O CASO PARTE IV

 

Quinze minutos mais tarde, o telefone interno toca, é da portaria, o Pai está aqui, pode descer se faz o favor? pedem e eu nem espero pelo elevador.

O Pai está na recepção, mãos cruzadas atrás das costas, um ar muito sério, mas os olhos a brilharem e quase me arranca a " pen" das mãos, nem uma palavra sobre isto! avisa-me e despede-se com um beijo na testa.

Fico o resto do dia a matutar nas informações que a " pen " poderá ter, será que tenho razão e o Meireles está a trabalhar infiltrado numa rede de jogo clandestino, de lavagem de dinheiro, de tráfico sexual, considero tudo.

Saio tarde, tenho luz verde para ter a manhã de folga e suspiro aliviada, concluí com sucesso o projecto, mereço celebrar.

Nem me lembro do Armando que ocupa o lugar favorito, encostado ao carro em frente à porta do prédio e ao ver-me, interpela-me de imediato.

Maria Clara, temos que conversar, diz, quero uma explicação, oh, pá, mas tu não sabes o que é um não??? interrompo, vê se cresces!!!

És doida, Maria Clara e tenho que ensinar boas maneiras, ameaça e avança para mim, com a mão estendida.

Afasto-me rapidamente, o Armando tropeça e quase caí, ah, bandida, tenho mesmo que te ensinar boas maneiras!!! Pensas que sabes tudo lá por seres filha de um polícia? repete.

Um polícia que me ensinou o que é o respeito por mim e pelos outros, defender os meus direitos e dos outros, respondo muito séria e o Armando fecha o punho, dá um murro que fica no ar, pois alguém lhe prende a mão.

O que é que se passa aqui? pergunta o meu irmão Gustavo, muito sério, não ouviste o que a Maria Clara disse?

O Armando fica pálido, o Gustavo ainda não lhe largou a mão e só então é que vejo que a Mãe está presente a observar a cena muito séria.

O meu ex-amigo, namorado balbucia uma desculpa, entra no carro e arranca.

Queres explicar o que se passa? questionam, encolho os ombros, é uma criança! disse-lhe que não e acha que se me intimidar, eu volto atrás na decisão que tomei, explico e dou-lhe uma versão resumida dos acontecimentos.

A Mãe suspira, concordo contigo! Ele não é uma boa pessoa, mas o pior é que pode encontrar alguém submisso e que o deixe controlar as situações, atalha.

O Pai já telefonou? desvio a conversa e conto-lhe o que se passou naquela manhã, os dois ficam boquiabertos.

Eu sabia que o Meireles não era corrupto! repete a Mãe, são provas do que está a investigar!

Mas o quê é o que todos queremos saber.

CONTINUA

Comentários

Admiro e muito quem tem o talento, inspiração, criatividade, para escritor estórias seja de que género for. Deixo aqui o meu mais fervoroso elogio.
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Cumprimentos cordiais … um dia feliz
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Pensamentos e Devaneios Poéticos
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Elvira Carvalho disse…
Pois, eu também Clarinha.
Abraço e saúde
Vamos ver o que andará a investigar??
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Beijinhos. Boa noite.

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