A ENDIABRADA PARTE IV

 

Hesito ao ver a cara angustiada do meu sobrinho, o Luís faz beicinho e eu atiro o guião para cima do sofá.

Ok, vamos ver o que escrevi até ao momento, decido, e depois vê-se.

Os miúdos ficam entusiasmados, passamos o resto de tarde a discutir os eventos e só terminamos quando o Matias chega para jantar.

Tudo bem, explica, não há problema em ajudar a Inês a escrever a história, mas agora é hora de tomar um banho, jantar e ir para a cama.

Os miúdos ficam desanimados, mas obedecem e eu volto a sentar-me, estou exausta, confesso, ainda não posso andar por aí ao sabor do vento!

Talvez seja ainda cedo para participares na peça, comenta a Mãe e o Matias olha-me surpreendido, então, estás de volta às lides da representação?

É o que eu faço, repito, entusiasmei-me um pouco com a ideia de escrever um livro infantil, porque estava aborrecida...

Pois, mas pediste a ajuda dos teus sobrinhos, interrompe a Mãe, agora tens que ir até ao fim...

É interessante ter dois projectos activos, declaro e a Mãe e a D.Margarida riem-se, mas tem cuidado que ainda estás a recuperar....pedem.

De uma perna partida!!!! e todos voltam a rir.

Felizmente para mim, o Matias tem planos para os filhos no dia seguinte, posso ler em paz a peça, fazer as anotações que acho necessárias para discutir depois com o encenador.

A Mãe resolve ler a história, quero ver o que é que vocês estão a aprontar, coisa boa não é, exclama, mas está a ler com tanta atenção que até fico preocupada.

Então? pergunto numa pausa, estou com sede, preciso de beber um sumo de laranja e a Mãe olha-me.

Está francamente bom, diz e eu fico tão surpreendida que me esqueço que tenho sede.

CONTINUA