O ALOJAMENTO LOCAL FIM

 

O almoço é uma mistura de estilos, gourmet e vegetariano e o Gonçalo explica-me que a cunhada tem lojas de produtos alimentares biológicos e uma pequena empresa de catering.

Lembro-me então do Inspector Bernardes contar que a mulher recomeçou a trabalhar, exactamente naquela área e tenho quase a certeza de que é com a Teresa, uma mulher roliça e exuberante, que a Madalena trabalha.

A Célia e a Teresa tornam-se logo amigas, apresentam-me ao famoso Gonçalo e à Sofia, uma rapariga muito pálida, muito elegante que me sorri delicadamente.

Diz-se escritora, está a fazer pesquisa para um conto policial, pode responder a algumas perguntas? e eu acho piada, porque não?

As perguntas são pertinentes, fico admirado com os conhecimentos, ela fez um bom trabalho de casa e elogio-a.

A Sofia fica muito vermelha, volta a sorrir e agradece-me. Fecha o bloco, pergunta-me se preciso de uma outra bebida e quando declino, afasta-se.

O António e o Gonçalo reclamam a minha atenção, discute-se política, alimentação saudável, desportos radicais num ambiente divertido, descontraído.

É a Célia quem interrompe a conversa, tem que regressar, só trabalha no dia seguinte à tarde, mas tem coisas para preparar antes de se apresentar ao serviço.

Despeço-me também, prometo à Célia telefonar-lhe assim que tiver notícias do Departamento Central e ela parte.

Estou um pouco preocupado, as coisas entre ela e o Gonçalo estão a avançar depressa demais, mas não vou dizer mais nada.

Continuo sem receber notícias do Departamento Central, o mês está a chegar ao fim, não sei exactamente o que fazer.

O Gonçalo diz que posso ficar em casa dele, mas eu preciso de mudar de ares, estou inquieto, quero trabalhar.

No último dia, o email aparece, tenho que me apresentar na sede no dia seguinte às três da tarde para uma reunião com o Comando Central.

Respiro fundo, o Gonçalo que aparece para se despedir aconselha-me a ter calma, dá-me a chave do estúdio que aluga na cidade.

Não quero aceitar, mas o Gonçalo insiste, não vais ficar num hotel, devolve-me a chave por correio quando não precisares, só devo ir à cidade no próximo mês e ainda não tenho a certeza.

Chego mais cedo, nunca na vida estive tão nervoso e só espero que não decidam enviar-me novamente para aquela esquadra.

Será extremamente difícil que as pessoas confiem novamente em mim... mas fiz o que tinha que ser feito.

FIM 



Comentários

Mais um fabuloso conto. Adorei cada episódio. Espero que o Meireles não seja colocado na mesmo esquadra!:)
.
Quando um olhar se sente perdido.

Beijos. Votos de uma boa noite
Elvira Carvalho disse…
Muito bom. E agora se bem conheço a Marta vem por aí uma história com um dos mais novos e ficamos sem saber o que vai acontecer com o simpático Meireles.
Abraço e saúde

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