A PERSPECTIVA - FIM


A Laura aceita mal a relação do irmão com a Teresa e insiste que ela o vai destruir, como a Graça, vais ver, diz-me.

Fico furioso, a Teresa é incapaz de magoar os outros deliberadamente, friso, mas a Laura não quer ouvir.

Dou por mim a sair de casa, a dar voltas ao quarteirão de carro e acabo por parar à porta da casa dos meus Pais.

Ficam surpreendidos por me verem, percebem que estou agitado e aconselham-me a dormir, vais ver que amanhã, a perspectiva da situação é diferente, repetem.

Acordo tarde e mal disposto, a Mãe diz que já telefonou para a empresa a avisar que tive um problema pessoal e não vou trabalhar.

Ouvem atentamente o que tenho para dizer, concordam que a atitude da Laura é disparatada, devia estar contente por ver o irmão feliz, acrescentam.

O que devo fazer? Isso és tu quem decide, afirmam e eu resolvo voltar para casa, conversar uma vez mais com a Laura.

O Gonçalo está lá, o António deve estar a chegar, estamos a reunir o Gabinete da Crise, brinca.

Mas a Laura não aceita os argumentos, a certa altura, o António desiste e vai-se embora e o Gonçalo confessa que não sabe o que dizer, rematando com um " és impossível de aturar!"

Ficamos os dois sozinhos no meio da sala, já não há mais a dizer, acho que a Laura não está a perceber a situação complicada que está a criar.

Para todos, explico, preciso de pensar, acho que vou ficar uns dias em casa dos meus Pais.

A Laura não diz nada e isso enfurece-me ainda mais.

Faço uma mala, volto depois para buscar mais coisas e saio, sem que a Laura diga uma palavra.

" A tua irmã é teimosa!" e o António serve-me uma bebida. 

Decidi não ir para casa dos meus Pais e o meu cunhado cede-me o quarto de hóspedes.

" O que vais fazer? " pergunta e eu encolho os ombros.

" Espero que a Laura veja a luz, compreenda como está a ser irracional, infantil... Não aceito ultimatos, não me vou afastar da Teresa... " admito.

" Nem eu!" repete o António.

Engraçado pensar que a vida tão organizada que eu tinha tenha ficado num caos por causa de uma idiotice, murmuro.

O que é que a Laura estará a pensar? Provavelmente, nada.


FIM

Comentários

Elvira Carvalho disse…
Acabei de pôr a leitura em dia.
Muita paciência teve o Pedro. Ninguém merece uma mulher assim. Vamos ver se a solidão lhe abre o coração e a faz crescer. Aguardo o que se segue.
Abraço e bom fim de semana
Bom dia:- Pobre Laura pouco vales. Aturar essa mulher é dose...igual ou pior que o afastamento social
.
Cumprimentos
Essa Laura foi um osso duro de roer! Lool
Muito bem :)

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Bom fim de semana
Beijinhos
Sofá Amarelo disse…
Que excelente perspectiva. Empolgante, bem escrita e descrita, narrativa perfeita e diálogos elucidativos. Mais um grande conto. Muitos parabéns.

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