A FUGA PARTE II

 

Os dias passam, não há notícias da Laura e os meus filhos têm que regressar à cidade.

Já participamos à Polícia, avisam, contra a vontade do médico, acrescenta o Gonçalo, como ele diz, a Laura está a gozar umas férias!

Sem dizer nada a ninguém? interrompe o António, desculpa, mas não posso aceitar! Está a ser extremamente egoísta!

Basta! intervenho, a atitude da Laura é deplorável, esperamos que seja, como diz o Gonçalo, apenas umas boas férias! Mas mesmo em férias, as pessoas dão notícias!

Os meus filhos despedem-se, o Miguel deixa-me sozinha na sala, há assuntos a tratar, tem que ajudar o gerente, explica, estou mais ou menos a par de tudo, mas não tenho as respostas todas.

O telefone toca, acordo sobressaltada, dormitei e estou um pouco dorida, mas estendo a mão e levanto o auscultador.

Quem fala? pergunta a Laura, Miguel? não, não é o Miguel, sou eu, respondo, onde é que tu estás, Laura? O que é que andas a fazer?

Nada demais, a voz da minha filha não esconde a surpresa, não esperava que fosse eu a atender, sou um ser " invisível".

Alguma coisa é, comento, não dás notícias há vários dias, os teus irmãos estiveram cá e a Polícia está avisada.

A Polícia??? repete a Laura, mas o António e o Gonçalo estão parvos???? Que ideia mais estúpida!

Vamos a ter calma, Laura, exclamo, sabes muito bem que não é a primeira vez que isto acontece... desapareces no ar, não avisas ninguém, o telemóvel fica esquecido algures....e depois, ficas fechada numa clínica meses a fio. Mas não desta vez, pois sei muito bem que estás lúcida!

Oh, Mãe, a minha filha parece chocada, que disparates são esses?

Não são disparates, é a pura verdade, o Miguel entra nesse momento na sala, quem é? pergunta baixinho, o teu filho está aqui, entende-te com ele! Mas espero que regresses até ao fim de semana!

Estendo o auscultador ao meu neto, que parece estar completamente baralhado e volto a encostar-me.

Fecho os olhos, a conversa entre Mãe e filho parece atingir um certo grau de agressividade e quando desliga, o Miguel fica em silêncio uns minutos.

Respira fundo, a Mãe regressa no fim de semana, comenta, vou pedir um chá, ok?

CONTINUA


Comentários

Verena disse…
Tomara Laura volte para casa bem, Marta
Estarei aqui para ler a continuação.
Um carinhoso abraço.
Verena.
É complicado para a família estar sem noticias. Claramente que a obrigação é informar a policia. Porém, a Laura dá noticias e não gosta do que ouve da mãe. Ao filho não sabemos o que disse. Bem, vamos esperar por amanhã!
-
Entre os muros, a solidão, e o desejo
.
Beijos, e uma boa noite!
stella disse…
Seguro que volveré a ver la continuación del relato, sabes dotar tus palabras abriendo inquietud y curiosidad en el lector
Un abrazo amiga

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