A HISTÓRIA DO MAJOR - FIM


Entre os passeios, a procura de Mapas antigos, o desenho e as sessões no Clube, posso dizer que estou feliz...

Feliz, não... contente...

Tenho pena que a relação com os meus filhos continue a ser distante, um pouco hostil, lamento que não tenham em mim a confiança que o Bernardo demonstra.

Tento chegar sempre um quarto de hora mais cedo para conversarmos, o rapaz é inteligente, criativo e adora debates.

Às vezes, só participo para o desafiar e fico surpreendido como defende as opiniões.

Os outros acham piada à nossa relação e mantém-se um pouco afastados.

Gostaria de conversar mais com a Rita, mas ela está num outro Mundo.

Está diferente, ri mais e surpreende-nos a todos com a ideia do jantar.

Até me divirto no jantar, o Bernardo e os sobrinhos da Rita sentam-se ao pé e a conversa gira em torno de livros, novas tecnologias e os meus mapas.

É a Rita quem dá por finda a noite.

O António oferece-lhe boleia, mas ela recusa educadamente, já combinei tudo com um amigo.

Está escuro, não conseguimos ver quem é, mas os miúdos conhecem-no, ouvimos risos.

E, ficamos os três tristes, eu, o António e o Nicolau, parados no passeio, sem saber o que pensar ou dizer.

O António respira fundo, convida o Nicolau para uma última bebida, mas eu não estou com paciência.

Vou para casa e nem acendo as luzes.

Fico no escuro a pensar que perdi novamente a mulher da minha vida.

Mas a verdade é que a Rita foi apenas um sonho....

FIM

Comentários

Sofá Amarelo disse…
Mais uma história de grande qualidade de argumento e de escrita. Uma escrita elegante, escorreita, sem pontos mortos, com diálogos fenomenais... muitos parabéns.
Elvira Carvalho disse…
Mais uma história que adorei.
Abraço

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