de folga e eu e o Dinis decidimos tomar o pequeno almoço antes de ir para a cama.

Acordo com o telemóvel a tocar, é a Mãe a dizer que está a caminho, empurro o Dinis para fora da cama, Gonçalo, Gonçalo, os Pais estão a chegar, temos que pôr a casa em ordem!

Felizmente, a casa não está muito suja, a roupa desaparece na Máquina, o Gonçalo liga-a, a Matilde ajuda-me a pôr a cozinha e a sala a brilhar e o Dinis leva o lixo.

Os Pais chegam pouco depois, nós ainda estamos de roupão, ah, noitada? comenta o Pai, pensava que estavas a trabalhar no teu livro, estranha a Mãe.

Ela já o terminou, interrompe o Gonçalo, está nas mãos da editora, mas a novidade escaldante não é essa!

Os Pais olham um para o outro, depois para mim, aguardam que eu fale e eu amaldiçoo o Gonçalo, eles teriam que saber, claro está, mas queria dar a notícia doutra maneira.

Os Pais ficam satisfeitos, eu estou preocupada com o facto de ter enviado o meu livro para outra editora, mas poucos dias passados, recebo um mail muito amável desta a recusar a publicação.

Fico magoada com a rejeição, tanto a Mãe como o Dinis tentam consolar-me, mas eu sinto-me um pouco perdida.

Tento concentrar-me no novo emprego, regresso mais cedo à cidade, convocam-me para uma reunião preliminar, conheço o meu chefe, explicam as minhas funções.

Mas eu sinto-me estranha, há qualquer coisa de errado com o meu corpo, com o meu humor, a Mãe marca-me uma consulta.

Quase caio da cadeira quando me dizem que estou grávida.

Como é que isso aconteceu? E logo agora que vou começar um novo emprego.

FIM



Comentários

Escrever estórias não é fácil. Deixo o meu elogio.
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Abraço virtual de amizade
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Elvira Carvalho disse…
Como é que terá acontecido? Ai esta juventude! Gostei de mais esta história e fico à espera da continuação.
Um abraço e saúde
Ora bolas... Não é nada agradável a recusa de editar o livro. Mas pior é a gravidez, logo agora que ela arranjou um emprego! (como diz a Elvira, quero continuação) :-)
Mais uma bonita estória. Obrigada...

Uma excelente semana. Beijos

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