A PROPOSTA

 

O Gonçalo sente que está numa encruzilhada.

A proposta é deveras aliciante, mas ele receia o que a Rita poderá dizer.

Afinal, explica ao António, eles construíram a empresa do zero, são um ponto de referência, graças, em parte aos contactos que a Rita tinha.

Mais uma razão para discutires o assunto com ela, aconselha o António, ela até pode estar receptiva, pode até considerar integrar-se nessa empresa, se a deixarem ocupar o lugar de Directora, por exemplo.

Tens que falar com ela, estudarem a proposta juntos e reunirem-se com os responsáveis quando tiverem uma ideia muito clara do que querem fazer, repete o irmão e o Gonçalo suspira.

Se esperares muito tempo, continua o António, ela pode acusar-se de a estares a trair e não deixa de ter uma certa razão.

Nessa noite, depois do jantar, o Gonçalo coloca a proposta em cima da mesa e explica à Rita o que se está a passar.

Acho que é uma proposta aliciante, tens que a ler cuidadosamente e depois decidimos o que fazer, concluí.

A Rita folheia o dossier e pergunta-lhe, há quanto tempo sabes disto? Quem te contactou? Como?

O Gonçalo diz que conheceu um dos responsáveis num seminário, o grupo está interessado em expandir-se e procura um parceiro que conheça o mercado.

E garantias? Sim, porque não desenvolvi todo este trabalho para me "arrumarem" na prateleira, responde a Rita zangada, ou nem falaram nisso?

Calma, eu disse-lhes que tinha que falar com a minha sócia e que os contactaríamos depois, esclarece o companheiro, só que eles precipitaram-se e enviaram a proposta antes de eu falar contigo.

Vá lá, Rita, pede o Gonçalo, lê a proposta, podemos refutar alguns dos pontos, proteger os nossos interesses de alguma maneira.

Podes crer que o farei, observa a Rita, vou analisar esta proposta ponto por ponto, falo com o nosso advogado, mas estou muito desiludida contigo.

Isto diz respeito aos dois e não mo devias ter escondido e a Rita saí da cozinha furiosa com o dossier na mão.

O Gonçalo ouve a porta do estúdio a bater com força e volta a suspirar.

O António tinha razão, diz baixinho, portei-me como um idiota. Devia ter contado tudo quando regressei do seminário, talvez ela reagisse doutra maneira.

CONTINUA

Comentários

Está aqui um bom começo!! :))
~~
uero sentir que pertenço à liberdade.
-
Beijo e um dia feliz!
Elvira Carvalho disse…
Li este episódio ontem embora não me fosse possível comentar.
Abraço e saúde

Mensagens populares deste blogue

ABSURDA

A ENTREVISTA - FIM

A ENTREVISTA PARTE III