A QUESTÃO

 

A questão que se coloca, começo e o meu irmão Luís desata a rir, vais fazer um discurso para estes bebés? aponta para os nossos primos que me olham com estranheza.

Têm que se habituar, respondo, afinal, fazem parte da família e tens que concordar que somos uma família de doidos!!!

Não sei porquê, replica o Luís, só se for porque a Inês é uma original, tanto está a escrever livros infantis, como a actuar numa peça.

O Gustavo olha-nos curioso, a irmã e a Maria Henrique não se interessam pela conversa, parecem estar a comparar notas sobre os vestidos.

O vestido da Gabriela é azul claro, provavelmente para contrastar com as jardineiras azuis escuras do Gustavo, mas a Maria Henrique parece um "pudim flan", segreda o Luís à Mãe que lhe aperta o braço, não dizes isso alto! pede.

Oh, Mãe, tem que concordar que aquele vestido é exagerado! Não é nada prático! protesto e a Dra Filipa morde os lábios.

Ok, talvez seja um exagera, a Matilde quis assinalar o aniversário da filha com pompa e circunstância! E, foi infeliz na escolha!!! concorda, mas eu não disse nada disto!

Afasta-se, certa de que não vamos falar, mas toda a gente está a comentar o facto discretamente e eu tomo nota no meu caderno.

Ainda não percebi porque é que estás sempre a escrever, declara o Luís e estende a mão para o caderno.

Dou-lhe uma palmada na mão, isto é meu e não tens nada que ler, exclamo, o que enfurece mais o Luís que me dá um soco nas costelas.

Mesmo assim, não largo o caderno e só não lutamos ali, porque o tio Miguel se apercebe da situação e empurra-nos para fora da sala.

Que loucura é esta? Porque é que vocês estão sempre a lutar? questiona, que isto não volte a acontecer, estamos numa festa, é uma celebração! Tenho que falar com a vossa Mãe, vocês estão a ficar uns selvagens.

Não dizemos nada, eu guardo o caderno no bolso das calças e o Luís encosta-se à parede, o Miguel parece doido, até era um tio catita, mas agora está parvo! declara.

Não sou tão radical, o Miguel sempre foi um tio muito sério, muito exigente, nada de se sentar no chão connosco e jogar.

CONTINUA

Comentários

stella disse…
Mientras te leía Martha, me he sentido parte de ese coloquio familiarm me ha gustado mucho amiga, tienes algo especial que a mi al menos me haces partidipe de tus relatos
Un abrazo
A Nossa Travessa disse…
Martamiga
Não consegues parar de escrever. A questão é a... questão. Para o começo a coisa safa-se, mas é preciso ver como te desenrascas com o andar da carruagem. Espero que bem, pois assim nos habituaste. Logo, até à próxima.
Beijo💕💕💕s & queijos alentejanos
Henrique
Gostei deste episodio!!
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Coisas de uma Vida || Por cá...
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Beijos. Bom Domingo.

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