A NOVA CASA

 

O Inspector Bernardes começa a pensar que foi um erro divorciar-se da Madalena.

Os primeiros anos da carreira foram duros e a Madalena suportou as mudanças sem um queixume.

Compreendia os humores dele, organizava a casa, os miúdos e estava sempre disposta a escutá-lo.

A Juliana é uma mulher de carreira, competente, mas ambiciosa e o Bernardes suspeita que não tem lugar na vida e nos objectivos que ela definiu.

Sente que ela se está a afastar e ele não está a fazer nada para contrariar isso.

" Foi uma ilusão!" confessa ao colega Brites.

" Sempre achei um disparate divorciares-te da Madalena; não é que a Inspectora Juliana não compreenda as exigências da profissão, até sabe melhor que a Madalena, mas ela proporcionava-te um ambiente familiar, confortável.... Não chegavas a uma casa vazia e fria!" observa o Brites.

" Tu também estás divorciado e vives com o teu irmão!" ri-se o Bernardes, mas o Brites abana a cabeça.

" Mas a casa raramente está vazia ou fria. A minha Mãe passa por lá de vez em quando e a porteira faz-nos as compras, o jantar... Isto sem falar nas namoradas do meu irmão!" diz o amigo.

O Bernardes fica pensativo uns minutos e acaba por concordar com o amigo.

A casa dele está realmente vazia e fria; ainda não a mobilou por completo, só o quarto da Clarinha.

O frigorífico está vazio, toma as refeições fora e deixa a roupa na lavandaria.

Nem contratou ninguém para fazer a limpeza do apartamento.

Por isso, quando chega ao escritório, faz uma lista de tarefas.

Talvez telefone à Matilde e ela queira ir com ele comprar móveis e afins.

A Matilde fica surpreendida com o convite e claro que sim, vai adorar a expedição. Tem alguma ideia do que quer comprar? Moderno, rústico, antigo?

O Pai ri-se e diz que a palavra chave é simplicidade.

CONTINUA




Comentários

Elvira Carvalho disse…
às vezes os homens estragam a vida por causa de uma ilusão. Enfim vamos ver o que aí vem de novo.
Abraço, saúde e bom fim de semana

Mensagens populares deste blogue

ABSURDA

A ENTREVISTA - FIM

A ENTREVISTA PARTE III